Divulgação de relatório internacional do CPJ mostra que jornalismo brasileiro ainda é livre. Para publicar qualquer besteira.
Um exposé involuntário da imprensa brasileira pelo Roteiro de Cinema
Publicado originalmente em 16/02/2011 às 11h05, revisado em 21/02/11 às 21h30
Brasil bate recorde mundial de notícias falsas não corrigidas por falta de senso de Justiça. |
Porém, mesmo sem ter acesso direto por hyperlink à fonte que os jornalistas dizem supostamente se basear, fazendo uma pesquisa rápida, um “fact-check” de rotina, facilmente se descobre que o “fato” noticiado pelos três veículos – e por mais de cinqüenta outros veículos que foram na onda dos três – não é verdadeiro.
UPDATE: Depois de ler as informações publicadas aqui e conversar comigo pelo telefone na tarde do dia 16, o jornalista responsável pela matéria Gabriel Manzano, corrigiu parcialmente a informação equivocada do Estadão.
UPDATE 2: O jornalismo brazuca online, do “gillette press”, do “ctrl C + ctrl V”, das “matérias kibadas”, foi todo na onda do Manzano e do Lauría, e veículos publicando fatos não verdadeiros sobre “notícias censuradas no google” já se pode contar às dezenas, no mínimo 59, incluindo G1, UOL, Zero Hora, O Estado de Minas, R7, Paraná Online, Gazeta do Povo - clientes da Agência Estado – além de Portal Imprensa, Coletiva Net, Folha de Ibitinga, Rio News, Comunique-se, D24Am, Correio do Estado, entre outras.
A informação reportada é supostamente baseada em relatório elaborado pelo argentino Carlos Lauría, do Committee to Protect Journalists – que não fala em 398 “matérias jornalísticas”, e sim “conteúdos online” – informação que por sua vez é baseada em relatório público do próprio Google, já conhecido pela blogosfera brasileira há algum tempo, e que pode ser facilmente acessado e “linkado” pela URL:
Pois bem, abaixo está o screenshot do relatório. Segundo os dados publicados pelo Google nenhuma “notícia” ou “matéria jornalística” foi censurada ou retirada do site (Google News = 0), o número expressivo de 398 pedidos de remoção de conteúdo dos servidores Google é formado por páginas do Orkut (99 pedidos de remoção por ordens judiciais e 220 extra judiciais, num total de 319), vídeos do Youtube (47 pedidos no total), fotos do Picasa (1 pedido), etc.
Alerta o FAQ do Google Transparency:
- In the first six months of 2010, more than 50% of the 398 government removal requests related to orkut. In the last half of 2009, the majority of the Brazilian requests (and Indian, where orkut is also popular) for removal of content from orkut related to alleged impersonation or defamation.
- However, somewhat atypically for Brazil, in a non-orkut-related lawsuit in the first half of 2010, one court ordered removal of more than 18,000 photos from Picasa. The lawsuit alleged that the photos contained images of pages from copyrighted books.
O dado real é que o Brasil é campeão de pedidos de remoções de conteúdos ilegais e abusivos do Orkut, o resto é fantasia paranóica e mau jornalismo.
UPDATE 4: Um dia depois da publicação desta matéria, a Agência Estado enviou nota de correção para seus clientes online. Dois dias depois da publicação desta matéria, alguns veículos corrigiram a informação e outros seguem com a informação falsa.
AFTERMATH: Atualizado às 21h30 de 21 de fevereiro de 2011.
Mesmo assim, o texto do Estadão ainda falha, afirmando que: “Não se trata, necessariamente, de material jornalístico: muitos se referem a conteúdos abusivos ou ilegais“. Bem, a tabela mostra que NENHUM material se trata de material jornalístico, e se a opinião do Google ou do judiciário valem de algo, TODOS materiais se tratam de conteúdos ilegais ou abusivos”.
E por fim, em sua conta no Twitter, o Estadão publica uma ERRATA que diz: “ERRATA: Google removeu 270 páginas do Brasil e não 398 conforme havíamos publicado: http://migre.me/3Tj0p“. Hilário. O grave erro do Estadão, que foi disseminado para toda a imprensa, não é o erro numérico, e sim ter tratado como “matérias jornalísticas” o que era na verdade conteúdos pessoais de sites administrados pelo Google: Orkut, Picasa e Youtube entre outros.
VEJA mudou o texto online mas não publicou nota de esclarecimento sobre o erro anterior, numa postura antiética e desrespeitosa com as centenas de pessoas que reproduziram as informações falsas nas redes socias, confiando na credibilidade do periódico. Por ironia, ficam marcados na URL da matéria o título e gravata sensacionalista: (brasil-mantem-tradicao-de-controle-de-opiniao-e-e-recordista-de-noticias-censuradas-no-google). A Veja não publicou errata no Twitter.
RICARDO SETTI, colunista da Veja, que escreveu um artigo sobre a “espantosa revelação de que o Google foi obrigado a retirar do ar 398 textos jornalísticos apenas na primeira metade de 2010, por ordem judicial”, simplesmente apagou o artigo e fingiu que nada aconteceu. Mas a existência da coluna ficou registrada em matéria de Sergio Duran para o Knight Center, no cache do google, no arquivo do Twitter do jornalista, e em captura de tela. Um comentarista do blog tentou alertar Setti: “pelo que entendi, pode ser que esteja errado, foram 398 “solicitações” ao Google para retirada de conteúdo.” Setti, com toda a certeza do mundo respondeu: “Não foram solicitações, caro Stocker, foram determinações judiciais“. Para outro comentariasta, afirmou que “quando existe algum tipo de censura à liberdade de informar, ela provém da Justiça.” Às vezes, pelo visto, ela vem do próprio colunista, que numa autocensura, apaga textos sem informar seu público de que passou uma informação errada. Capturas dos comentários. Update: Através de comentário em seu blog, Setti respondeu: “Retirei do ar uma informação que poderia estar errada, ou imprecisa, Fernando. E estou tentando apurar o que de fato sucedeu.” Ricardo Setti apurou, e com muita dignidade admitiu o erro e publicou esclarecimento em seu blog e em seu Twitter, inclusive citando informações do Roteiro de Cinema e provendo um link para cá. Parabéns, Ricardo Setti, para quem a correção “não é mais do que a obrigação de quem tem esse ‘munus’ público“.
RICARDO SETTI foi o primeiro jornalista que admitiu publicamente estar errado no episódio e que se corrigiu com eficiência, pois Gabriel Manzana, apesar de ter publicado errata, ela continua errada como já foi explicado, principalmente na versão impressa do jornal. A eficiência de Setti é simples: é o único texto sobre este escandaloso assunto dentre milhares de textos - além desse, claro - que coloca um link para a fonte original do google e permite que o leitor possa conferir os dados ele mesmo.
EXAME talvez seja o caso mais curioso, coloca um aviso de errata: “A notícia original publicada pela Agência Estado estava errada, e foi corrigida hoje (quinta-feira), às 14h27″, corrige o corpo da matéria “Não são se trata, necessariamente, de material jornalístico”, mas não corrije a gravata, que continua informando no começo da página: “Para se ter uma ideia, o Google foi obrigado por autoridades brasileiras a tirar do ar 398 textos jornalísticos apenas na primeira metade do ano passado”, gerando um conflito lógico dentro da própria notícia. Vale frisar que a matéria foi alterada dia 18, sexta, a data e o horário citados correspondem ao envio de correção pela Agência Estado. Exame não publicou errata no Twitter
Dentro da EXAME, o blog do Blog do Instituto Millenium continua com uma matéria com fatos não verdeiros sem correção há dias, citando a Veja como fonte.
REINALDO AZEVEDO ainda não corrigiu a informação falsa, e Reinaldo não aprovou meu comentário que desmente a matéria publicada. Update: Meu comentário não foi aprovado, talvez por conter link, o que é contra a política da Veja. Muitos comentaristas alertaram para o erro e muitos ainda xingam alguém de “petralha”.
O PORTAL IMPRENSA ficou com sua matéria cinco dias no ar, mesmo sabendo do erro, pois um funcionário me contou pelo telefone sexta, 18, que eles sabiam que a matéria estava errada, mas que não “tiveram tempo” de corrigir. Depois de conversar com um funcionário do Portal, dia 21 de tarde, que me garantiu que a publicação tinha política definida de correção de informações, e de enviar um e-mail com link desta matéria para o Diretor Editorial Rodrigo Manzano, o Portal tirou a matéria do ar – a original pode ser vista no cache do google, ou em captura de tela – e publicou uma nova matéria com a correção. Parece que a política de correção é essa. É uma política errada, no meu ponto de vista, pois uma correção no mesmo link original desmente as as fontes conectadas, ajudando a esclarecer a verdade. E neste caso específico, muitos pensaram que página removida é culpa da tal censura. Aliás, já pensaram. Vale notar também que a matéria – seguindo o padrão de 16 de fevereiro do Estadão – continua com informações equivocadas.
O D24AM, do Amazonas, publicou correção dia 18, dois dias depois do erro, mas a exemplo do G1, também mantém a página com informação equivocada sem aviso que as informações publicadas ali estão erradas. A página com informações equivocadas ainda é usada como fonte para pessoas passarem a informação para frente no Twiter, como esse tweet de 22/11.
A GAZETA DO POVO, em outro exemplo bizarro, corrigiu o texto da matéria mas deixou o título original “Brasil bate recorde de notícias censuradas no Google” e não informou sobre erro anterior. Update: depois de serem alertados por mim, a editoria de tecnologia assumiu o erro, consertou o título e publicou nota sobre erro publicado anteriormente. Porém, não respondeu minha pergunta se o veículo tem política definida – com regras escritas – de correção de informações erradas.
O BLOG DO NOBLAT, no GLOBO, fez confusão e publicou que “Brasil bateu recorde de notícias retiradas do Google na campanha eleitoral” e também citou o meme “Google foi obrigado, por autoridades brasileiras, a retirar de seus servidores 398 matérias”. O post continua no ar sem correção. O RIO NEWS publicou link para a matéria do Roteiro de Cinema no Twitter.
O portar BRinforme, que diz ter como “princípio básico a qualidade e confiabilidade de suas informações”, publicou a notícia de censura aos textos jornalísticos e até agora não corrigiu.
Até a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO não se deu ao trabalho de investigar o fato e reproduziu a matéria equivocada do Estadão. Guilherme Alpendre, da Abraji, sabe do erro, pois falamos por telefone e trocamos e-mails. Update: Na tarde do dia 21, cinco dias depois de publicada, a Abraji mudou o texto para versão mais atualizada do Estadão, inclusive com a nota esclarecendo que as informações publicadas anteriormente ali estava erradas.
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA publicou notícia toda truncada e desinformada sobre o assunto, falando em “censura” e que “270 links foram removidos com base em ações judiciais” que segundo “levantamento do CPJ mostra que a maioria dos pedidos foi feita por meio de ações judiciais, solicitadas por empresários, políticos e funcionários públicos”.
Em outro claro exemplo que parte da imprensa brasileira tem dificuldades de interpretação de texto, a ÉPOCA em sua coluna Filtro elegeu como a quarta mais importante notícia de 16 de fevereiro a notícia do Estadão que “Brasil bate recorde de notícias censuradas no Google. Pesquisa realizada pelo Centro Knight para o Jornalismo, do Texas, Estados Unidos, concluiu que apenas na primeira metade do ano passado o Google foi obrigado, por autoridades brasileiras, a retirar de seus servidores 398 matérias.”
E no dia 18 de manhã o jornal argentino Clarín caiu no conto do Estadão e do Lauría e publica matéria desinformada sobre o assunto. Brasil fue campeón mundial de la censura en Google. O mais engraçado – ou triste – é o jeito que a matéria começa: “De acuerdo con una investigación…“. Seguindo telefone sem fio, o Impre.com publica que “Brasil fue campeón en 2010 en censura en Google de diversos artículos de opinión e investigación“. Mito se disseminado pela imprensa anglofônica em 3, 2, 1…
É fato que existem muitas ações na justiça brasileira por conta de conteúdos jornalísticos online ou não, mas para afirmar que a situação no Brasil é diferente ou maior que em outros países ainda precisa de um estudo sério. Lembro que o Estado de São Paulo alega estar há mais de 570 dias sob censura, mas o fato é que o autor já desistiu da ação há mais de 370 dias, e o uso do termo censura é contestado por alguns renomados juristas. E o caso mais famoso de ação judicial contra conteúdos na internet brasileira foi movida justamente pelo maior jornal do país, a Folha de São Paulo, contra blogueiros independentes do Falha de São Paulo.
Vale lembrar também que muitos processos judiciais por conta de conteúdos na internet são movidos pelos próprios jornalistas contra outros jornalistas ou blogueiros, como nos casos Luis Nassif vs. Gravataí Merengue, Diogo Mainardi vs. Luis Nassif, Mauricio Savarese vs. Bodega Cultural, Felipe Vieira vs. Marcelo Träsel, Polibio Braga vs. Nova Corja, Boris Casoy vs. Celso Lungaretti, entre outros.
Tem também caso de jornal que processa blogueiro por suposta ofensa, como no caso Folha da Manhã vs. Roberto Moraes, e além do já citado Falha de São Paulo, a Folha também ameaçou de processo o blogue Arlesophia. Tem até jornalista que processa pessoas que deixam comentários em seus blogues, como Rosana Hermann vs. comentador anônimo. E pra não dizerem que sou corporativista, tem caso de Roteirista processando blogueiro também.
Seriam todos esses processos tentativas de censura por parte dos jornalistas? É difícil fazer um levantamento sério do que é ação legítima e o que é abuso da lei. Mais fácil é citar dado pronto e generalizado de tabela do Google para enfatizar que vivemos sob “censura judicial”, não é verdade?
ERRO FOI INDUZIDO PELO RELATÓRIO DO CPJ
Incompetência ou tentativa artificial de se criar impacto? Saberia Lauría do que se tratavam os dados? Saberia que não são relacionados a conteúdos jornalísticos, que não são precisos nem confiáveis? Será que Lauría realmente fez um “levantamento” dos dados do Google?
O relatório do CPJ apresenta o dado num contexto de “ações judiciais” contra “críticas dos jornalistas” e não se preocupa em analisar o dado: “Ao longo dos últimos anos, empresários, políticos e funcionários públicos entraram com centenas de ações judiciais alegando que as críticas dos jornalistas eram ofensivas à honra ou invadiam sua privacidade, segundo pesquisa do CPJ. Os demandantes destes casos normalmente buscam sanções que proíbam a imprensa de publicar qualquer matéria sobre eles ou que obriguem a retirada de material online considerado ofensivo. Um relatório elaborado pelo Google em 2010 afirmou que as autoridades brasileiras solicitaram a remoção de conteúdos dos servidores da empresa em 398 ocasiões nos primeiros seis meses do ano, número duas vezes maior que o do segundo país listado, a Líbia. A maioria das solicitações brasileiras foi feita através de recursos judiciais, afirmou o Google.”
O Knight Center for Journalism in the Americas, usado como fonte para outras informações do relatório de Lauría, já havia noticiado o fato e afirmado que a estatística é alta por causa do orkut, citando matéria da AFP. O popular blog brasileiro de tecnologia Tecnoblog já trazia essa informação ano passado. Ou seja, que a estatística não se refere a jornalismo e é alta por causa do Orkut nunca foi segredo para ninguém. Mas para Lauría é estatística chave para compreender os problemas dos jornalistas brasileiros. E os jornalistas brasileiros apenas disseram amém.
Mesmo depois da apresentação que Lauría fez do relatório promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, que contou com a presença de Fernando Rodrigues – presidente da ABRAJI e jornalista da Folha e do UOL – e de representantes dos principais veículos de comunicação do país, ninguém se interessou em “investigar” a tal da fonte da “estatística em destaque” apresentada pelo CPJ. Coube ao Roteiro de Cinema, um blogue sobre narrativa de ficção, reportar a realidade dos fatos e desmentir os mais tradicionais veículos de comunicação do país.
Carlos Lauría comemorou no site do CPJ a “expressiva cobertura da mídia” que o relatório recebeu no Brasil, e citou expressamente a matéria equivocada do Estadão, especificamente a questão dos dados do Google: “O Estado published a story announcing the launch on Tuesday, and focused on Google’s 2010 report, which said that Brazilian authorities had demanded that content be removed from the company’s servers on 398 occasions in the first six months of the year,in its Wednesday’s edition.”
Entrei em contato com o jornalista Carlos Lauría e com o CPJ, e ainda aguardo resposta para ser publicada aqui.
E como já citado anteriormente, o site da Abraji reproduziu a matéria equivocada do Estadão. Update: a Abraji corrigiu a matéria 5 dias depois.
Aos pedidos de Guilherme Alpendre, da Abraji, que insistiu para que eu não citasse a Abraji neste artigo, respondo com a clássica frase atribuída a George Orwell: “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que seja publicado; todo o resto é relações públicas”. (Nota: a frase é provavelmente mal atribuída). A Abraji tem sua parcela de culpa na disseminação de um mito sobre o jornalismo brasileiro, e deve sua parcela de contribuição para o esclarecimento da verdade.
Conversei com José Carlos Torves, da Federação Nacional dos Jornalistas, e ele me disse que esse exagero e denuncismo de censura nos países de terceiro mundo por ONGs estrangeiras não é novidade. Há alguns anos a FENAJ teve que se defender na OEA de acusações infundadas similares, e os grandes veículos latino-americanos, ligados pela Sociedad Interamericana de Prensa, sempre querem pintar um quadro exagerado de Estado permanente de censura no continente.
Os jornalistas tem no CPJ um comitê para protegê-los, mas quem protege o cidadão de jornalistas preguiçosos e mal informados que podem prejudicá-lo? Existe a lei e o judiciário que podem coibir os abusos da imprensa, respondem alguns. Mas diante de qualquer ação do judiciário, o CPJ vê somente “censura” e “obstáculo ao trabalho jornalístico”, e como está documentado aqui, não distingue o que é ação legítima do estado para coibir abusos, de abuso do estado para coibir ações legítimas. Não é um debate fácil, e atitudes como do CPJ e dos grandes veículos brasileiros, disseminado informações irrelevantes ou falsas justamente na cobertura de um relatório que tenta colocar os jornalistas como vítimas do Estado, não contribui em nada para evoluirmos na questão.
Este artigo continua em construção. Espero falar novamente com o Gabriel Manzano, ouvir sua editora Malu Delgado, a Abraji, o CPJ e o senhor Carlos Lauría. Todos já foram contactados.
Roteirista de Cinema e Televisão
Artigo dedicado ao amigo Giordani Rodrigues, pioneiro do jornalismo investigativo sobre internet, que se estivesse vivo com seu Infoguerra no ar, não teria deixado essa pauta passar em branco.
Reinaldo Azevedo, bem, nem precisa falar, né? |
Veja nunca admite estar errada. |
Estadão foi o vagão do trem da desinformação. |
Exame corrige corpo de texto mas deixa informação falsa na gravata da matéria. |
Veja e Exame “esqueceram” de Twittar correção da matéria equivocada. |
G1 publica correção em outra página e deixa a original disseminando desinformção. |
Mais de 2.000 pessoas recomendaram a notícia falsa do UOL no facebook. |
Análise mais séria e completa sobre censura na Internet em 2010, por Atilio Baroni Filho do Global Voices:
http://pt.globalvoicesonline.org/2011/02/02/brasil-censura-internet-2010/
Perfeito! Esclarecedor e muito útil.
A mídia se esgana para criar um clima de ditadura no Brasil, mas acaba cavando a própria cova. Lamentável.
Imagina o tanto de visitas que não tiveram nos seus portais por conta destas matérias.
Provavelmente, agora, nessa altura do campeonato, não estão nem aí se isso é falso ou verdade.
Toda a pauta parece que foi retirada do CPJ, veja matéria: http://www.cpj.org/pt/2011/02/ataques-a-imprensa-em-2010-brasil.php
Acho que o Paulo disse tudo… “A mídia se esgana para criar um clima de ditadura no Brasil, mas acaba cavando a própria cova. Lamentável.”
Sem comentários! Já dei RT em seu link e vou continuar o dia todo… Parabéns pelo texto e pelas informações!
A matéria teve apenas uma fonte, erro básico no jornalismo, e não ocorreu sequer uma leitura mais atenciosa no material que se recebeu, outro erro gravíssimo.
O buraco é muito mais embaixo. Com as redações reduzidas (tenho conhecidos que chegaram a fechar 8 matérias grandes por dia), eu imagino o número de barrigadas que já ocorreram sem percebemos. Não há tempo hábil para se checar informações. Mas também não pode ser desculpa para a prática incorreta da profissão.
De quem é o erro? De todos. Da empresa jornalística que não dá boas condições de trabalho. Dos jornalistas que, pressionados pelo mercado de trabalho, falta de tempo e outras variantes, acabam não lutando por condições melhores.
E o copiar colar na internet é só um reflexo de tudo isso (claro, excluindo-se os casos de compras de conteúdos pelos portais)
Barriga? Descuido? Precariedade de condições de trabalho? Incompetência? Pra dar nem um, mas meio-clique?! Sinceramente, fico com minha finada avó: “Isso não tem outro nome, não, meu netinho, isso se chama, simplesmente, MÁ-FÉ.” (Que, aliás, começou no Lauría, né?) E ela ainda: “Que só no inferno é curada. E olhe lá.”
O mais correto seria: “Governo do Brasil é recordista de solicitações de remoção de conteúdo do Google”. Não deixa de ser uma vergonha, um atentado à liberdade de expressão.
1º INCOMPETÊNCIA! Não sou jornalista, mas sei que tem, e aos montes, blogueiros bem melhor preparados que esses palhaços que dirigem a grande mídia.
2º Até nos meus emails faço “fact-check”.
3º Já a muito tempo desprezo a Ed. Abril…
@ Ronan
Falou tudo!
@Alexsander remover por via judicial pornografia infantil e cyberbullying é “uma vergonha, um atentado à liberdade de expressão”?
@Fernando
Estes casos são válidos, mas são minoria.
me pergunto se isso é fruto da falta de necessidade de um diploma ou é a razão para a falta de necessidade de um diploma
@Alexsander quem disse que são minoria? E é o que então, conteúdo jornalístico é que não é.
Penso que o direito do Livre manifestação do pensamento e livre expressão etc e tal e garantido constitucionalmente e deve ser preservado independentemente dos contrários. Irei indicar seu post no Dihitt com link e créditos para cá, ok!!!!
A informação ou desinformação é um grande arma, a serviço que quem se dispuser a utiliza-lá.
e com tudo isso é tao difícil fazer os caras reconhecerem que o que se quer nao é censura, e sim que facam o jornalismo que dizem fazer, ao inves de ficar dando copia-cola, desinformando todo mundo.
ps triste ver que até nos comentários do seu post as pessoas confundem liberdade de expressão com liberdade de imprensa com liberdade de manter lixo eternamente na internet.
Curioso: no Observatório da Imprensa encontrei esse artigo da Gabriela da Silva Zago, em 26/10/2010: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=613ENO001. Mesma fonte, porém com análise no mínimo honesta.
Ou seja, creio que requentaram a “notícia” por conta do atual relatório do CPJ e dessa rasgação de seda toda do meio jornalístico com a passagem do Lauría pelo Brasil. (Ele até foi recebido pela ministra Maria do Rosário, da SDH, vê só.)
Ou seja, quando o ingrediente da má-fé se imiscui em essencial trabalho de vigilância pela democracia, e quando esse ingrediente encontra no deslumbramento acrítico um excelente potencializador, dá no que dá: MERDA. Que até dá pra varrer pra debaixo do tapete. Mas o cheiro…
Em tempo(1): O Observatório também reproduziu o Gabriel Manzano, mas no texto sobre o Google fizeram nota da, hum, modificação da lead.
Em tempo(2): Então, a quantas anda o projeto do Marco Civil da internet, hein?
@Camaleão Valeu, coloquei o Observatório. Marco Civil tá pronto pra abrir consulta pública.
“Mata a cobra e mostra o pau!”
Uma observação tecnica para o Blog. Instalem um plugin de compartilhamento entre redes sociais…
Júlio. Este plugin já foi instalado há alguns meses. Final de cada post…
Este comentário foi removido pelo autor.
A falar em erro já começa pelo título desse artigo: promete expor uma verdade que segundo o autor não merece o método da dúvida. Qualquer leitor bem informado já deveria começar desconfiando daí. Em seguida, o autor introduz ali qualquer artifício que faça desmerecer o mínimo que seja a credibilidade da matéria e pesquisa divulgada, até mesmo citando censura de conteúdo pornográfico que num total de 12 mil censuras não passou de 1. Ora, sob qual critério podemos excluir de antemão as censuras feitas no orkut, em pesquisas webs e outros serviços como censuras não políticas? Nenhum.
O autor não pode tomar como premissa os dados apresentados para em seguida chegar a conclusão de que não houve censura de qualquer tipo: isso é defesa cega, e pra quem se interessa pela verdade, não serve.
Faz certo, por um lado, em analisar que aquilo não se tratava de censuras feitas em artigos jornalísticos, mas erra, por outro lado, em achar que a declaração mais evidente de censura (a feita ao declarar censura aos jornais) é o único modo de censurar informação.
Censurar jornais já é recurso de ditadura declarada. O Brasil tem algo a galgar antes de tomar esse passo.