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A Lição do Doutor Gravataí Merengue

Uma nota introdutória: eu não desejava publicar este artigo. Um blogueiro escreveu um artigo sobre mim. Pedi ao autor que apenas removesse o texto para que eu não precisasse escrever uma réplica. Ele acha que não deve, pois o artigo “repararia a verdade”; e não quer, pois não é obrigado a isso. Então, sou obrigado a responder e mostrar a minha versão dos fatos.
Segunda nota, de 13/06/2012: Eu havia apagado este artigo por solicitação de uma pessoa. Mas como esta mesma pessoa continua disseminando informações falsas sobre os fatos aqui narrados e afirma nem ter lido este artigo, fui obrigado a publicá-lo novamente.

 “Mano, o que EU fiz de errado?” – Gravataí Merengue 

Gravataí Merengue, alcunha do advogado Fernando, o @Gravz no twitter, escreveu um artigo em seu blog intitulado “MAIS CAGADA DO TJT (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO TUÍTER)” em que tenta usar o meu nome e a minha honra objetiva para tentar passar uma lição para toda a internet. No artigo, o Doutor Gravataí sugere que EU tenha feito uma “cagada”, pois EU teria acionado um tal de Tribunal de Justiça do Tuíter para realizar um pré-julgamento, e proferir uma sentença antecipada nas redes sociais, sobre coisas que só podem ser determinadas no âmbito do judiciário, como a definição da culpa de alguém em um crime.

Isso porque noticiei que alguns blogueiros “machos” (ligados a blogs para homens ou humor politicamente incorreto), haviam promovido no passado, ou seja, dado um RT, indicado o blog, ou aceitado dicas de conteúdo – inadvertidamente ou não, não fiz juízo sobre isso – um blog usado por uma rede de misóginos criminosos que disseminava e ainda dissemina o discurso de ódio contra mulheres e homossexuais, faz apologia à violência e pratica ameaças e assédio moral. Sempre providenciando links para as mensagens originais destes blogueiros, onde o leitor poderia conferir por si mesmo a informação. Todas as informações que passei são verdadeiras e de interesse público.

Fui interpelado por um dos blogueiros que citei, num tom de ameaça, e perguntei se o que eu havia escrito era mentira. Ao invés de receber uma resposta, FUI FALSAMENTE ACUSADO DE COMETER UM CRIME. Uma acusação que pode ter sido feita de boa-fé, por impulso, por dificuldade na interpretação de texto num momento de confusão gerado pelo estado de raiva contra alguém que desencavou uma informação pública antiga sua, que – apesar de ser constrangedora – não imputava crime algum.

O blogueiro fez a denúncia grave, pela primeira vez, ao Doutor Gravataí, que supostamente entende as leis e conhece os limites da liberdade de expressão:

https://twitter.com/#!/gravz/status/182995376293425153
Um minuto depois, refutei a acusação que obviamente era falsa:
Mas aparentemente o Doutor Gravataí não se deu ao trabalho de ir checar se a grave acusação contra mim procedia, e não confiou na minha palavra, pois mesmo não sendo verdadeira a informação, tentou me intimidar publicamente no minuto seguinte:
Eu não estava acusando ninguém de nada. Quem estava sendo acusado era eu. E não me intimido com ameaças de processo, nunca me intimidei e nem nunca vou me intimidar.
 
Mesmo sem saber se era verdade, sem ler o que eu escrevi, sem nenhum indício de que a acusação era verdadeira, sabendo que refutei imediatamente a acusação, apenas baseado na palavra de seu amigo, quatro minutos depois da acusação falsa ter sido criada, o professor Doutor Gravataí ENDOSSA publicamente a acusação:
https://twitter.com/#!/gravz/status/182996439465594880

Eu não imputei cumplicidade a ninguém, pois só faria isso se fosse verdade e pudesse provar. E agora que o advogado Doutor Gravataí endossou a acusação falsa, todos os amigos dos blogueiros citados se sentiram livres pra me acusar também. Alguns, na verdade muitos, no direito de tentar reparar na forma de xingamentos e hostilização, uma suposta injustiça que EU estaria cometendo.

Entre dar RT (retweet), ou seja, promover, mover pra frente a informação, e ser cúmplice há mesmo uma diferença muito grande. E eu só disse que deram RT. Também achei bem desnecessário e errado tudo isso. Eu nunca fiz nenhum juízo de valor em cima da informação que repassei. E a informação era pública, factual e correta. E não sou responsável por interpretações incorretas das informações que publico. E se alguém associou os blogueiros “machos” com os psicopatas presos, foram eles mesmos, numa versão fantasiosa do que eu havia escrito, criada por eles, não por mim. Eu nunca falei que os criminosos a quem me referia eram os presos pela PF em Curitiba.

Quem deu maior publicidade ao caso foram os próprios blogueiros e seus amigos, que ao invés de irem ler o que escrevi, espalharam para seus milhares de seguidores que havia alguém acusando eles de serem cúmplices de psicopatas presos recentemente. E a história ia acabar até em processo judicial.
O que seus amigos e – supõe-se – clientes falaram também deveria ter sido preocupação do Doutor Gravataí desde o princípio, pois a parte judicial pode ser tanto de acusação quanto defesa. O interesse público das informações que divulguei se justificam nas notas de pedidos de desculpa e condenações públicas de misoginia em pelo menos metade dos blogs “machos” que citei, então minhas motivações eram óbvias: informar meu público, princialmente uma grande parcela formada por feministas.


A Carol leu o que eu escrevi, o Bobagento não, mas mesmo assim endossa acusação falsa promovida pelo Doutor Gravataí Merengue.

Expliquei “toda situação para os caras e eles ignoraram”. Quando afirmei  que era o Doutor Gravataí e seus amigos que me deviam uma retratação, por terem me acusado de dizer que os blogueiros eram cúmplices, o Doutor Gravataí nega as acusações que fez. E manda EU ler o que ele escreveu, numa ironia que permeia toda esta história, ainda mais quando confrontada ao artigo do Doutor Gravataí sobre mim, que eu recomendo a leitura e trago na íntegra ao final deste texto.
Não fiz acusações infundadas e comprovo tudo que escrevi. Em juízo se for preciso. Precisamente, não fiz acusação nenhuma, apenas informei. As informações eram públicas e de interesse público e, repito, nunca fiz nenhum juízo de valor em cima das informações que publiquei, apesar de algumas ilações serem bem óbvias:

Eu não tenho medo de processo na justiça, não é a primeira e tomara que não seja a última vez que tentam me intimidar dizendo que vão me processar. É um direito da pessoa querer me processar, mas eu não dou margem para que isso acabe se realizando, pois sempre procuro respeitar o direito alheio e ando dentro da lei. Eu tenho medo é de um outro processo, dentro da minha consciência, que é acionado quando me questiono se estou sendo justo ou não. E contra esse processo não há advogado bom que resolva, então procuro não cometer injustiças.


Ao dizer o que se espera de qualquer pessoa de boa-fé, que se tivesse sido injusto eu seria o primeiro interessado em querer reparar a injustiça, muitos viram nisso um sinal de que a campanha de intimidação do Doutor Gravataí havia funcionado. Acredito que inclusive ele, pois depois de endossar uma grave acusação contra mim e deixar transparecer que seria o advogado do caso, o Doutor acordou no dia seguinte e ao invés de me notificar formalmente para que eu soubesse porque deveria me retratar, resolveu publicar um “artigo de reflexão” sobre o caso, onde esquece a acusação de “cumplicidade”, afinal, quando foi ver o que eu tinha escrito não havia nada explícito ou sugerido sobre isso em meu texto, e mudou a acusação, dizendo que minha conduta foi de “gravidade extrema” ao acusar os blogueiros de “promover os criminosos”, criando outra acusação falsa. 
 
Eu nunca escrevi que os blogueiros promoviam criminosos, escrevi que promoviam um blog de criminosos. Há diferença e ela poderia até ser importante. Mas mesmo se tivesse dito que “promoviam os criminosos”, isso não é uma conduta nem um pouco grave, pois promover criminosos não é necessariamente crime, ainda mais sem juízo de valor em cima, pois os blogueiros podem ter feito isso inadvertidamente. Sem sombra de dúvidas não há nenhuma atribuição criminosa nos tuítes que escrevi sobre os blogueiros machos e os criminosos por trás de SilvioKoerich.
Se alguém instaurou um Tribunal de Justiça no Tuíter foi o Doutor Gravataí, não eu. Quem pré-julgou e proferiu sentenças no Tuíter foi ele, não eu. Quem fez “cagada” foi o Doutor Gravataí, não fui eu. Eu repito mais uma vez: eu nunca acusei ninguém de nada. Mas como no artigo do Doutor Gravataí os únicos screenshots são os meus, e as únicas “acusações” que aparecem são minhas, o Doutor Gravataí está sugerindo que eu sou um caluniador.
Um dos blogueiros citados veio me interpelar no Twitter dizendo que eu não tinha me retratado das calúnias que eu havia proferido contra ele. Quando eu respondi que nunca o havia caluniado, e que ele – com mais motivos agora depois de ter me chamado de caluniador – é que deveria se retratar pelas acusações falsas que fez contra mim, ele pediu ajuda ao Doutor Gravataí, que escreveu, publicamente com cópia para mim: “Você não tem que se retratar de nada, ele sim. Resolvam no Judiciário. Lá todos terão o direito de se explicar.” 
Doutor Gravataí mandou pessoas que fizeram acusações muito graves contra mim, e contra as quais nunca fiz acusação nenhuma, resolverem tudo no Judiciário. Por sorte, o blogueiro teve a maturidade de me procurar diretamente longe da platéia e dos conselhos do Doutor Gravataí. Como acredito que não houve ma-fé por parte do blogueiro, ele foi vítima da história que seus próprios amigos inventaram e que o Doutor Gravataí endossou com sua autoridade de advogado, me solidarizei com seu sofrimento, que também era meu, e resolvemos nossos problemas com o diálogo.
O blogueiro esclareceu que tudo não passava de um mal entendido, pediu desculpas públicas a minha pessoa, retirou tudo de negativo que disse sobre mim, e eu apaguei os tuítes – apesar de sustentar tudo o que escrevi ali – num sinal de boa-fé. E seguiríamos a vida. E como nós dois estávamos sofrendo por dois dias com hostilidades por causa da repercussão de acusações mentirosas – nenhuma delas criadas por mim, mas uma delas atribuída a mim – decidimos que a prioridade era encerrar a história e o ambiente de hostilidade. 
Eu até abriria mão de reparar a verdade, a minha versão dos fatos, para não aumentar a polêmica e gerar mais negatividade, afinal, quem acompanhou a discussão no Tuíter e é inteligente o suficiente para procurar as fontes das informações antes de acreditar em qualquer coisa, sabia que eu estava com a razão. E tuíte é mídia passageira. Mas uma das coisas que pedi foi para que ele me ajudasse a retirar o tal artigo do Gravataí sobre mim, pois se eu o refutasse – e ele não poderia ficar no ar para a eternidade da internet sem que fosse refutado – colocaria muito mais lenha na fogueira que o blogueiro pedia que eu ajudasse a apagar. Quando publiquei uma nota, reafirmando que as acusações imputadas a mim não eram verdadeiras. Doutor Gravataí me interpelou:
Ao invés de deletar e proteger o interesse de seus amigos – e os seus próprios interesses também – a arrogância cega do Doutor Gravataí falou mais alto e ele resolveu se exibir um pouco mais:

O Doutor Gravataí deveria ter aprendido que processo é civilizador – mas apenas o devido processo legal – ainda na Escola de Direito. E lembrar que não foi ele que processou o blogueiro e ganhou. Foi o blogueiro que processou ele e perdeu. Eu não estudei na Escola de Direito, mas tem certas coisas que todos nós sabemos, como: todos são inocentes até que se prove o contrário e não acuse ninguém – especialmente de crime – se você não estiver convicto disso e possa provar; qualidades inerentes de qualquer senso básico de justiça. Reclama o Doutor Gravataí em seu artigo contra mim:
Nem todo mundo deve saber ou lembrar, mas eu mesmo já fui ~vítima~ da turminha da pesada que arma várias confusões nas sentenças e acórdãos do TJT. Há alguns anos, fui processado por um blogueiro que já chegou a trabalhar em jornal grande. Durante TODO o tempo (e foram anos!) entre aviso do processo e decisão definitiva, fui chamado de DIFAMADOR, entre outras coisas. Até gente da ~grande mídia~ endossou as acusações originais. Resultado: ganhei o processo, TODOS os recursos de quem me processou foram negados. Processo arquivado. O que farei? Não sei. Dá preguiça sair processando todo mundo, mas pegar um ou dois casos mais sérios como exemplo me parece o adequado e também algo muito justo.

De minha parte, sem preguiça, eu dei andamento às devidas providências legais para que a verdade seja reparada e minha honra objetiva não saia prejudicada. Não vou intimidar ninguém com ameaça de processo, eu não opero assim, nem em notificação extra-judicial, nem em diretas no Tuíter, muito menos em indiretas em meu blog. Eu apenas pedi ao consultor jurídico do Roteiro de Cinema que localizasse o Doutor Gravataí Merengue e o notificasse formalmente, dizendo que se ele não se retratar de todas as acusações falsas que fez contra mim, eu vou passar a me referir a ele publicamente como DIFAMADOR. Pois enquanto ele não se retratar cabalmente, ele de fato o é. Me parece adequado e também algo muito justo. Ele que tome as providências que julgar adequadas se isso o incomodar.

Agora pouco o Doutor foi notificado formalmente em Fortaleza, onde se encontra para uma aparição pública anunciada, ironicamente uma palestra intitulada: “Quem trolla os trolladores?”, e meu advogado deu sinal verde para eu publicar este artigo.

Como disse ao Doutor, não tenho medo da barba dele e sustento tudo o que escrevi. Resta saber se o Doutor Gravataí sustenta tudo o que escreveu sobre mim. A lição que o Doutor Gravataí tenta passar em seu artigo, eu já aprendi faz tempo. Mas parece que o Doutor Gravataí ainda não. E quem quiser retuitar e promover este artigo, pode fazer com tranquilidade, que ninguém estará endossando nada, apenas compartilhando informação.
Abaixo segue o texto de Gravataí Merengue sobre a minha pessoa, na íntegra. Recomendo a leitura para apreciar a simétrica estética da ironia. 

MAIS CAGADA DO TJT (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO TUÍTER)

Falei muito recentemente da grande MERDA cometida contra Daniel, do BBB12. Muita, muita, muita gente o chamou de estuprador, sem nem aquela e… bom, ele foi absolvido. O que a turminha do Tribunal de Justiça do Tuíter aprendeu? Simples: nada.
Nem todo mundo deve saber ou lembrar, mas eu mesmo já fui ~vítima~ da turminha da pesada que arma várias confusões nas sentenças e acórdãos do TJT. Há alguns anos, fui processado por um blogueiro que já chegou a trabalhar em jornal grande.
Durante TODO o tempo (e foram anos!) entre aviso do processo e decisão definitiva, fui chamado de DIFAMADOR, entre outras coisas. Até gente da ~grande mídia~ endossou as acusações originais. Resultado: ganhei o processo, TODOS os recursos de quem me processou foram negados. Processo arquivado.
O que farei? Não sei. Dá preguiça sair processando todo mundo, mas pegar um ou dois casos mais sérios como exemplo me parece o adequado e também algo muito justo. Aguardemos (há tempo para isso) e sigamos.
O “Caso Koerich” e os Dois Presos
Ontem, dois caras foram presos pela PF sob a acusação de disseminar racismo, violência, ódios os mais variados e até mesmo planejar um massacre. Coisa feia, inaceitável, absurda. Nem há o que discutir até aqui.
Mais eis que o TJT entra em ação. O dileto companheiro Fernando Marés, responsável pelo perfil @roteirodecinema, iniciou uma cruzada contra quem teria “promovido” os criminosos.
Dei um toque na boa, falei para pensar no que estava falando, que seria como implorar para receber citações etc. Ele, simpático como sói, respondeu assim: 
Ok, bonito sei que não sou, mas sempre achei que minha barba pudesse ser ao menos charmosa, não um fator de susto. Vivendo e aprendendo. Mas o que diabos ele falou sobre meio mundo? Isso aqui:

[Gravataí então exibe a reprodução dos tweets sobre os 4 blogs que citei, que vou suprimir aqui por ter combinado  de apagá-los com um dos blogueiros que me acusou falsamente (e se retratou). Mas que podem ser conferidos no blog do advogado]

A acusação principal, e que imputa gravidade extrema à conduta dos tuiteiros, consiste no fato (falso) de que promoveriam os criminosos. Acusação tão séria quanto inverídica.
Isso porque os dois que foram presos ontem NÃO SÃO o mesmo “Silvio Koerich” ao qual os ~acusados~ pelo TJT teriam dado RT. Havia, sim, um Silvio Koerich que, sim, tinha um blog de conteúdo misógino. Mas, não, ELE NÃO FOI PRESO NEM ACUSADO DE QUALQUER CRIME.
Os dois rapazes presos SE APROPRIARAM do nome Silvio Koerich e montaram OUTRO blog, como uma espécie de paródia exagerada (e criminosa, como se viu) buscando CONFUNDIR e até mesmo complicar as coisas pro lado do Koerich original.
Essa apropriação se deu por volta do final do ano passado, MUITO DEPOIS dos RTs citados que, POR ÓBVIO, não promoviam (aliás, RT promove, necessariamente?) os “criminosos” (pus as aspas porque, apesar da gravidade das acusações e dos fatos, convém aguardar ao menos o julgamento, não é mesmo?).
Desdobramentos e Imbecilidade da Manada Covarde
Mais ou menos como aconteceu no meu caso (e em tantos outros), surge a galerinha covarde, que se mantém em silêncio o tempo todo, por puro medo e falta de hombridade, mas se excita quando algum desafeto está numa pior.
Teve gente que chegou a pontificar (o tuíter também tem LEGISLADORES, além dos magistrados): “RT é endosso, concordância”. Simples assim. E quis o destino, vejam vocês, que justamente a autora da Lei do RT tenha ela própria retuitado a acusação falsa feita por Marés (não se pode dizer que o mundo é totalmente chato, né?).
Será que, em juízo, manterá a convicção de que um retuíte é endosso ou, nesse caso, convenientemente, deixará de lado a lei por ela própria elaborada? É o caso de aguardar, também.
O resto das bobagens vocês podem acompanhar no próprio tuíter, mas rola de tudo: “cu fechado”, “vão se foder”, “mereceram”, entre tantos desejos de ver os desafetos em maus lençóis judiciais. A falha foi/é miserável – serviu mais para que os ratinhos saíssem para a luz, mostrando quem são e também toda sua covardia. Jajá voltam pro escurinho, com o rabo entre as pernas e REZANDO para não figurarem em eventual processo de reparação de danos morais e calúnia – caso algum dos enquadrados pelo TJT queira levar isso adiante.
Enfim…
Depois do caso Daniel do BBB, supunha-se ao menos um pouco mais de cautela por parte de nossos paladinos; tanto mais aqueles que dizem ter algum conhecimento jurídico. Lembro com muito gosto quando, logo no calor do tal fato do Big Brother, escrevi que não seria estupro, apontei a precipitação e, exatamente por isso, fui xingado por magistrados, legisladores e até mesmo pela turma da doutrina do Sistema Jurídico 2.0.
Vejam só: mal queimaram os HDs por chamarem um inocente de estuprador e agora já precisam novamente atear fogo em novo disco rígido – ou ao menos dizer que se trata do bom e velho ráquer. Ou negar, relativizar, tirar da reta, enfim, aquilo que se vê o tempo todo.
A cagada principal, sem dúvida, é essa mania imbecil de sair acusando ou endossando acusações quando se trata de desafetos. A dica é simples: continuem nessa mediocridade de TORCER pelo insucesso de quem vocês não gostam, mas não cometam a burrice de acusar ou dar suporte a acusações caluniosas. Depois, vossas batatas é que assarão, vossos kissucos soltarão fumaça e assim por diante.
Riram da expressão “meio misógino”, mas devem saber que, assim como não existe isso, não há também “meia calúnia” nem “meio dano moral”. Boa sorte a todos.

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I DID IT FOR THE LUZ

You’ve been trolled! You’ve been trolled! You have probably been told, don’t reply to this guy, he is just getting a rise, out of you! Yes it’s true, you respond and that’s his que, to start trouble on the double while he strokes his manly stubble. You’ve been trolled! You’ve been trolled! You should probably just fold, when the only winning move is not to play!!! And yet you keep on trying, mindlessly replying! You’ve been trolled! You’ve been trolled! Have a nice day!




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Justificativa da republicação do artigo em 13/06/2012:


https://twitter.com/alechumer/status/213092885896241154
https://twitter.com/alechumer/status/213099054467522561

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A insurreição inevitável – manifesto críptico

O objetivo de qualquer insurreição é tornar-se irreversível.” – Anônimo

Não mais esperar, é de uma forma ou de outra entrar na lógica da insurreição. É mais uma vez ouvir, nas vozes de nossos líderes, a ligeira tremulação de terror que não os deixa jamais. Porque governar nunca foi outra coisa senão adiar por mil subterfúgios o momento em que a multidão irá pendurá-lo, e cada ato de governo nada mais é que uma forma de não perder o controle da população.

“Ne plus attendre, c’est d’une manière ou d’une autre entrer dans la logique insurrectionnelle. C’est entendre à nouveau, dans la voix de nos gouvernants, le léger tremblement de terreur qui ne les quitte jamais. Car gouverner n’a jamais été autre chose que repousser par mille subterfuges le moment où la foule vous pendra, et tout acte de gouvernement rien qu’une façon de ne pas perdre le contrôle de la population.” – L’insurrection qui vient,  comité invisible, 2004

Quem desafia localmente cria uma onda de choque planetário através das redes. Os revoltosos de Clichy-sous-Bois encheram de felicidade lares americanos, ao mesmo tempo que os insurrectos de Oaxaca encontraram cúmplices em pleno coração de Paris. (A insurreição que vem“)

by Biella Colleman
You should have expected.

“Aussi, qui le défait localement produit au travers des réseaux une onde de choc planétaire. Les assaillants de Clichy-sous-Bois ont réjoui plus d’un foyer américain, tandis que les insurgés de Oaxaca ont trouvé des complices en plein coeur de Paris.” 

Para todos la luz, para todos todo
Para nosotros el dolor y la angustia, 

para nosotros la alegria de la rebelión
para nosotros el futuro negado,
Para nosotros la dignidad insurrecta
Para nosotros nada

“para que nos vissem, cobrimos nossos rostos;
para que nos dessem um nome, negamos nosso nome;
apostamos no presente para termos um futuro” 
Sub-comandante Marcos del EZLN, 1997

“Hermanos: No morirá la flor de la palabra. Podrá morir el rostro oculto de quien la nombra hoy, pero la palabra que vino desde el fondo de la historia y de la tierra ya no podrá ser arrancada por la soberbia del poder. Nosotros nacimos de la noche. En ella vivimos. Moriremos en ella. Pero la luz será mañana para los más, para todos aquellos que hoy lloran la noche, para quienes se niega el día, para quienes es regalo la muerte, para quienes está prohibida la vida. Para todos la luz. Para todos todo. Para nosotros el dolor y la angustia, para nosotros la alegre rebeldía, para nosotros el futuro negado, para nosotros la dignidad insurrecta. Para nosotros nada. 
Nuestra lucha es por hacernos escuchar, y el mal gobierno grita soberbia y tapa con cañones sus oídos. Nuestra lucha es por el hambre, y el mal gobierno regala plomo y papel a los estómagos de nuestros hijos. Nuestra lucha es por un techo digno, y el mal gobierno destruye nuestra casa y nuestra historia. Nuestra lucha es por el saber, y el mal gobierno reparte ignorancia y desprecio. Nuestra lucha es por la tierra, y el mal gobierno ofrece cementerios. Nuestra lucha es por un trabajo justo y digno, y el mal gobierno compra y vende cuerpos y vergenzas. Nuestra lucha es por la vida, y el mal gobierno oferta muerte como futuro. Nuestra lucha es por el respeto a nuestro derecho a gobernar y gobernarnos, y el mal gobierno impone a los más la ley de los menos. Nuestra lucha es por la libertad para el pensamiento y el caminar, y el mal gobierno pone cárceles y tumbas. Nuestra lucha es por la justicia, y el mal gobierno se llena de criminales y asesinos. Nuestra lucha es por la historia, y el mal gobierno propone olvido. Nuestra lucha es por la Patria, y el mal gobierno sueña con la bandera y la lengua extranjeras. Nuestra lucha es por la paz, y el mal gobierno anuncia guerra y destrucción.  
Techo, tierra, trabajo, pan, salud, educación, independencia, democracia, libertad, justicia y paz. Estas fueron nuestras banderas en la madrugada de 1994. Estas fueron nuestras demandas en la larga noche de los 500 años. Estas son, hoy, nuestras exigencias.” 

Cuarta Declaración de la Selva Lacandona, (Janeiro de 1996)

“Que sigamos luchando y no descansemos y propiedad nuestra será la tierra, propiedad de gentes, la que fue de nuestros abuelitos, y que dedos de patas de piedra que machacan nos ha arrebatado, a la sombra de aquellos que han pasado, que mucho mandan: que nosotros juntos pongamos en alto, con la mano en sitio elevado y con la fuerza de nuestro corazón, ese hermoso que se toma para ser visto, se dice estandarte de nuestra dignidad y nuestra libertad de nosotros trabajadores de la tierra; que sigamos luchando y venzamos a aquellos que de nuevo se han encumbrado, de los que ayudan a los que han quitado tierra a otros, de los que para sí gran dinero hacen con el trabajo de los que son como nosotros, y de aquellos burladores en las haciendas, ése es nuestro deber de honra, si nosotros queremos que nos llamen hombres de buena vida, y bien en verdad buenos habitantes del pueblo.
Ahora pues, de algún modo, más que nunca, se necesita que todos andemos unidos, con todo nuestro corazón, y con todo nuestro empeño, en ese gran trabajo de la unificación maravillosa, bien verdadera, de aquellos que empezaron la lucha, que guardan en su corazón puros esos principios y no pierden la fe de la vida buena.  
Nosotros rogamos a aquel a cuya mano se acerque este manifiesto que lo haga pasar a todos los hombres de esos pueblos.  “Reforma, Libertad, Justicia y Ley. El General en Jefe del Ejército Libertador del Sur, Emiliano Zapata. Manifiesto zapatista en náhuatl. (circa 1914)

 OTRO MUNDO

No account of the Latin American democratic epiphany, the ‘Battle of Seattle’ against the World Trade Organization in 1999, the rise of the Global Justice movement thereafter, the birth of the World Social Forum in 2001, even the Occupy movements and ‘Arab Spring’ of today – or where they might lead – can be full without at least some reference to the inspirational impact of the Zapatistas.

OTRO MUNDO ES POSIBLE
It takes a global movement to change the course of a global movement.
One world: We are all in this together


MadV, Abril de 2006 (MadV’s illusions series)


MadV, November 2006, most responded video of all times


MadV, December 2006, the message

we’re all in this together

MadV, 5 nov 2009 (remember, remember…)
“Reality is that which, when you stop believing in it, doesn’t go away.”

This movement is not about the destruction of law. 
It is about the CONSTRUCTION of law.

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SATYAGRAHA
INSISTÊNCIA DA VERDADE
AÇÕES DIRETAS NÃO VIOLENTAS

not banksy
“We are Anonymous. We are Legion. We are everywhere and anywhere. We are gay in Texas, black in 1950s Selma, Basque separatists in Spain, Kurdish  in Iraq and Syria, an anarchist in France, a Palestinian in Israel, a dissident Chinese blogger, a Gypsy in Poland, an Inuit in Nunavut, a hackivist in the UK, a single woman on the Metro at 2am, a peasant without land, an Occupier in Zuccotti Park, a gang member in the slums, the boy in the cafeteria sitting alone, a protestor in Egypt, a child soldier in Somalia, an unhappy student drowning in debt, a family foreclosed upon, and of course, you. 
We are all exploited, marginalized, and oppressed minorities who feel the fire of rebellion in their hearts and rise up to resist and alter the status quo. We are every disenfranchised person who is waking up to find that yes, he has worth and deserves more out of life. We are every majority that must now be silent and listen to the message of dissatisfaction thrust before us on the global stage. We are every movement and rebellion channeling its energy into physaction. The nagging fear of reprisal, the Cimmerian thoughts that keep those in power awake at night and disquieted – this is all Anonymous.”

“We are the inevitable.
We are the culmination of industrial and social wrong.
We turn upon the society that has created us.
We are the successful failures of the age,
the scourges of a degraded civilization.

We are the creatures of a perverse social selection.
We meet force with force.
Only the strong shall endure.

We believe in the survival of the fittest. 
 
You have crushed your wage slaves into the dirt and you have survived.

The captains of war, at your command,
have shot down like dogs your employees in a score of bloody strikes.

By such means you have endured.

We do not grumble at the result, for we acknowledge and have
     our being in the same natural law.

And now the question has arisen:

Under the present social environment, which of us shall survive?

We believe we are the fittest.

You believe you are the fittest.

We leave the eventuality to time and law.

The Minions of Midas, Jack London, 1901



FREEDOM TO THE PEOPLE  &
REGULATIONS TO CORPORATIONS


¡Ya basta!
L’insurrection est là
We are all anonymous
never forgive, never forget

You should have expected us.

In the loving memory of anon_redframes
Internets, 08 de Janeiro de 2012


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Flagrantes preparados do Jornal Hoje levantam sérias questões éticas

Na edição do dia 04/01/2012 o Jornal Hoje da Rede Globo exibiu uma “reportagem investigativa” onde sob o pretexto de revelar “os riscos que os motoristas enfrentam”, jornalistas armaram flagrantes preparados usando câmeras escondidas e exibiram as imagens dos manobristas que caíram nas armadilhas, sem ao menos proteger suas identidades, levantando sérias questões sobre a legitimidade e os limites éticos do jornalismo da maior emissora de televisão da América Latina.

A reportagem “Câmera do JH flagra manobristas vasculhando carros em São Paulo” apresentada por Evaristo Costa como “debate sobre os riscos que motoristas correm nas grandes cidades” e por Sandra Annenberg como “mostra do trabalho dos manobristas” são flagrantes preparados pelos jornalistas Walace Lara, William Santos, Robinson Cerântula, Carlos Rodrigues Junior, Juvenal Vieira e Patricia Marques, sob editoria de Teresa Garcia e Paulo Amaral. Devido aos métodos utilizados na reportagem, suponho que tenha sido aprovada pelos diretores de jornalismo da emissora Carlos Henrique Schroder e Ali Kamel.

Para preparar o flagrante os jornalistas colocaram deliberadamente no interior dos carros grandes valores em moedas e até doces como “tentação” (palavra usada na reportagem) para provocar e induzir os manobristas a um comportamento delituoso. Criaram um cenário artificial tentador que não corresponde à expectativa de um veículo comum que utiliza os serviços de estacionamento nas grande cidades, um cenário de causar tanto estranhamento que durante a reportagem os manobristas flagrados exclamam: “essa eu nunca vi não”; se espantam: “o carro aqui parece uma doceria”; e desconfiam: “tem câmera? têm ou não têm?”.

O documento com os Princípios Editoriais das Organizações Globo diz o seguinte sobre o uso de câmeras escondidas, na seção II, ítem 2/J:
“O uso de microcâmeras e gravadores escondidos, visando à publicação de reportagens, é legítimo se este for o único método capaz de registrar condutas ilícitas, criminosas ou contrárias ao interesse público. Deve ser feito com parcimônia, e em casos de gravidade.”
É flagrante que faltou “parcimônia” na escolha do método, visto que a informação sobre o risco de furto em estacionamentos poderia ter sido apresentada utilizando-se de outros métodos legítimos, porém, com certeza menos sensacionais. O delito flagrado pelas câmeras no cenário preparado pelos jornalistas – furtar moedas ou doces – não é um “caso de gravidade”, um juiz de direito aplicaria o princípio da insignificância em todos os casos retratados pela reportagem. Ademais, se o flagrante foi preparado não houve crime, houve um “delito putativo por obra de um agente provocador“. O flagrante preparado ou flagrante provocado – o estímulo de uma pessoa a outra para que esta pratique o ato típico de uma infração penal, com o intuito, porém, de surpreendê-la no momento da execução – é ilegal segundo a súmula no.145 do STF

“não há crime quando o fato é preparado mediante provocação ou induzimento, direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para fim de aprontar ou arranjar o flagrante (STF, RTJ, 98/136).”

O debate sobre câmeras escondidas, flagrantes preparados e ética jornalistica não é novo. Em 1997 nos EUA a rede de televisão ABC foi condenada a pagar mais de 5 milhões de dólares em danos por causa de uma reportagem do programa Primetime Live que supostamente revelava a presença de produtos estragados em uma corporação do ramo alimentício. A RTDNA (Radio Television Digital News Association) recomenda uma lista de seis critérios objetivos criados pela “Society of Professional Journalists” na análise da justificativa do uso de câmera escondida em uma reportagem. Para ser um ato justificável é preciso preencher todos os seis requisitos expressos. A reportagem do Jornal Hoje não preenche nenhum.
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros da Federação Nacional dos Jornalistas diz o seguinte:
Art. 6. É dever do jornalista:
VIII – respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;  (…)
X – defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito; 
Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações:   (…)
II – de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;
III – obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração; 
Como não há crime na conduta dos manobristas retratados nos vídeos, e os jornalistas que prepararam o flagrante não podem ser considerados vítimas de subtração de coisa móvel, então as únicas vítimas acabam sendo os próprios manobristas. Vítimas de um golpe sensacionalista em busca de audiência, vítimas do que poderia ser considerado – em tese, pois não há lei de imprensa no Brasil – uma reportagem criminosa. No mínimo é uma conduta antiética pela visão do senso comum da sociedade e da comunidade profissional do jornalismo. E a identificação dos manobristas era uma informação irrelevante para o interesse público, poderia ter sido protegida pelos editores “pixelando” ou “esfumaçando” as faces dos envolvidos, mas os editores optaram por mostrar os rostos das vítimas de sua pegadinha séria com trilha de suspense.

Proteger o anonimato dos manobristas seria o respeito mínimo ao direito de imagem dos envolvidos, frente a natureza predatória dos métodos utilizados para colocá-los como objeto dos vídeos e pela  irrelevância de sua identificação na comunicação da narrativa. Pouparia dezenas de cidadãos – não só os manobristas, mas sua família, seus colegas e amigos – de sofrimentos desnecessários para contar a história. Porém, nem a imagem e nem a honra dos manobristas foi protegida, apenas as identidades corporativas das empresas onde os supostos furtos aconteceram. Não é por acaso. Corporações poderiam arrancar milhões da Globo em processos por danos morais, manobristas pobres – e provavelmente agora desempregados e envergonhados – terão muito mais dificuldade de acionar o judiciário e numa terra sem lei de imprensa, devem se contentar com as moedas e chocolates que subtraíram na fatídica pegadinha. Torço para que os manobristas brasileiros sejam organizados o suficiente para procurar a reparação dos prejudicados pela reportagem irresponsável, que mancha toda uma categoria profissional.

E cuide-se, leitor, pois a próxima vítima pode ser você ou alguém de sua família ou círculo social. Com a reportagem dos manobristas e o anúncio da série Câmera do JH, a Globo deixa claro que não respeitará a imagem de ninguém, e não abdicará de métodos questionáveis para flagrar pequenos delitos cotidianos em vídeo. Os jornalistas, que escondem seus rostos ao som de música de suspense preparando seus flagrantes,  para expor o rosto alheio em busca de um momento sensacional delituoso, parecem anunciar em tom de ameaça na página do projeto Câmera do JH: “A câmera do JH quer chegar bem pertinho de você” e “Fique ligado no Jornal Hoje, porque em 2012, o nosso foco está em você.” Qualquer incauto pode ser o próximo vilão do Big Brother jornalístico da hora do almoço. E não estranhe se forem trabalhadores jovens e pobres  induzidos a cometer pequenos delitos à serviço do espetáculo trágico, são as mesmas vítimas de sempre. A câmera escondida continuará sendo um “aparato tecnológico usado como ‘muleta’, pequenos instrumentos com poderosos recursos, que se voltam para retratar, na maioria das vezes, delitos banais, conseqüências, quando deveriam revelar causas.”
O Código de Ética dos Jornalistas não é cumprido no Brasil. Os princípios editoriais da Globo não são cumpridos pela Globo. Não foram cumpridos nem na mesma edição do Jornal Nacional em que foram anunciados com pompa, no caso da merendeira acusada de colocar veneno em comida de escola, quando a repercussão de um vídeo viral do Blog do Mello inspirado num artigo do Roteiro de Cinema obrigou William Bonner a admitir o erro e culpar uma “falha de edição” pelo deslize.  É sintomático que as vítimas dos deslizes éticos mais flagrantes da Globo sejam merendeiras e manobristas pobres. São a face mais desprotegida da sociedade.

Não há uma auto-regulamentação efetiva, nenhum ordenamento jurídico para proteger o indivíduo contra o abuso do imenso poder social dos veículos de comunicação. No legislativo está parado um projeto de lei do Senador Roberto Requião que regulamenta o direito de resposta e na gaveta do Ministro Paulo Bernardo adormece o projeto de marco regulatório das comunicações. É preciso urgentemente reabrir o debate sobre a regulamentação dos meios de comunicação de massa, sabotado pelas empresas de comunicação que gritam censura e sem nem cumprir suas próprias regras privadas tentam inibir qualquer discussão sobre regras públicas e balanceadas que visem preencher o vácuo jurídico deixado pela queda da velha e inconstitucional – segundo o STF – lei de imprensa. Uma legislação baseada na Constituição de 88, algo que proteja a liberdade de imprensa dos grandes conglomerados de mídia, as corporações privadas, mas que também nos proteja, meros cidadãos, dos abusos cometidos por elas. Alguém tem que vigiar o grande irmão que nos vigia. E vice-versa.

Fernando Marés de Souza

Algumas opiniões dos leitores que assistiram a matéria e compartilharam de minhas impressões na ocasião.

https://twitter.com/#!/DIVITTAOFFICIAL
https://twitter.com/#!/blogsessao

Anonymous não esquece e não perdoa:

Mensagem deixada por  um anônimo que hackeou a conta de Arnaldo Jabor em 2011.

FREEDOM TO THE PEOPLE & REGULATIONS TO CORPORATIONS
#OccupyMainstreamMedia #j17

Roberto Freire não vai atrapalhar abertura da CPI das Privatizações outra vez

Não é a primeira vez que se tenta abrir uma CPI para investigar as denúncias de corrupção no processo de privatização das telecomunicações e o papel de Ricardo Sérgio como operador de um esquema de propinas e uso de fundos de pensão para financiar consórcios privados. O delegado Protógenes Queiroz (PC do B) protocolou o pedido de CPI da Privataria há poucos dias, o presidente do PPS Roberto Freire é contra, mas sabendo que não tem como barrá-la, diz que “assina quem quer”.

Da página oficial do PPS:

“O presidente do PPS [Roberto Freire] lembra que as gestões do PT no Palácio do Planalto tiveram maioria suficiente para apurar as privatizações realizadas no governo dos tucanos e que nada atrapalhou a base de investigar. “

Orly? Nada “atrapalhou a base de investigar”?

E que tal o fato do presidente do PPS – então na base governista – ter pressionado os deputados do partido a retirar assinaturas da CPI que investigaria o caso? Só para agradar o PSDB na aprovação das reformas, ao invés de “elucidar um dos maiores escândalos da história do país.”

Matéria do Correiro Brasiliense de 2003:

José Dirceu livra ex-diretores do BB e Previ

 O Palácio do Planalto articulou o enterro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a participação do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira na privatização das telecomunicações e a denúncia de recebimento de propina. Partiu do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a ordem para dar cabo à CPI, cujo pedido já tinha sido deferido pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). 

  De olho na aprovação das reformas, o governo preferiu agradar à bancada do PSDB a elucidar um dos maiores escândalos da história do país. Encabeçados pelo vice-líder do PPS, Leônidas Cristino (CE), outros 98 deputados retiraram a assinatura que haviam dado para instalação da CPI. Curiosamente, a CPI foi proposta pelo deputado mineiro Júlio Delgado, do mesmo partido de Cristino. 

 O deputado Roberto Freire (PPS-PE) confirma que o recuo foi uma decisão da bancada atendendo ao governo federal, que não queria a CPI. O PPS faz parte da base de apoio ao Planalto no Congresso. ‘‘A bancada do PPS resolveu retirar as assinaturas para atender o Palácio do Planalto e a João Paulo (presidente da Câmara)’’, revela Freire. No PT, os 40 deputados que tinham apoiado a CPI retiraram suas assinaturas. 

  A CPI foi proposta por Delgado a partir das reportagens publicadas, no final de março, pelo Estado de Minas e Correio Braziliense, revelando o esquema montado por Ricardo Sérgio para que o grupo do empresário Carlos Jereissati comprasse a Telemar com dinheiro dos fundos de pensão, em especial da Previ (dos funcionários do Banco do Brasil). O requerimento de retirada da CPI foi apresentado pelos parlamentares no dia 29 de maio. Em 3 de junho, a CPI foi ‘‘sepultada’’ por João Paulo. (Ana D’Angelo)

(© CorreioWeb/Correio Braziliense)

http://www.romildo.com/anabb/anabb_artigo_jor003.htm

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Previsão: 2012 será o ano do levante popular contra a corrupção no Brasil

A STRATFOR (Strategic Forecast, ou Previsão Estratégica em português) é uma “agência de inteligência privada” especializada em serviços de “previsões estratégicas”, “segurança corporativa” e “contraterrorismo” que tem como clientes as maiores corporações do mundo, para quem vende informações e análises exclusivas, abertas ou secretas. CNN, Bloomberg, AP, Reuters, The New York Times e BBC costumam citar a Stratfor como “autoridade em estratégia e tática de inteligência e informação”. A revista Barons publicou logo após os ataques de 11 de Setembro – que a Stratfor “está sempre a frente da imprensa — e da CIA”, num artigo sobre a empresa intitulado “The Shadow CIA”.
Ontem os clientes da Stratfor receberam um cartão natalino nada agradável, que não só não trazia a previsão do futuro, como anunciava a incerteza e a impossibilidade da companhia em prevê-lo. A carta do CEO George Friedman  alertava que a empresa havia sido “hackeada por pessoas não autorizadas” e que estava averiguando qual a extensão do dano.

Na página da empresa – agora desfigurada –  hackers Anonymous deixaram um vídeo de Natal – Anonymous LulzXmas – e a íntegra em inglês de “L’Insurrection qui vient” (A insurreição que vem), manifesto anarquista anônimo de 2007 – que irônicamente prevê o eminente colapso do capitalismo – texto atribuído pela polícia francesa à Julien Coupet, um dos “9 de Tarnac”, presos e condenados por suposto “terrorismo” ao causar atrasos de trens e destruição de propriedade.

Os hackers #Antisec dizem ter se apossado de 200GB de dados, incluindo os dos cartões de crédito dos clientes, com os quais – dizem – doaram 1 milhão de dólares para caridade. Como aperitivo, o coletivo de hackers publicou a lista dos clientes da empresa, que até ontem eram ocultos.  Lá estão quase todas as maiores corporações do mundo, inclusive a Petrobras. A mais famosa “corporação privada” de “informação privada”, a “CIA das sombras”, que dizia vender o estado da arte em inteligência e segurança da informação, foi completamente humilhada por ativistas anônimos #Antisec. Especializada em prever ataques, não conseguiu prever sua própria ruína.
A Stratfor talvez nunca se recupere do golpe. Não será a primeira e provavelmente nem a última . Diversas outras empresas de “white hats”, hackers que trabalham para aumentar a segurança da informação – os #ProSec – foram atacadas este ano, sendo o caso mais ilustrativo a da  HBGary, cujo vazamento dos e-mails revelou tramas sinistras de algumas empresas de segurança da informação, incluindo uma campanha de desinformação contra jornalistas que apoiavam o Wikileaks.
Para quem não está familiarizado com o quê é Anonymous em sua expressão política, recomendo o breve texto de Biella Colleman: “Anonymous: From the Lulz to Collective Action” como introdução. A autora admite – e ela tem a mais extensa pesquisa acadêmica sobre o tema  –  que não é fácil entender o que é Anonymous e o que ele representa. Anonymous é a superconsciência da Internet.  O trailer de um documentário de longa metragem que será lançado ano que vem também pode ajudar a compreender seu “ethos”.

Analistas táticos da “Stratfor” – a CIA das Sombras – podem concordar ou discordar do tamanho da importância de Anonymous no desenrolar da Primavera Árabe ou no Occupy Wall Street, mas devem todos concordar com Biella que a contribuição é inegável. Hoje, estabelecida uma rede de indivíduos bem formados, bem informados, interessados em compartilhar informações e ter impacto geopolítico, Anonymous se transformou ele próprio numa “agência de inteligência”, uma agência de inteligência que não é governamental nem privada, uma agência de inteligência pública. Uma CIA da luz, ou melhor, de lulz.
Então, para saber as “previsões estratégicas” de 2012 você pode ir perguntar ao pessoal da Stratfor, só dê um tempo para que eles consigam organizar a bagunça em que se meteram. Outra alternativa é ir perguntar para quem acaba de invadi-la, surrupiá-la e humilhá-la. A opção é sua.
AnonymouSabu é “considerado o número 1 do LulzSec” pela imprensa especializada, e um dos poucos que não caiu nas mãos das autoridades policiais. Nunca foi identificado e pode ser considerado uma verdadeira “autoridade em estratégia de inteligência e informação”, que consegue se esconder, enganar e superar todas as outras “autoridades”, sejam elas governamentais, privadas ou paramilitares, que o caçam há um ano sem sucesso. (UPDATE: Em março de 2012 foi revelado que Sabu estava preso e colaborando com o FBI desde Junho de 2011)
Neste Natal, entre anúncios sobre os resultados da ação contra Stratfor, Sabu fez somente uma previsão para 2012, justamente em uma  conversa pública no Twitter comigo e com outro brasileiro: “Minha previsão? 2012 vai ser o ano do levante contra a corrupção no Brasil” escreveu em inglês o já mitológico hacker.

Sabu conhece a realidade brasileira, se comunica em português – até foi falsamente identificado como um cidadão português por seus detratores que o acusam de ser um terrorista. Disseminou o material vazado da operação Satiagraha, promove as ações de hacker brasileiros – em quem de vez em quando dá uns puxões de orelha –  e numa prova que está entre as pessoas mais inteligentes e bem informadas do mundo, lê e as vezes concorda com algumas das “análises de inteligência” do RoteirodeCinema ;).
O Brasil entra em 2012 com todas as instituições sob suspeição: o executivo, o legislativo, o judiciário. O partido da situação, o partido da oposição. A velha mídia, as igrejas, as organizações não governamentais. Pouca gente sabe, mas a “Marcha contra a Corrupção” – assim como a primavera árabe e o Occupy Wall Street – teve uma semente do Anonymous. Em Agosto João Paulo Martins escreveu na Revista Encontro:
“Brasileiros, unam-se contra a corrupção e a censura!”, esta frase, quase uma ode à revolta popular, foi escrita pelo usuário anonymouSabu, em seu Twitter. Ele é um famoso hacker, criador do grupo LulzSec e responsável por vários ataques nos Estados Unidos, inclusive contra páginas da CIA e FBI na internet” (…) E é bom que você se prepare, pois os grupos estão preparando uma grande ação no dia 7 de setembro, propositalmente na data de comemoração da independência do Brasil. Eles não revelaram o que será feito”.
Em 6 de Setembro, velhas instituições corruptas como Globo, Abril, CNBB, OAB sequestraram a palavra do movimento contra a corrupção, e com seu envolvimento ativo na promoção dos eventos acabaram levando ao afastamento da juventude e por consequência ao fracasso numérico e representativo das Marchas, como matéria da Veja, então promotora dos eventos e sua auto declarada porta-voz:  “Manifestantes cobram maior presença de jovens no movimento.” 

A repercussão de Privataria Tucana e o silêncio midiático em torno da CPI da Privataria mostraram que as entidades corruptas  que cooptaram os movimentos contra a corrupção e os transformaram em Marchas apáticas, conservadoras e envelhecidas não se interessam pelo combate à corrupção, apenas por sua própria agenda de poder.
Em 2012, com o silêncio dos hipócritas, sem a tutela da velha imprensa, um verdadeiro movimento apartidário contra a corrupção vai tomar forma no Brasil, um movimento esclarecido, informado, não ingênuo nem facilmente manipulável por conglomerados de mídia, muito menos fundamentado nos quadros de militância dos partidos corruptos da situação e da oposição. Em 2012 todas as instituições corruptas serão desnudadas. E o espiral do silêncio não dá mais conta de conter tanta informação.

“Expect us” diria Sabu. Tenho certeza que 2012 será o ano do levante popular contra a corrupção no Brasil.  Não há previsão mais fácil do que essa, ainda mais quando a possibilidade dela se concretizar só depende de você. E do tamanho de sua indignação.

Feliz Natal, ou Happy LulzXmas.

Update: Três meses depois da redação deste artigo o hacker Jeremy Hammond foi preso pela ação contra a Stratfor, com a ajuda de AnonymouSabu – Hector Xavier Monsegur – que estava preso e colaborando com FBI nas investigações.
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Roberto Freire não sabe que Verônica Serra é indiciada por quebra de sigilo?

O deputado Roberto Freire (PPS-SP) encampou a defesa do PSDB e tenta barrar a CPI da Privataria. Mas será que ele tem conhecimento das denúncias contra a família de José Serra? Há duas horas respondeu um e-leitor que cobrava as respostas que toda sociedade espera:

http://twitter.com/#!/Politica_Santos / http://twitter.com/freire_roberto

Será que foi Roberto que endoidou? Talvez apenas desconheça a história, uma das tantas reveladas pelo livro de Amaury Ribeiro Jr. Ou será que finge desconhecer?

Matéria do Brasil247 de 10 de dezembro: “Veronica Serra é ré por quebra de sigilo financeiro

“2003.61.81.000370-5. Este é o número do processo judicial, que corre em segredo de Justiça, contra Veronica Allende Serra. Filha do ex-governador paulista e eterno presidenciável tucano José Serra, ela foi indiciada pelo crime de quebra de sigilo financeiro.”

É só pegar o número do processo (2003.61.81.000370-5) e procurar no site da Justiça Federal de São Paulo: http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/. Vai abrir o processo:

ACUSADO: WLADIMIR GANZELEVITCH GRAMADO e outro
ADV. SP016009 – JOSE CARLOS DIAS e outros
ASSUNTO: CRIME DE QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO (ART.10 DA LC 105/01)

Wladimir Ganzelevitch é o jornalista que usou os dados da empresa de Verônica Serra (decidir.com), para publicar matéria no jornal Folha de São Paulo sobre cheques sem fundo de deputados.

Mas e o “outro”, quem é? Para saber é só ir no final da página e clicar em TODAS AS PARTES.

Está lá: INDICIADO: VERONICA ALLENDE SERRA

Cumpri meu dever cívico e informei o nobre deputado e seu eleitor:

Porém, ao invés de se retratar da afirmação falsa e admitir que Verônica foi sim indiciada por quebra de sigilo financeiro, o deputado preferiu simplesmente me bloquear no Twitter e fingir que não viu.

UPDATE: ROBERTO FREIRE CONTINUA EM NEGAÇÃO, ME CHAMA DE MENTIROSO E CULPA CONSPIRAÇÃO FASCISTOIDE LULOPETISTA:

Matéria da Folha de 2001 que deu origem ao processo diz: “As informações foram obtidas no site Decidir.com, que divulga na Internet dados comerciais e bancários sobre consumidores e correntistas de todo o país – o que é irregular, segundo as regras do BC.”

Claro que é irregular, tanto que ela foi indiciada. Verônica é acusada de quebrar O MEU SIGILO BANCÁRIO, pois era correntista do Banco do Brasil na época.

A filha de Serra é acusada – com bastante fundamento – de quebrar o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros. Tudo isso é informação pública. E o espiral do silêncio é tão grande, que nem o deputado Roberto Freire diz saber.

Mas a internet não esquece, não perdoa. E o “internauta” é legião:

http://twitter.com/#!/acordacastelo

http://twitter.com/#!/dantast

Professor Idelber, direto de New Orleans não deixou barato:
Cyber Karma is a bitch:

Estado de negação (complete denial) do dr. Roberto, nobre deputado federal, é prova cabal de que uma CPI da Privataria se faz necessária.

UPDATE 3 – Três dias depois

Verônica Serra publicou nota onde diz “Nunca fui ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal“.

“Outra mentira grotesca sustenta que fui indiciada pela Polícia Federal em processo que investiga eventuais quebras de sigilo. Não fui ré nem indiciada. Nunca fui ouvida, como pode comprovar a própria Polícia Federal. Certidão sobre tal processo,  da Terceira Vara Criminal de São Paulo, de 23/12/2011, atesta que “Verônica Serra não prestou declarações em sede policial, não foi indiciada nos referidos autos, tampouco houve oferecimento de denúncia em relação à mesma.”

Ah, tá, desculpe, agora entendi, tá explicado…. OH WAIT

UPDATE 4 – Quatro dias depois

O Brasil247 publicou agora pouco “Veronica mentiu em pelo menos um ponto da defesa

O Doladodelá concorda: “Verônica Serra Mente

O Gravataí Merengue, respondendo comentários sobre a nota no site “Implicante” diz:

“Gravz: Há dois réus nesse processo – que, diga-se, nem mesmo começou a tramitar adequadamente, pois não há decisão alguma. São os réus James Membrides Rubio Junior e Wladimir Ganzelevitch Gramado. Veronica Serra aparece com a rubrica “indiciado” pq foi CITADA, mas não está no pólo passivo da demanda. Ou seja, ela não entra como ré nem nada do tipo. A ação é movida EXCLUSIVAMENTE contra os dois aqui citados – e não é nem honesto usar golpe semântico por conta de uma RUBRICA do tribunal federal. Menos, né? Já há mentiras demais por aí…”

Take from that what you will.

UPDATE 5 – Cinco dias depois

Através de um comentário de outro usuário – o nobre deputado me bloqueou, não recebo nem posso mandá-lo mensagens –  fiquei sabendo que Freire andou me citando novamente:

Notem que para Roberto, todos que discordam dele neste caso específico são automaticamente tachados de “petistas” ou “lulodilmistas”. O link que ele indica é a tal defesa de Verônica Serra. 

O deputado demonstra sua covardia me bloqueando – sem eu tê-lo ofendido ou insultado – e continuando a me mencionar para seus seguidores – me adjetivando o tempo todo – sem que eu receba estas mensagens. E depois ainda diz: “Falem!”, como se fosse um canal aberto de comunicação. Não é.

Quem leu o texto aqui sabe que em nenhum momento nem eu nem o professor Idelber chamamos de mentiroso “quem dizia que Verônica não foi indiciada”. Chamamos sim, o deputado Roberto Freire de mentiroso, como resposta por ele dizer que EU HAVIA MENTIDO ao dizer que havia apresentado documento que demonstrava que Verônica aparece como indiciada em um processo de quebra de sigilo. E eu apresentei esses documentos, ele pode até se recusar a acreditar nele, mas eu mostrei.

Eu, que sou ingênuo, acho que a verdade e os fatos ainda valem de algo. Esqueço que na vida de um deputado profissional, uma mentira é só mais uma mentira.

o/

PS: I do it for the lulz.

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Matéria da Folha de 2001 que originou o caso: 

30/01/2001 – 03h27
18 deputados emitiram cheques sem fundos
WLADIMIR GRAMACHO, da Folha de S.Paulo
Na República, ninguém emite mais cheques sem fundos do que deputados federais. No último dia 18, a “lista negra” do Banco Central, que guarda os nomes de quem tem pendências nas agências bancárias do país, flagrava 18 deputados com 153 cheques emitidos sem o devido saldo.
Entre senadores, ministros de Estado e ministros de tribunais superiores não houve nem sequer um registro de cheques sem fundos em suas contas correntes naquele dia, segundo levantamento feito pela Folha sobre dados bancários de 692 autoridades brasilienses.
As informações foram obtidas no site Decidir.com (www.decidir.com.br), que divulga na Internet dados comerciais e bancários sobre consumidores e correntistas de todo o país -o que é irregular, segundo as regras do BC.
A maioria dos deputados federais flagrados integra o chamado “baixo clero”, como ficaram conhecidos os parlamentares de pequena expressão, que em geral apenas seguem as orientações dos líderes partidários.
Até mesmo o maior expoente desse grupo, o deputado federal Severino Cavalcanti (PPB-PE), candidato à presidência da Câmara, aparece na “lista negra”, com cinco cheques devolvidos pela agência do Banco do Brasil instalada no prédio dos gabinetes de deputados. Em média, cada um tem valor de R$ 4.000.
“Eu fui traído por uma pessoa que depositou o cheque antes do prazo e desestabilizou minha conta”, justifica Cavalcanti, que já pagou os cheques e agora aguarda que o Banco do Brasil retire seu nome da lista. “Isso para mim é um negócio terrível. Acaba comigo”, disse o deputado, referindo-se à sua candidatura.
Além de candidato, Cavalcanti também é o corregedor-geral da Câmara, a quem compete investigar e denunciar parlamentares por quebra de decoro.
Mas, nesse caso, afirma que não há falta de compostura. “Isso acontece acidentalmente. Só valeria denunciar se houvesse alguém prejudicado”, disse o corregedor.
Se fosse processar algum colega da “lista negra” do BC, Cavalcanti teria que começar pelo deputado Pedro Canedo (PSDB-GO), o recordista de cheques sem fundos, com 41 registros.
Desde 22 de abril de 1996, portanto há mais de quatro anos, existem 11 cheques sem fundos na agência 0005 da CEF (Caixa Econômica Federal).
E, desde o último dia 10 de janeiro, outros 30 cheques foram registrados na agência 2223 da Caixa, instalada nas dependências da Câmara dos Deputados.
“Isso é coisa de quem vive no baixo clero, capengando”, afirma o deputado João Caldas (PL-AL), ao explicar o motivo de ter três cheques sem fundos no BB.
“Para atender os amigos, a gente tem que fazer o que não pode, um sacrifício. Tem muito pedido de matrícula, de pagamento de IPTU atrasado, de consórcio. E eu vou ajudando”, explica o deputado, que aponta o salário baixo como razão dos calotes.
O salário dos deputados é de R$ 8.000, e alguns deles têm limites de cheque especial que superam os R$ 20 mil. Juntando tudo, dá mais de 180 vezes o salário mínimo em vigor, de R$ 151.
Dinheiro insuficiente para atender a todas as demandas da vida parlamentar, segundo a experiência do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), 
que tem cinco cheques pendentes na Caixa Econômica Federal, há um mês.
“Eu custeei a corrida de uns 18 prefeitos aqui no Ceará, dos quais 13 foram eleitos”, justificou o deputado, logo esclarecendo: “Não (eram cheques altos), eram de R$ 20 mil, R$ 30 mil”.
As informações sobre os cheques sem fundos também ajudam a derrubar um 
mito: de que todos os deputados têm privilégios no Banco do Brasil. Todos, certamente não.
Dos 18 deputados flagrados na “lista negra” do Banco Central, 11 foram colocados ali pelo gerente da agência 3596 do Banco do Brasil, que fica no prédio dos gabinetes parlamentares.
“Aqui, a regra vale para qualquer correntista, seja ele deputado ou um cliente normal”, afirma Luciano Moreira, gerente da agência do Banco do Brasil há um ano e meio. “E o nome só sai da lista depois que pagar todos os cheques e as taxas, tudo dentro das regras”, diz Moreira.
Além do pouco prestígio e das pendências bancárias, outro dado une esse grupo de deputados federais. A maioria deles tem mais cheques sem fundos registrados no Banco Central que projetos apresentados em 1999, último dado disponível na Câmara.
Canedo, por exemplo, tem dois projetos e 41 cheques sem fundos. Carlos Batata tem um projeto e 28 cheques sem fundos. Ao todo, 13 dos 18 deputados citados na lista têm mais cheques pendentes que projetos apresentados. Textos aprovados, nenhum deles teve.
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Leia a notícia sobre CPI das Privatizações que a Revista Veja esconde

O blog “OpenSanti” denunciou que a Revista Veja  publicou e quase imediatamente apagou uma matéria de autoria do jornalista Eduardo Bresciani que romperia o silêncio da revista sobre a CPI das Privatizações.

Fui conferir eu mesmo, e a acusação procede. A única matéria jornalística do veículo sobre o tema da “Privataria Tucana” – uma reprodução da Agência Estado – foi deletada dos servidores, apesar da entrada da matéria permanecer em seu mecanismo de busca.

Porém, como a internet não esquece e não perdoa, o Google capturou a página original em seu “cachê” o que  nos permite ler o texto escondido pela revista.

Segue o texto então, na íntegra, e fica a pergunta: por que Veja censurou a matéria?

Política

CPI sobre privatizações é protocolada na Câmara

Por Eduardo Bresciani

Brasília – O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) protocolou hoje o requerimento que pede a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para investigar as privatizações realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso. A ação tem como base o livro Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, que no ano passado esteve envolvido no escândalo da violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que só deve decidir pela criação ou não da CPI a partir de fevereiro de 2012.

Foram apresentadas 206 assinaturas junto com o requerimento mas, segundo Protógenes, algumas podem estar repetidas e o total deve ficar em cerca de 200. Para criar uma CPI, são necessárias 171 assinaturas e o pedido de investigação deve ter fato determinado. Marco Maia pediu um parecer à Secretaria-Geral da Mesa da Casa para analisar se o requerimento atende às duas exigências, mas já adiantou que somente no próximo ano definirá o tema.

“Não há nenhuma possibilidade de se fazer uma análise ainda neste ano. Não vejo também necessidade de dar prioridade absoluta porque não é nada tão fundamental ou que possa trazer prejuízo ao país que não possa esperar o trâmite normal”, disse o presidente da Câmara. Protógenes afirmou que o pedido de investigação atende a um “clamor popular”. Disse ainda que as possíveis irregularidades nas privatizações podem ser mais graves do que as denúncias contra o governo Dilma Rousseff. Apesar da queda de seis ministros por acusações de corrupção, até agora a oposição não conseguiu assinaturas para a realização de uma CPI.

“Os fatos podem ser até mais sérios do que os escândalos atuais até porque eles podem ter origem nisso. A origem, aliás, está na redemocratização feita no Brasil que foi pior que na Rússia e produziu novos bilionários”, afirmou o deputado do PCdoB. O parlamentar garante que não se pretende usar politicamente a CPI das privatizações. “Não vamos permitir que a CPI sirva para ataque a adversários políticos”, disse Protógenes. Marco Maia, porém, acredita ser impossível manter a investigação sem aspectos partidários. “É uma CPI explosiva que tem contornos de debate político”.

Neste ano nenhuma CPI funcionou na Câmara. Dois seis pedidos protocolados, dois foram rejeitados por decisão do presidente da Casa e para os outros sequer houve resposta. Marco Maia afirmou que pretende criar nesta semana duas CPIs, uma para investigar o trabalho escravo e outra para apurar o tráfico de pessoas. Mesmo com esta ação, elas somente serão instaladas em 2012.

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(Reproduzido de página deletada no servidor da Abril de acordo com os princípios de fair use, ou uso justo)

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Merval Pereira com José Serra reverenciando Amaury Ribeiro Jr. na ABL

Finalmente as organizações Globo romperam o silêncio sobre o livro “Privataria Tucana“, do combativo, premiado e “infame” jornalista Amaury Ribeiro Jr. O homem destacado para a tarefa foi o jornalista “imortal” Merval Pereira, em editorial de opinião que tenta desqualificar o autor Amaury Ribeiro Jr, dizendo que ele não tem “credibilidade”. Para Merval, é o repórter Amaury Ribeiro Jr- e não José Serra, Ricardo Sérgio ou Daniel Dantas – quem deve explicações.

Anuncia-se uma guerra entre a “velha mídia golpista” e “blogueiros sujos chapa-branca”, ao menos é o que promete Paulo Henrique Amorim. Para contribuir com o embate midiático, no intuito patriótico de ver o circo pegar fogo, desengaveto uma matéria do Globo que podem ser muito elucidativa. Uma foto e uma citação do discurso:

Merval cumprimenta José Serra na cerimônia de posse na ABL.

Diz Merval Pereira em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Grifos meu.:

“Trago comigo um exemplo de como o jornalismo pode auxiliar essa busca da verdade. Em 5 de maio de 1981, eu escrevia a coluna política do Globo chamada “Política Hoje Amanhã”, e tive acesso à informação de que o laudo da explosão do Riocentro, ocorrida dias antes, no dia 1 de Maio, havia confirmado a presença de outras duas bombas no Puma dirigido pelo capitão Wilson Machado. 

A notícia foi manchete do Globo, deixando claro que a versão oficial de que a bomba fora colocada no carro por terroristas de esquerda apenas encobria a verdade da tentativa do atentado.

Dezoito anos depois, em 1999, O GLOBO deu outro “furo”, que provocou a reabertura do caso. A série de reportagens de Ascânio Seleme, Chico Otavio e Amaury Ribeiro Jr. ganhou o Prêmio Esso de Reportagem daquele ano e reabriu o caso, transformando o Capitão Wilson Machado e o sargento Guilherme Pereira do Rosário de vítimas em réus.

E agora, quem não tem “credibilidade” para falar de Serra e “deve explicações” é Merval. A internet nunca esquece. E nunca perdoa.

PS: Olha que coincidência: tinha acabado de falar de Merval e Amaury:

Suspeição: Merval Pereira e o potente ouvido da imprensa

Ontem Merval Pereira publicou um artigo n’O Globo intitulado “Suspeição“, onde coloca sob suspeição o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e insinua um possível impedimento seu na ação do Mensalão. Merval nos conta o seguinte:

“[A]  repórter Vera Magalhães, da “Folha de S. Paulo”, ouviu uma conversa por celular do ministro com seu irmão, Marcelo, em um restaurante de Brasília. Ele reclamou do que classificou de “pressão da imprensa”, afirmando que a tendência do tribunal era “amaciar com o Dirceu”, mas que todos acabaram votando “com a faca no pescoço”.

Fica a pergunta: sou só eu, ou a história do imortal Merval está muito mal contada? Num país onde supostamente se proliferam “doutores escuta”, empresas de espionagem e arapongas a soldo de empresários e partidos políticos – e de certa imprensa que se comporta como partido político – e que num passado recente teve CPI dos Grampos e ministro do STF supostamente grampeado em seu próprio gabinete, o fato de uma jornalista “ouvir uma conversa particular que o ministro teve com seu irmão pelo celular” não coloca a história – como posso dizer – sob suspeição?

Quão potente é o ouvido da imprensa? Perguntem ao Amaury Ribeiro Junior.

Leia também:

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Internauta discute com Jornalista e vira a notícia

A rede de intrigas na gritaria e no silêncio da imprensa sobre a Privataria Tucana, ou Internauta discute com Jornalista e vira a notícia, por Fernando Marés de Souza

Por acompanhar pelas redes sociais o jornalista Antônio Luiz Costa – altamente recomendo para quem gosta de cultura SciFi e política nacional e internacional – acabei recebendo uma notícia muito curiosa que reflete a transformação por que passa a comunicação social.

“Notícia do portal  Comunique-se: Colunista da Veja.com discute
com internauta que perguntou se ele iria defender José Serra”.

A primeira curiosidade é que descobri – olha que coincidência – que o “internauta” em questão sou eu. Li com surpresa meu nome completo e por extenso na matéria. Fiz uma pergunta a um colunista da Veja, Ricardo Setti, e de repente isso virou notícia no Portal Comunique-se. Tempos interessantes para a comunicação. O jornalista Anderson Scardoelli conta o seguinte:
“Primeiro a criticar a atitude de Setti em divulgar a nota assinada por FHC, Fernando Marés de Souza fez questionamentos – aparentemente irônicos –ao colunista do site da Veja. “Leu o livro Ricardo? Vai defender o Serra? Interessante notar que “infâmia” não é mentira”, perguntou. Não intimidado, o jornalista não só aprovou o comentário com respondeu, como afirmou que a própria revista serviu de matéria-prima para o livro de Ribeiro Jr. “De onde você tirou a ideia de que vou “defender” Serra? Não trabalho para ele. Se há algo de que se defender, cabe a ele. Não sei se você sabe, mas o principal do livro saiu em Veja em 2005”, rebateu Setti.”
O internauta em questão então gostaria de esclarecer aos leitores do Comunique-se o seguinte:
A interpretação de que “critiquei a atitude de Setti em divulgar a nota assinada por FHC” é equivocada. Foi através da atitude do jornalista que tomei conhecimento da nota, então ao invés de “criticar a publicação” eu agradeço a informação. Setti costuma sempre responder minhas perguntas, só por isso comento em seu blog, senão nem perderia meu tempo. Não considerei sua resposta desrespeitosa e nem imaginava que nossa troca de mensagens fosse digna de nota. Ainda mais frente a reação de outros jornalistas que – coincidentemente ou não – trocaram farpas com seus leitores por causa desse mesmo tema recentemente.
Ao contrário de outros articulistas de Veja – com quem não não perco tempo discutindo – o blog de Setti não tem a “infâmia” de censurar comentários ou de se “intimidar” com perguntas. A verdade é que Ricardo Setti discute sempre com os internautas. Comigo a discussão é geralmente é boa. Então é uma boa notícia. A notícia podia ser melhor se tivesse um link pra fonte, o post original do Setti. Para que o “internauta” pudesse ir lá conferir em loco. Fica a dica. Discutiria isso diretamente com o Jornalista, mas o portal Comunique-se pede cadastro – e até CPF – para que o internauta em questão possa comentar na matéria.
A segunda curiosidade é que não foi a primeira notícia que eu li esta semana sobre jornalistas da “grande imprensa” discutindo de forma que pode ser considerada agressiva com seus leitores em blogs e redes sociais, justamente por causa do tratamento que esta “grande imprensa” deu ao lançamento do livro Privataria Tucana, ou silenciando ou tentado desqualificar o autor, o “infame” jornalista Amaury Ribeiro Jr.
O Brasil247, veículo criado para a mídia digital, publicou um artigo sobre o fenômeno, Silêncio da privataria: quando a imprensa se cala, e num ato em que parece querer comprovar que é “pautado” por seus leitores e vê isso com bons olhos, admite publicamente que o artigo foi sugestão de “internautas”, e – olha que coincidência – outra vez “internauta” em questão sou eu.
No artigo que diz ter sido sugerido por mim, o jornalista Daniel Iraheta relata episódios em que Dora Kramer, Ricardo Noblat e Kennedy Alencar – jornalistas do Estadão, Globo e Folha respectivamente – se engalfinharam publicamente com seus leitores: “Nunca escrevi ou comentei sob chicote de patrão, de fonte ou de leitor/telespectador/ouvinte/internauta. Não farei agora”, tuitou o jornalista Kennedy Alencar. “Façamos o seguinte: matriculem-se na faculdade de jornalismo, trabalhem 30 anos no ramo e aí a gente discute, ok?”, disse Dora Kramer.
Iraheta  acha que a atitude dos jornalistas citados revela a desconexão com as mídias digitais: “Que mal há se os seguidores exigem uma posição daqueles que consideram analistas políticos de referência sobre um fato político relevante? Esse é o mais claro indicativo de interesse público – o principal combustível do jornalismo.”  A conclusão do artigo que “sugeri” coincidentemente é muito parecida com o que penso:
Por meio das redes sociais, o jornalismo está se tornando cada vez mais horizontal. Sim, os leitores mandam, mas não precisam ser encarados como capatazes. É o interesse público em tempo real tuitando e cutucando. E não chicoteando!
O modelo top-down, a que Folha, Estadão e afins estão acostumados, não se encaixa na rotina produtiva de notícias atual. Hoje, quem decide o que é notícia não é só a empresa de comunicação, o colunista, a fonte. É o leitor – ativo, questionador, em contato permanente com o jornalista pela internet.
Esse leitor não precisa ingressar na escola de jornalismo hoje para aprender a discutir com colunistas. São os jornalistas de hoje que precisam entender que o modelo de 30 anos atrás ficou lá no passado. Mesmo!
Talvez não seja coincidência, e o fato de eu acabar sendo sempre “o internauta” em questão seja um mero sintoma do fenômeno desse “jornalismo em transformação” onde quem pauta a imprensa é o leitor. A terceira curiosidade é que quando eu – que não sou jornalista e sim roteirista – publiquei no começo deste ano um artigo no Roteiro de Cinema onde – just for the lulz – desmenti grande parte da imprensa brasileira que havia publicado o factóide que o “Brasil é recordista de notícias censuradas no Google”, tanto o portal Comunique-se quanto Ricardo Setti – olha que coincidência – são citados por mim entre acusados de cometer uma grave incorreção jornalística. Uma barrigada assumida com constragimento pelo Estadão e pela Abraji. Observem então, empiricamente, a diferença de conduta entre Setti e o portal Comunique-se quanto a correção da informação falsa e o compromisso com seus leitores:
“Ricardo Setti apurou, e com muita dignidade admitiu o erro e publicou  esclarecimento em seu blog e em seu Twitter, inclusive citando informações do Roteiro de Cinema e provendo um link para cá.” escrevi em meu artigo.
E como agiu o portal Comunique-se? Em flagrante desrespeito aos seus leitores, simplesmente apagou a matéria como se nunca  tivesse publicado a informação incorreta. Tentou empurrar o “lixo” pra baixo do tapete ao invés de admitir o erro e corrigir a informação.
A matéria original ainda pode ser acessada pelo cachê do Google. Nos comentários da página deletada pode-se claramente ver os leitores do portal Comunique-se “discutindo” com o jornalista que publicou a matéria. O que aliás poderia até render uma nova matéria para o portal Comunique-se, que afinal cobre os bastidores do jornalismo e da comunicação: “Internauta discute com jornalista do portal Comunique-se”.
O  professor Antonio Meira da Rocha foi o primeiro a criticar a atitude do Comunique-se: “Campanha de propaganda fajuta contra o Brasil. Leia mais sobre a suposta censura” escreveu o internauta,  indicando um link para um artigo de um blog – Roteiro de Cinema – que contradizia a informação apresentada.  Intimidado pelo leitor que contestava a veracidade dos fatos apresentados pelo veículo, o jornalista do portal Comunique-se simplesmente apagou a matéria. E nunca publicou a correção.  
Não é coincidência. É uma espécie de “karma cibernético”. O “internauta” – não o em questão, mas sua representação ideal – é a superconsciência da internet. O “internauta” nunca esquece. E também nunca perdoa. Essa legião anônima é hoje a principal força transformadora do mundo.
O embate de “internautas” contra a “velha grande imprensa” no episódio do lançamento do livro do Amaury é apenas mais um capítulo do processo histórico de transformação por que passa o jornalismo.  Um outro momento emblemático deste processo  foi o lançamento dos Princípios Editorias da Rede Globo. De maneira muito curiosa, um vídeo simples e contundente editado pelo jornalista Antônio Mello – demonstrando que o Jornal Nacional descumpriu seus princípios editoriais  na mesma edição em o anunciava com pompa –  repercutiu tanto nas redes sociais que William Bonner – constrangido por seus espectadores que enviaram o vídeo para seu perfil no twitter – teve que se retratar na edição seguinte.

Antônio Mello disse que teve a ideia de fazer o vídeo quando leu  um texto – olha que coincidência – publicado no Roteiro de Cinema e escrito por mim, onde usava o tratamento dado a uma merendeira suspeita de um crime para exemplificar o jornalismo irresponsável praticado pelo Jornal Nacional, que não respeitava a presunção de inocência e o contraditório.O exemplo em questão foi o caso de uma merendeira do RS, mas bem que poderia ter sido a o caso de Amaury Ribeiro Junior.
William Bonner disse em 2010 no Jornal Nacional que Amaury  “pagou por informações” “obtidas de forma ilegal”, e em reportagem condenatória, Cesar Tralli apresentou uma testemunha exlcusiva que incrimina Amaury, e termina afirmando que “é dado como certo o indiciamento de Amaury pela polícia.” Só depois de acusado, julgado e condenado pela Globo, pela Folha, Veja e Estadão, que o jornalista foi indiciado pela Polícia Federal. A versão de Amaury – que jura ser inocente de qualquer ilegalidade – sempre foi silenciada pelos barões da mídia.
É reveladora a cobertura do caso feito na época pelo Jornal da Globo de William Waack – jornalista acusado por “internautas” de ser “pau mandado da CIA” por ter sido flagrado passando informações ao embaixador americano em cabo confidencial vazado pelo Wikileaks. Em fala que deve entrar para os anais da história do jornalismo, o jornalista Heraldo Pereira diz o seguinte:
“E pensar que tem espírito de porco querendo limitar o acesso à livre informação, a liberdade de imprensa. Pois foi o trabalho da reportagem, tanto da Folha quanto da Globo, como vimos com Cesar Tralli, que desvendou a história da quebra ilegal de sigilo. E ninguém é capaz de acreditar facilmente que setores do PSDB – leia-se Aécio Neves, que nega veementemente – poderiam estar envolvidos nessa história de “guerra tucana” como setores do PT tentam emplacar. Isso não cola. Parece até história pra boi dormir”. 
A então candidata Dilma Roussef aparece no final da reportagem rebatendo a emissora: “O próprio jornalista em depoimento à policia federal – que eu li na internet – diz que ele fez o trabalho entre um conflito entre dois candidatos a presidência tucanos. Esconder isso é de fato tentar colocar algo que a minha campanha vem negando desde o princípio. Nós não quebramos sigilos fiscal e não fizemos dossiês”. Heraldo Pereira volta para concluir vaticinando: “Uma coisa é certa, essa história ainda pode render muito. Aguardem os próximos capítulos, meus amigos”.
A eleição passou e só agora o “próximo capítulo” foi escrito. E por Amaury Ribeiro Jr. E afinal parece se confirmar a versão sempre consistente de Amaury, essa mesma relatada por Dilma. Com o passar do tempo foi justamente a história de Amaury a que “colou”. Aquela que supostamente foi desvendada pela Folha e pela Globo é que “não emplacou”, que virou “história para boi dormir”. Mas Heraldo finge que a conclusão do escândalo não é mais com ele e também silencia. A conversa de William Waack com o embaixador americano revelada pelo Wikileaks era justamente sobre a rivalidade entre Aécio e Serra, e as tensões que estariam “dividindo o partido” tucano na definição de quem disputaria a eleição contra a canditada do presidente Lula, informações que corroboram ainda mais a versão de Amaury.

Equivoca-se quem pensa que Amaury e seu livro estão a serviço do PT ou do governo. O PT também é alvo do livro e é ameaçado pelo movimento que o livro causou. Não é por outra que líder de Dilma no congresso, Cândido Vaccarezza já disse que governo petista não quer a CPI da Privataria. Dilma também não quer. Lula em seu primeiro discurso como presidente – num prenúncio do que viria – disse que não olharia pelo retrovisor, que não iria atrás dos corruptos da gestação anterior. Começou ali o cozido que culminou no acordão da CPI do Banestado. Empurrou-se para debaixo do tapete os documentos da maior lavanderia da história da corrupção mundial. Até o concreto armado do prédio do congresso sabe que as contas CC5 foram usadas tanto por tucanos quanto petistas – e peemedebistas, pefelistas, banqueiros, empresários etc – para lavar o dinheiro sujo da corrupção, dos caixas dois e das sobras de campanha.

Na esteira da publicação do livro  foram poucos  jornalistas que trabalham para a “velha imprensa” que ousaram tocar no assunto. Na maioria das vezes, esses colegas e patrões que outrora apresentavam Amaury com sua coleção de prêmios Esso e Vladmir Herzog, agora usam o indiciamento pela polícia – que aconteceu justamente por pressão da imprensa – para desqualificá-lo. E numa espetacular ironia, é Amaury que acaba sendo acusado, por um  ex-presidente da república, de promover “assassinatos morais de inocentes.”
O que FHC diz de Amaury é irrelevante. Para Amaury – e sua “moral assassinada” pela máquina de moer reputações da grande imprensa –  não faz diferença carregar mais uma “infâmia”. Amaury confia na história e  entende o papel do “internauta”. Reconhece que foi ele o responsável por romper o bloqueio midiático e colocar sua reportagem na pauta nacional novamente. E a “grande imprensa” não se livrará tão fácil do fantasma de Amaury.

Com a exceção do Blog do Noblat – que em geral desqualificou Amaury e repercutiu a defesa dos tucanos –  fez-se uma semana de silêncio absoluto sobre o assunto nas Organizações Globo. Na internet, no jornal e na TV ignoram o livro, as denúncias contidas nele, as declarações de FHC e Serra, a anunciada CPI da Privataria do deputado Protógenes, ou qualquer coisa relacionada ao tema. Mas é só questão de tempo. Não é mais possível conter a realidade. Uma hora o William Bonner terá que pronunciar o termo “privataria” em rede nacional. Dá até pra acreditar que o apresentador um dia volte a citar o nome “Amaury Ribeiro Jr” no jornal que apresenta, como teve que voltar a falar da merendeira. Talvez isso dependa só do “internauta”, que hoje pode discutir isso diretamente com o jornalista em questão. Contestá-lo, informá-lo, pautá-lo, e até constrangê-lo.

O veterano jornalista Ricardo Kotsho coloca o dedo na ferida de seus colegas. O tratamento dado ao livro de Amaury seria o “exemplo mais descarado de manipulação da informação e do tratamento seletivo das denúncias do “jornalismo investigativo” da velha imprensa”. Pergunta Kotsho aos seus leitores:
“Para quê e para quem, afinal, serve esta liberdade de imprensa pela qual todos nós lutamos durante os tempos da ditadura, que eles apoiaram, e hoje é propriedade privada de meia dúzia de barões da mídia que decidem o que devemos ou não saber? As respostas, por favor, podem ser enviadas aqui para a área de comentários do Balaio.”

O convite para que seus leitores “discutam” com ele na “caixa de comentários” de seu blog pode se transformar em matéria penosa. Apesar da liberdade que tem como jornalista do Grupo Record – para falar do caso de Amaury e da Privataria Tucana, além de outros assuntos espinhosos que provocam o silêncio sepulcral nas redações, como a corrupção de Ricardo de Teixeira –  não deve ser fácil justificar para seus leitores a sua própria “indignação seletiva”. Kotsho obviamente silencia quando as denúncias são aquelas que pesam contra a própria Record, emissora para qual trabalha e que é acusada pelo MPF de ter sido comprada com dinheiro lavado em paraísos fiscais pelo bispo Edir Macedo, seu patrão, usando os mesmo métodos de internação em off-shores praticados por Ricardo Teixeira e pelos privatas tucanos, em transações tão brilhantemente descritas por Amaury em seu livro.

Paulo Henrique Amorim, outro funcionário da Record e um dos grandes divulgadores do livro de Amaury, assim como os jornalistas que vem criticando nesse caso, também costuma recorrer a simples desqualificação dos autores de acusações. Se ficar acuado pelas acusações contra o dono da Record feitas na matéria de Cláudio Tognolli para Brasil247, PHA pode muito bem dizer, como já disse antes – que o autor não merece credibilidade por ser supostamente biógrafo de Daniel Dantas e fonte dos arapongas da Kroll, enquanto o editor do Brasil247, Leonardo Attuch, pode ser desqualificado apenas lembrando que é o único jornalista na historia recente que teve uma operação da polícia federal criada especialmente para investigar sua atividade jornalística. Na desqualificação de Attuch, PHA faz coro com Mino Carta – que deu a primeira capa de revista ao livro de Amaury – e com a Veja, que um classificou Attuch como “negociante de notícias”, “quadrilheiro que deve satisfações à polícia”, autor de um “panfleto ignominioso”, “novelista” e “profissional à venda”, quando a revista tentou desqualificá-lo ao invés de refutar as acusações que Attuch fez contra o dono da Editora Abril, Roberto Civita, e vários jornalistas da Veja em seu livro “A CPI que abalou o Brasil – os segredos do PT e os bastidores da imprensa”.. Interessante que quando se atacam entre si na tentativa de desqualificação de um autor de denúncias que não os agradam, todos soam iguais. Todos são ao mesmo tempo vítimas e perpetradores dos mesmos crimes de imprensa.

No livro de Amaury, apesar do foco ser na Privataria Tucana de Ricardo Sérgio e da família de José Serra, o autor relata dezenas de episódios de lavagem de dinheiro por notórios personagens brasileiros: Maluf, Lalau,  Dantas, Jorgina, Marcos Valério, e Ricardo Teixeira entre outros. É sintomático – e até compreensível – que o único caso notório de lavagem de dinheiro que acabou ficando de fora do livro seja justamente aquele que diz respeito – olha que coincidência – ao atual patrão de Amaury Ribeiro Junior, que hoje também  cumpre expediente na Record de Edir Macedo. Todo jornalista acaba tendo o rabo preso afinal, nem que seja em uma situação momentânea. No final, o “internauta” é o único isento.

O importante é que a era do espiral do silêncio está acabando. E o “agenda setting” agora quem faz sou eu. Aliás, nós. A quem chamam de “internauta”. A velha grande imprensa terá que se adaptar, ou – como até seria melhor em alguns casos – irá desaparecer por falta de credibilidade. Ao ficar muito exposta à luz. Ou soterradas pela montanha de lixo que criaram e não conseguem mais esconder.

Fernando Marés de Souza é “internauta”.  

PS: O Blog do Noblat – olha que coincidência – nunca corrigiu as informações incorretas sobre a suposta censura de notícias no Google. Já “discuti” com ele sobre isso e me respondeu apenas que a matéria não é dele, é do Estadão. Como se eu não soubesse. E como se ele não fosse responsável pela correção das informações que publica em seu blog. O cara que em 2000 publicou um “ERRAMOS” na capa do jornal Correio Braziliense.