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Nova posição da AR sobre a Classificação Indicativa é ilegítima

http://i2.squidoocdn.com/resize/squidoo_images/-1/lens1926335_1231675034obey-giant.jpg Presidente da Associação dos Roteiristas, o autor da Record Marcílio Moraes, não permite o debate interno sobre o tema e transforma sua visão desinformada e contraditória em posição oficial da entidade.

Está no AR a novela da Posição Oficial da Associação dos Roteiristas sobre a Classificação Indicativa, que  passou do “somos A FAVOR da Classificação Indicativa, sabemos que é um direito do cidadão garantido na Constituição e concordamos que ela deve ser resultado de um debate permanente”, assinado por mais de uma centena de nomes e sustentada há quatro anos, para “somos CONTRA a classificação indicativa, acreditamos que ela é inconstitucional e nos recusamos a debatê-la” assinado apenas pela “Diretoria da AR” e sustentada há quatro dias.

A decisão de transformar a Associação dos Roteiristas na única entidade da sociedade organizada brasileira que se diz “contra a classificação indicativa”, não foi tomada baseada na opinião e vontade dos roteiristas brasileiros e dos membros da AR, apenas na interpretação da questão por um pequeno grupo de autores de novela da Globo e da Record. Marcílio Moraes, Walcyr Carrasco, Tiago Santiago e outros membros da Diretoria da AR, que de forma arbitrária, apresentam suas opiniões desinformadas, contraditórias e equivocadas como a posição oficial da entidade que comandam, sem legitimidade para tal, pois não tem respaldo dos membros da AR, e ferem decisão anterior do colegiado.

A decisão da Diretoria de publicar nova posição oficial sobre o assunto foi feita de forma apressada no dia 08/12/2010, no intuito de tentar esconder os equívocos e contradições das declarações de Marcílio Moraes e Walcyr Carrasco na imprensa, revelados por este blog. Na tentativa de confundir a opinião pública, censuram documento contra a censura que eles mesmos assinaram, criam outras contradições e expressam mais inverdades.

Diz a “nova posição pública da AR sobre a Classificação Indicativa” que “as posições proclamadas em manifesto pela AR, em 2007, contra a assinatura da Portaria que instituiu o chamado “Manual da Nova Classificação Indicativa” pelo Ministério da Justiça, não têm mais validade, já pelo fato da portaria ter sido assinada e estar em vigor (…). O manifesto continuou publicado no site da Associação apenas como referência histórica.”

E agora o documento não se encontra mais publicado no site nem como referência histórica. Pois então vou contextualizar o documento historicamente nas palavras do Presidente Marcílio Moraes, quando outro associado – não eu – questionou declarações de Marcílio para a imprensa no final de Julho deste ano:

Diz Marcílio Moraes para os membros da AR em 27/07/2010 sobre o Manifesto de 2007: “Lembrei a posição oficial da AR, corporificada neste manifesto, por causa da tua insinuação de que eu estaria “usando o nome da entidade para lastrear minhas posições e idéias”. (…)  Quanto à posição da AR, está sempre em aberto. Eu dei aquela declaração ao jornal, postei aqui na lista, e algumas pessoas, você entre elas, acharam por bem rediscutir. Nenhum problema. Mas para mudar a posição da entidade, só com votação.”

Dois dias depois, dia 29/07/2010, relatei as propostas de alguns colegas somadas com as minhas e coloquei para apreciação dos membros da AR. Era uma proposta de encaminhamento para uma nova posição oficial da AR sobre a classificação indicativa, que visasse um texto de consenso, que representasse a visão da maioria dos associados sobre o tema, e que foi apoiada por mais de uma dezena de membros – incluindo outros diretores – quando interferiu o Presidente:

Diz Marcílio para os membros da AR em 29/07/2010: “Amigos da AR, Vocês vão me desculpar, mas não há nada em votação. A proposta do Fernando, que é interessante, deve ser levada à assembléia. A AR já tem uma posição firmada sobre a Classificação Indicativa Obrigatória, difundida no seu site e por seus associados há anos. Não pode ser mudada assim, de sopetão, só porque o Sr. Secretário de Justiça resolveu telefonar para mim para dizer que não gostou do que eu disse à Folha de São Paulo. (…) Conforme for, se a gente detectar que existe real abertura para modificações, aí discutimos o assunto na assembléia e elaboramos uma proposta concreta. Nesse momento,  a sugestão do Fernando será de grande valia. Abraços. Marcilio

Na mesma data, 29/07/2010, Marcílio é citado na imprensa dizendo que “Sempre fomos contra a classificação indicativa“. No mesmo dia em que o Presidente diz para os membros da AR que “A AR já tem uma posição firmada sobre a Classificação Indicativa Obrigatória, difundida no seu site e por seus associados há anos“, posição claramente “a favor da classificação indicativa”, diz na imprensa, como Presidente da AR, que “nós sempre fomos contra a classificação indicativa.” demonstrando que ele nunca respeitou a Posição Oficial da AR firmada por seus colegas, assinada até por ele mesmo, Marcílio, e por Walcyr Carrasco e Tiago Santiago.

Duas semanas depois, enquanto os “poucos e mais expressivos” novelistas convocados não atendiam o telefone para marcar a tal reunião com o Secretário, o próprio dá mostra de que há “abertura para modificações” na Classificação Indicativa, dizendo ao Daniel Castro que “Governo admite alterar regras da classificação indicativa.”

Na qualidade de Diretor Regional da AR, coloquei novamente na mesa a proposta – originalmente de Romeu Di Sessa – de se “criar uma comissão voluntária, ou grupo, para debater o assunto em lista separada e elaborar um documento de consenso para apreciação do colegiado”. A resposta do Presidente foi “A diretoria se reuniu semana passada e considerou que a Classificação Indicativa não é uma questão oportuna para a gente discutir no momento”.

Tiago Santiago volta a citar o documento que naquela data – segundo sustenta o Marcílio hoje – já estava supostamente “expirado”, pra defender a decisão de não debater internamente a questão: “Concordo com o Marcílio que conversar com esse pessoal do MJ acaba por legitimar o atual trabalho deles. Como resposta ao Secretário, sou a favor de que a AR divulgue à Imprensa imediatamente o manifesto que está no site, contra a censura, contra a vinculação de horário, contra o cabresto que representa o Manual de CI, pura censura, sob pretexto de Classificação Indicativa”.

Walcyr Carrasco também concorda: “Eu também acho que continuar com essa discussão é inútil. As posições estão configuradas. A AR tem um posicionamento claro enquanto associação. Essa posição deve ser respeitada por todos os membros. (…) No caso dessa posição ser revista, isso deve ser feito dentro dos critérios da AR, com debate amplo em assembléias e votação, quorum e tudo mais.”

Passei cinco meses tentando criar uma comissão oficial da AR para debater internamente e mudar a posição oficial da entidade sobre a Classificação Indicativa, para que fosse um texto de consenso ainda maior do que o Manifesto de 2007, documento ao qual tenho críticas fundamentadas. Desejava mudar a posição da Associação dos Roteiristas para ela fosse inclusiva da maioria de nós autores-roteiristas do audiovisual, e numa canetada, durante a noite, Marcílio Moraes muda a posição oficial da entidade para uma visão que representa apenas a opinião dele e de alguns poucos mais expressivos autores e novela.

E afinal, algum roteirista brasileiro, ou membro da AR, concorda com a nova posição da AR? Quem aí, além de Marcílio, Walcyr e Tiago Santiago, é “contra a classificação indicativa”?

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