O Futuro da Associação dos Roteiristas

arAgradeço as mensagens públicas e privadas em solidariedade ao meu desligamento da AR – Associação dos Roteiristas. Pra quem não entendeu o que se passou, minha única resposta pode ser a seguinte: eu também não. O que sei é que me suspenderam arbitrariamente em julgamento sumário à revelia, me acusaram de um monte de mentiras, nunca provaram nada, e não querem responder minha defesa. Preferi me desligar do que fazer parte de uma entidade injusta. Procurarei a justiça na história, se no “areópago” dos roteiristas brasileiros ela me é negada.

Posso dizer que sou um dos fundadores da AR, pois entrei na ARTV em 2002, e estava presente no dia em que a ARTV – que ostentava há alguns meses a sigla provisória de ARTC – se transformou em AR, no dia 31 de Julho de 2006, no Teatro da UniverCidade. Nesse dia fui eleito por aclamação Diretor Regional Sul da Entidade. Marcílio Moraes foi reeleito Presidente por aclamação, ninguém se apresentou para o posto. Começava o terceiro mandato do Marcílio Moraes como presidente da Associação dos Roteiristas, três anos depois do fim do triunvirato – com Lauro Cesar Muniz, Tiago Santiago e Sergio Marques, onde Marcílio ocupava o posto de Presidente de Honra. Irônico é que Honra é o que lhe faltou várias vezes nesses sete anos, desde que lhe tiraram o “de Honra” de seu título, e ele passou a ser definitivamente o “Presidente da AR”.

Em 12 de Julho de 2003, o Roteiro de Cinema noticiava que na Assembléia geral da ARTV – Associação de Roteiristas de TV, Cinema e outras mídias de 2003, os associados “votaram por unanimidade, a mudança da antiga estrutura colegiada (comandada por um triunvirato), que apesar de teoricamente mais democrática, se mostrou ineficiente para dar agilidade na administração da entidade.” Estava criado o cargo de Presidente Oficial da Associação dos Roteiristas Brasileiros de Televisão, Cinema e Outras Mídias. O Presidente eleito por unanimidade foi o roteirista Marcílio Eiras Moraes.

Em Outubro daquele ano, no segundo mês da gestão de um Presidente sem o “de Honra” no nome, um associado da ARTV, o roteirista Wilson Alves, foi expulso da Associação dos Roteiristas por reclamar na lista de discussão do abuso de nudez e sexo numa novela do Gilberto Braga. Saiu até matéria no Estadão, “Roteiristas brigam por sexo em Celebridade”.

No evento da expulsão de Wilson Alves, me posicionei contra a expulsão do associado, exigi que a situação do associado na entidade fosse esclarecida pela Diretoria e regulamentada, e sugeri que fossem criadas regras para a lista de discussão, mensagem ao qual Rene Belmonte respondeu que minhas “observações foram bem colocadas” e estariam “sendo elaboradas regras para mensagens, que irão [iriam] nos guiar daqui pra frente.“

A expulsão de Wilson Alves em 2003 foi injusta. Ele exigiu: “Me mostrem as regras ou me expulsem”. O coro puxado por Tiago Santiago deu o veredito. Expulsaram o associado, nunca mostraram as regras, nunca fizeram as regras, nunca pediram desculpas. A ironia é um elemento sempre presente na Associação dos Roteiristas, nesses sete anos presididos por Marcílio Moraes, um auto-proclamado defensor da liberdade de expressão e da liberdade individual de criação. O próprio site da ARTV havia criticado meses antes um programa de um colega, chamando em matéria de capa como “a pior novela de todos os tempos”.

Algumas semanas antes da Assembleia de 2006, quando foi criada a AR, eu escrevi e enviei para a lista o texto “O Futuro da ARTV”, onde tecia um quadro do universo dos roteiristas brasileiros, fazendo um chamado à união de todos o roteiristas, de todas as mídias.

Newton Cannito respondeu: “Excelente a visão do Fernando E também os dados. Mostra o potencial de termos uma associação unificada!!!”. Marcílio Moraes classificou como o “belíssimo trabalho que o Fernando mostrou numa simples mensagem [que] prova que estamos no caminho certo. Mostra o potencial de termos uma associação unificada!!!”. Iara Regina exclamou: “É perfeito! Ele contextualiza muito bem o campo, traz informações preciosas e propõe uma reflexão mais ampla, capaz de nos ajudar a tomar uma decisão bem fundamentada.” Mauro Alvim refletiu: “Eu também parei para refletir sobre tudo o que o Fernando disse e dou nota dez! O ideal seria se realizássemos uma assembléia com o maior número de pessoas possível.”

No dia seguinte, Patricia Oriolo, fez um chamado a todos os roteiristas que gostariam de manter seus nomes no site, ou seja, que de fato estavam interessados em continuar assumindo publicamente, junto com a Diretoria, fazer parte da Associação dos Roteiristas. Trinta e dois nomes responderam. O meu era um deles. Além disso, o novíssimo site da entidade era – e é até hoje – parcialmente baseado em conteúdos escritos ou pesquisados por mim.

Quem estudar a história da Associação dos Roteiristas através das mensagens trocadas por seus associados através da Internet, verá que a AR, a Associação dos Roteiristas, que visava congregar todos os roteiristas brasileiros, não só um pequeno grupo de autores de televisão aberta, nasce de um e-mail enviado por mim. Essas mensagens se encontram todas arquivadas em meu computador, em centenas de outros computadores pessoais, e nos servidores do Yahoo. Fico feliz de dizer que me orgulho de todas as posições que firmei, de saber que ainda sustento cada palavra que disse, em todas as mensagens que enviei aos meus colegas roteiristas.

Eu disse em 2006: “Creio que a próxima assembléia geral seja o começo de uma nova etapa para a associação. Há muito o que se discutir. Decisões importantes devem ser tomadas. Estarei lá com certeza.”

Em 2010 não vou estar. Não posso estar no Rio na data escolhida, foi marcada muito em cima da hora e tenho compromissos profissionais que preciso cumprir como bom profissional. Há alguns anos que isso acontece comigo, as Assembleias costumavam ser no meio do ano, mas passaram a ser cada vez mais tarde, sem data fixa, sempre atrasadas, marcadas com pouca antecedência, numa inércia comum de quem só precisa de um plebiscito formal de vez em quando para continuar no comando.

Não estaria de qualquer jeito na Assembleia, me desliguei da AR para não atrapalhar o seu futuro. Mas quem é roteirista e puder estar na Assembléia deve estar. Formem chapas e programas. Elejam uma nova Diretoria, discutam maneiras de deixar a AR mais democrática, mais agregadora, para permitir que se possam criar comissões específicas para debater os temas, e que a posição da entidade seja representada por comissões oficiais, não por “poucos indivíduos expressivos” que não respeitam nem os manifestos que eles mesmo assinam.

Talvez seja hora de repensar novamente se o triunvirato – com três conselheiros gerais – com um Diretor Executivo e sua Diretoria Executiva não fosse a melhor estrutura. Ou, no mínimo, ter um Presidente comprometido à cumprir as decisões do Colegiado e o Estatuto da AR, ser corajoso, justo, leal, primar pela verdade e pelo cumprimento das regras escritas, e respeitar os direitos de todos os associados, cidadãos e seres humanos.

O primeiro ato da nova gestão da AR deve ser uma convocação à todo Roteirista Profissional se filiar à AR. Como o mote que ostento há anos em quase toda página do Roteiro de Cinema: “ROTEIRISTA, FILIE-SE À ASSOCIAÇÃO DOS ROTEIRISTAS”. Você que é Roteirista e está lendo este texto, filie-se à AR hoje e compareça na Assembleia, e exija que este seja o primeiro ato da nova diretoria eleita.

O segundo ato da nova diretoria eleita, deve ser um pedido de desculpas público e formal da entidade por ter agido equivocadamente com um colega roteirista. Por ter desrespeitado seus direitos, por tê-lo tratado de forma indigna e desrespeitosa. A AR deve isso há sete anos ao colega roteirista Wilson Alves. Ou se retrata, ou todos os associados terão que se envergonhar por essa mancha em sua história, como a os cristãos devem se envergonhar das excomunhões feitas por seus Papas, como os judeus devem se envergonhar dos “chérems”, censuras religiosas emitidas por seus rabinos. Marcílio Moraes, Tiago Santiago, Ricardo Hofstetter, famosos autores de televisão, que bradam contra a “censura” da classificação indicativa, “excomungaram” colegas da entidade que diz representar todos os roteiristas do Brasil.

O terceiro ato deixo por conta da criação de vocês. Gostaria de ver um compromisso com a liberdade de expressão, com a liberdade de comunicação, com a liberdade de criação, pelo livre acesso à informação. Pelo respeito ao direito alheio, pela fraternidade entre os iguais. Os Roteiristas Brasileiros devem se posicionar em Assembleia se respeitam esses princípios, e se concordam com as atitudes autoritárias e anti-democráticas praticadas pela entidade em seu passado remoto e recente.

E que o brado da AR ecoe novamente, como ecoou em 2006: “Roteiristas de todas as mídias, uni-vos! Vida longa à Associação de Roteiristas de Televisão, Cinema e Outras Mídias! Não importa com que sigla”. O que importa são os princípios.

Abraços,

Fernando Marés de Souza

O FUTURO DA ARTV
Originalmente publicado em 14 de Março de 2006

Caros Colegas,

Apesar de ter escrito que achava que o debate deveria se limitar à
escolha da nova sigla da ARTV, percebo que o debate em torno da
representatividade de nossa associação existe e não vai cessar tão cedo.
Pelo jeito fará parte da ordem do dia da assembléia anual. Percebo
também que este debate pode ser positivo, mas que uma decisão em
particular pode significar um retrocesso. Então, vou tecer minha
opinião, algo como um ensaio para a assembléia. Peço licença à diretoria
para usar a sigla clássica da associação, ARTV, em detrimento da
provisória, ARTC, pois senão o texto não faria sentido.

Sou de uma segunda leva de associados, que conheceu a ARTV através da
internet, no início de 2002, já como associação de roteiristas de
televisão, cinema e outras mídias. Neste mesmo ano a assembléia geral já
discutia a alteração da sigla, por causa do afastamento que ela gerava
nos roteiristas de cinema. Oriundo do universo do cinema, de imediato
concordei, pois eu mesmo havia sentido esse tipo de impressão negativa
ao ler a sigla ARTV. Acredito que quase nenhum roteirista profissional
se limita somente a um tipo de mídia, e uma associação de roteiristas
profissionais só faz sentido se representar os interesses de todos
roteiristas que escrevem para os diferentes meios de comunicação:
televisão, cinema, vídeo, dcine, rádio, quadrinhos, hipermídia
(interativos como hipertexto, jogos eletrônicos e cd-roms), e por que
não, teatro, apresentações, eventos, etc. Todos aqueles que se dedicam a
desenvolver um argumento, próprio ou não, em forma de um documento que
se convenciona chamar de roteiro.

A profissão de roteirista é regulamentada desde o final dos anos 70, mas
com uma clara divisão. A Lei 6.533 e seu decreto 82.385/78 regulamentam
a profissão do roteirista cinematográfico que “cria, a partir de uma
idéia, texto ou obra literária, sob a forma de argumento ou roteiro
cinematográfico, narrativa com seqüências de ação, com ou sem diálogos,
a partir da qual se realiza o filme”. A Lei 6.615 e seu decreto
84.134/79 regulamentam a profissão do roteirista de televisão e de
rádio, que “escreve originais ou roteiros para a realização de
programas. Adapta originais de terceiros transformando-os em programas.”
A Nova CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, do Ministério do
Trabalho e Emprego, publicada em 1994, classifica a “Família 2615 -
Profissionais da escrita”, que por sua vez tem como subdivisão o item
“2615-05 – Autor-roteirista”, que diz ser sinônimo de “Adaptador de
obras para teatro, cinema e televisão, Argumentista-roteirista de
história em quadrinhos, Autor-roteirista de cinema, Autor-roteirista de
rádio, Autor-roteirista de teatro, Autor-roteirista de televisão,
Autor-roteirista multimídia, Dramaturgista” ·

Os sindicatos que representam os roteiristas são o SATED – Sindicato dos
Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões – para roteiristas de
cinema, teatro, eventos e circo; e o SINDICATO DOS RADIALISTAS, para
roteiristas de televisão e rádio, e que para alguns, representa também
os roteiristas das chamadas novas mídias ou multimídia. Também o
SINDICINE de São Paulo e o STIC do Rio de Janeiro são entidades que
regionalmente representam o roteirista de cinema. O SBAT – Sociedade
Brasileira de Autores – que no tempo da Chiquinha Gonzaga não conhecia
roteiristas, em seu estatuto atual admite ser procuradora de roteiristas
“audiovisuais ou similares”, pois afinal, são todos autores. Mas entre
tantas entidades é a ARTV quem vem representado com unidade e sem
distinção o que a legislação defasada e a organização sindical
brasileira insistem, na contramão da história, em separar.

Há mais de cinqüenta anos, nos E.U.A, o “Screen Writers Guild”, dos
roteiristas de cinema, se fundiu ao “Radio Writers Guild”, dos
roteiristas de Rádio, e ao “Television Writers Guild”, dos roteiristas
de Televisão. A nova associação passou a se chamar Writers Guild of
America, que é uma das principais referências éticas da ARTV. Se algum
dia deixarmos de ser uma associação de roteiristas de todas as mídias e
passarmos a ser uma associação de apenas um meio desta atividade,
corremos o risco de ter que se fundir no futuro, com associações que
seriam criadas no vácuo que seria deixado pela ARTV. E neste século XXI,
a convergência midiática tornará ainda mais importante a fração “outras
mídias”, presente em nosso nome. Se na atual conjuntura, outras pessoas
desejam criar uma associação exclusiva para roteiristas de algum tipo
específico de mídia, o problema é deles, que estarão também, na
contramão da história.

Acho importante qualquer atitude que vise nos reafirmar como uma
Associação de Roteiristas de Todas as Mídias. Sabemos que representamos
os roteiristas de cinema, mas como bem disse o Marcílio, parte do
público não. E pior, alguns roteiristas de cinema ignoram esta
representatividade e acabam achando equivocadamente que uma associação
de radialistas usurpa um espaço que deveria ser de cineastas. A ARTV
representa os roteiristas de cinema não só no nome da associação e no
corpo de associados – minha presença, a do Bráulio Mantovani e a do
David França Mendes, entre outros, comprova isto – mas representa também
os interesses dos roteiristas de cinema e de outras mídias no seu
estatuto, no código de ética, na carta de direitos, e nas ações. O
reconhecimento do MinC, por exemplo, na interlocução sobre os editais de
concursos de cinema foi um marco positivo, e os interesses defendidos
nestas interlocuções foram sempre os dos roteiristas de cinema.
Profissionais e iniciantes. Associados como eu, o Nixxon e a Denise
Duarte, que freqüentam listas de discussão com roteiristas amadores,
sabem que nestes grupos há centenas de jovens roteiristas diletantes que
agarrariam qualquer oportunidade de escrever para qualquer tipo de
mídia, e que almejam um dia se profissionalizar e fazer parte de nossa
associação. Ao contrário de alguns roteiristas profissionais, esta nova
geração que se forma sabe que uma categoria profissional não se define
por meios e sim por princípios e fins, e sabe também da ampla
representatividade da ARTV.

A corajosa atitude da diretoria de alterar provisoriamente a sigla da
ARTV para ARTC terá sido positiva se significar, não uma ruptura com o
passado, mas o soar das trombetas de uma nova era para a associação. Há
anos discutíamos a alteração, mas nunca conseguimos avançar o debate. Ao
meu ver, é fundamental a alteração da sigla ARTV para algo que não
provoque preconceitos ou mal entendidos, para algo que não pareça
parcial ou excludente. Somos a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ROTEIRISTAS
PROFISSIONAIS DE TELEVISÃO, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS e opções de
acrossemia não faltam: ARTC, ARTVC, ARTVCINE, ABR, ABRP, ABROT, ABRARP,
ABRAPROROTVCINEMIDI, ou outras que podemos combinar. Particularmente
acho que se deva manter as letras A+R+T+V, somado a algo que remeta ao
elemento CINEMA, pois a identidade de nossa associação que evoca esta
sigla já foi difundida nestes 6 anos de história, e seria uma pena
perder isto. ARTVC ou ARTVCINE me parecem as mais razoáveis. Porém, se
formos perder a identidade ARTV da sigla, como a atual provisória ARTC,
preferiria que então reduzíssemos a sigla para o menos excludente
possível, não citando nenhum tipo de mídia, nem TV, nem C. Siglas como
ABR ou ABRP são boas, mas contam com a desvantagem de já existirem como
sigla de outras associações. ABROT ou ABRARP pelo que sei são inéditas.
Também deve ser orientado para a diretoria, para os associados e para a
imprensa, que quando quiserem usar um nome mais curto em substituição ao
nome completo da associação, usarem “Associação Brasileira de
Roteiristas”, ou “Associação Brasileira de Roteiristas Profissionais”,
ao invés de “Associação Brasileira de Roteiristas de Televisão” ou
“Associação de Roteiristas de Televisão”. Continuo acreditando que os
associados deveriam ser sondados, mesmo que informalmente sobre suas
preferências de nova sigla, por e-mail, antes da assembléia. E que um
amplo debate acerca desta escolha acontecesse aqui na lista. Porém,
confio na diretoria para encaminhar esta questão da forma que melhor
encontrar.

Mas apenas a alteração da sigla não é o suficiente. Precisamos cooptar
mais roteiristas de cinema para nossa associação, assim como roteiristas
de outras mídias. Temos que admitir que a proporção de membros pende
bastante para a fração TV, por causa do contexto de sua fundação. Porém,
a recente chegada do David França Mendes é uma prova de que se bem
informado, o roteirista de cinema tende a se juntar às nossas fileiras.
Roteirista de cinema é mais desgarrado do que o de tv. Precisamos
apresentar a associação, seu estatuto e seu código de ética, e convidar
formalmente notórios roteiristas de cinema como Fernando Bonassi, Victor
Navas, Hilton Lacerda, Karim Ainouz, Paulo Halm, Patricia Melo, Carlos
Gerbase, Giba Assis Brasil, Marçal Aquino, Marcos Bernstein, André
Klotzel, Anna Muylaert, e Tabajara Ruas, por exemplo. Roteiristas que
jogam nos dois times como Jorge Furtado, Leopoldo Serran e Nelson
Nadotti. Roteiristas prolíficos de curta-metragem como Luis Gustavo
Bayão e Aleksei Abib. Roteiristas de rádio como Fábio Malavoglia e João
Carlos Viegas. Roteiristas de histórias em quadrinhos, como Gian Danton
e Eugênio Colonnese. Roteiristas de hipermídia como Vicente Gosciola.
Autores de manuais de roteiro, como Roman Bruni, Eliane Meadows,
Eveleine Zupardo e Jackson Saboya. Roteiristas de TV que ainda não se
associaram, e assim por diante. Devemos convidar roteiristas de todas as
regiões do Brasil. Eu sei que uma parcela destes não se interessará em
fazer parte, porém, a cada profissional que se agrega, a associação se
torna mais forte. Quanto mais diversidade regional e midiática houver,
mais representatividade a entidade terá. A ARTV foi fundada por 79
roteiristas, hoje, depois de 6 anos, temos algo como 145 membros. Talvez
seja o momento de estabelecer uma política que vise dar um salto neste
número. Crescer num sentido amplo, crescer também em diversidade.

Gosto da idéia dos “braços” específicos para cada uma das mídias, como
definiu o Renê Belmonte, funcionando como as antigas comissões. Comissão
de televisão, comissão de cinema, comissão de rádio, comissão de
quadrinhos, comissão de hipermídia. Anualmente a assembléia pode revisar
estas comissões, criar uma nova ou suprimir uma delas. Com a
popularização das inovações tecnológicas, no futuro teríamos uma
comissão de WebTV, uma comissão de Podcast, uma comissão de Jogos
participativos, etc. Se acharem necessário, não vejo problemas em ter
diretorias ou sub-diretorias, nos moldes das que hoje temos as
regionais, para tipos diferentes de mídia: diretoria de televisão,
diretoria de cinema, diretoria de rádio, diretoria de quadrinhos,
diretoria de hipermídia.

A ARTV passa pela fase mais interessante desde sua criação. Website novo
com ótimo conteúdo, a maratona de roteiros ARTV que foi um sucesso, as
interlocuções com o MinC, o reconhecimento por parte de instituições
nacionais e internacionais, a presença constante na imprensa. O universo
do roteiro brasileiro em si passa por uma excelente fase. Concursos
periódicos, cursos em várias regiões, novas publicações, websites e
grupos de discussão na internet. Para se ter uma idéia, o site
www.roteirodecinema.com.br recebe a
média de 21.000 visitantes por mês, com uma média mensal de 75.000
páginas visualizadas. Só no último mês de março, 880 pessoas baixaram o
roteiro de “Cidade de Deus”, e 550 baixaram o de “Celebridade”. Mais de
3.100 leram algum manual de roteiro online, 600 acessaram o Guia de
Registro de Roteiros, 1.120 procuraram concursos e 700 procuraram
cursos. O grupo de discussão do site é formado por 756 assinantes, e a
comunidade do Orkut conta com 2.234 membros. No RoteirosOnLine, da
Denise Duarte, há 780 no grupo e 1173 na comunidade. Numa outra
comunidade do Orkut, o Roteiros – Cinema e TV, há 12.987 membros. Na
ferramenta de procura google, estima-se que pelo menos 5.000 pessoas
procuram a palavra “roteiro” diariamente. O interesse sobre o tema nunca
foi tão grande. Além disso, tem se produzido uma quantidade razoável de
filmes, o celtx – um software livre de formatação de roteiros em
português foi lançado, canais de TV estrangeiros começam a produzir
conteúdos nacionais, concorrentes da Globo investem em teledramaturgia…

Creio que a próxima assembléia geral seja o começo de uma nova etapa
para a associação. Há muito o que se discutir. Decisões importantes
devem ser tomadas. Estarei lá com certeza.

Roteiristas de todas as mídias, uni-vos! Vida longa à Associação de
Roteiristas de Televisão, Cinema e Outras Mídias! Não importa com que
sigla.

Abraços,

Fernando Marés de Souza

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