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Notas do Seminário de John Truby – parte 4/6

Em Setembro participei do Seminário ‘22-Step Great Screenwriting‘, com John Truby, em Londres. Estou publicando aqui, em seis partes, as anotações que redigi durante as palestras. As três primeiras partes podem ser lidas aqui: Parte I, Parte II e Parte III. Segue agora a quarta parte. 

NOTAS DO SEMINÁRIO DE JOHN TRUBY – PARTE IV

FORMAS DE ESTÓRIAS

A trama é uma série de eventos que criam uma linha em determinado formato.


LINEAR

A mais popular em Hollywood.  Narrativa simples e linear que segue um personagem até o final. O Herói intensamente atrás do desejo.

SINUOSA

Associada com Mito. Um herói encontra diversos oponente durante a narrativa, numa jornada de desejo não não intenso, que cobre um largo terreno. Ex: Odisséia,  Dom Quixote, Huckelberry Finn.

ESPIRAL

Bons para Thrillers, o Herói enfrenta camadas de oponentes, se aprofundando em um mesmo mundo. Ex: Um Corpo que Cai, Blow-Up, A Conversação, Amnésia.

RAMOS

Múltiplos protagonistas, cada um indo atrás do seu próprio desejo. Exploram mundos em seqüencia, comparam personagens de uma sociedade. Ex: Viagens de Gulliver, Traffic, Nashville

No original: STORY SHAPES: Linear, Meander, Spiral e Branching. Outras são: Biography Window, Round, Chinese Boxes

FIM DA PARTE IV – LER TUDO, ou leia a Parte I , Parte  II , Parte III

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

Ilustrações retiradas do livro ‘The anatomy of story
Foto por Fernando Marés de Souza

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Conselho de Pedro Almodóvar aos Roteiristas Iniciantes

Durante um Painel promovido pelo New York Times, Times Talk, o diretor espanhol Pedro Almodóvar dá alguns conselhos aos novatos para se tornarem bons roteiristas de cinema, e conta como lida com atores e personagens na criação de um roteiro. Vi o primeiro vídeo num post do Meia-Noite e Um. Veja os vídeos abaixo, via video.msn.com:

Conselho de Pedro Almodóvar aos Roteiristas

O diretor de filmes como “Volver” e “Abraços Partidos” diz o que os roteiristas iniciantes devem fazer para aperfeiçoar seu trabalho.

<a href="http://video.msn.com/?mkt=pt-BR&amp;from=sp&amp;vid=4c08aca6-7654-4f41-ba75-393e880acc0b" target="_new" title="Conselho de Pedro Almodóvar aos Roteiristas">Video: Conselho de Pedro Almodóvar aos Roteiristas</a>

Se você quiser ser um roteirista: Trata de escrever primeiramente sem pensar em mercado. Escreva sobre tudo que lhe dá medo ou escreva sobre tudo que lhe dá vergonha. E sobre tudo o que você ama. (…) Interessa-lhe pela vida dos outros… (…) E o último conselho, leia Anita Loos” – Pedro Almodóvar

O Processo de Escrever um Roteiro

Pedro Almodóvar, diretor de “Abraços Partidos”, revela lida com atores e personagens na criação de um roteiro.

Vi o primeiro vídeo no Meia-Noite e Um.

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Onde conseguir Roteiros de filmes na internet?

Onde consigo Roteiros pra ler pela internet?” Volta e meia recebo por e-mail esta pergunta. É irônico, pois o melhor lugar do mundo para encontrar roteiros de cinema na internet, em inglês ou português, é no site onde a pessoa conseguiu o meu contato. E não é de hoje.

Em Março de 1997, criei a primeira versão do Scripts on the Net, que na época não era mais que uma lista tosca de links para roteiros em inglês, mas apesar da tosquera, era maior, melhor e mais completa que Drew’s Script-o-rama, o site de roteiros mais badalado da época, quando ser listado no diretório do Yahoo contava mais que a qualidade.

Dois anos depois, já premiado e listado no Yahoo, lancei a segunda versão do Scripts on The Net, a primeira biblioteca de roteiros online que contava com uma ferramenta de busca. Como na inauguração, voltava a ser a melhor ferramenta para achar roteiros no mundo.

Mas minha carreira de roteirista e assistente de direção engrenou, comecei a viajar muito e o trabalho exaustivo de inserir manualmente as dezenas de títulos que pipocavam cada mês me afastou do projeto e o site foi ficando abandonado.

Porém, em 2003, animado com o crescimento da Internet em português e motivado pela estabilidade de morar vários meses em um mesmo lugar, por causa do nascimento de minha filha, resolvi criar a primeira versão do Roteiro de Cinema. Apesar de ser um portal completo – com livros, manuais, sites, e outros recursos – desde o começo a principal atração eram os roteiros disponibilizados no site. Mas como conseguí-los? Havia um pequeno acervo no site CinemaBrasil, do Marcos Manhães Marins,  outro no site da Associação dos Roteiristas, no Webwriters, e na página do Rubem Fonseca, mas juntos não passavam de 10 títulos.

Usando meus contatos, mandei para dezenas de roteiristas profissionais, um pedido para que cedessem seus roteiros para a Biblioteca, que naquela época ainda se chamava Banco. E eles começaram a chegar. Bráulio Mantovani cedeu Cidade de Deus, Anna Muylaert cedeu Durval Discos, Roberto Farias cedeu Pra Frente Brasil, André Klotzel cedeu Memórias Póstumas, Carlos Gerbase cedeu Tolerância, Rosane Lima cedeu Bendito Fruto. E assim foi indo, pedindo de um lado, e procurando com um método de pesquisa exclusivo de outro, em meados de 2004, já podia-se contar mais de 20 títulos de longa-metragem filmados.

Hoje, em Outubro de 2009, entre longas, curtas, televisão, são mais de 380 roteiros na íntegra, para se ler e estudar gratuitamente, disponibilizados na Biblioteca de Roteiros Online do portal Roteiro de Cinema. Só os longas filmados, somam 35 títulos.

No ano passado, decidi que a Scripts on the Net precisava renascer, afinal, ela sempre voltava como a melhor ferramenta para encontrar roteiros do mundo, e fazia alguns anos que estava por baixo. Mas não dispunha mais de tempo nem paciência para ficar procurando roteiros e colocando no acervo do site, então a solução deveria ser compatível com o dinamismo da geração 2.0. Foi aqui que Google Custom Search me pareceu a solução perfeita.

Hoje, a Scripts on the Net é novamente a melhor e mais completa ferramenta para encontrar Roteiros em Inglês, Português, Francês, Espanhol e Persa. A ferramenta procura nos maiores repositórios de roteiro do mundo, com destaque para o Script Crawler, Simply Scripts, IMSDb, e The Daily Script, porém a lista é grande. A busca pode ser feita por título, autor, e até por fragmento de diálogo. Cada vez que um título de roteiro novo aparece num desses sites, ele automaticamente é adicionado ao Scripts on the Net. Teste para ver se você encontra algo que goste. Se não encontrar, é 99% de chance de não estar disponível na rede.

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Então, quando alguém tiver dúvidas, pode indicar sem erro. O melhor lugar para se encontrar Roteiros Audiovisuais, em qualquer língua, baixar na íntegra, ler online, de graça na internet, é o Roteiro de Cinema. E vai continuar sendo por muito tempo.

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

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O roteiro e o cinema brasileiro

Por Renato Damião, do Blog Plano Geral

Qual a importância do roteiro cinematográfico? Como elaborar um bom roteiro? Como vender o seu roteiro? Foi para responder essas perguntas que o Rio Market 2009 convidou o roteirista Marc Norman, vencedor do Oscar de melhor roteiro original pelo filme Shakespeare Apaixonado, para ministrar um Workshop dentro da sua programação. Marc percorreu um longo caminho até chegar ao êxito e afirma: não é fácil.

Em seu livro What happen next: a history of American screenwriting (O que acontece depois: a história de um roteirista americano), Marc expõe a relação do roteirista com o público, com a crítica e principalmente com os produtores.  Se o público credita aos atores o bom funcionamento da narrativa, os produtores estão sempre com o pé atrás, afinal, quanto tempo se leva para escrever um roteiro? Três anos, três meses, ou três dias? Para Marc isso não tem fórmula, não se pode nem escrever um roteiro baseado apenas na sua intuição, assim como não se escreve seguindo fórmulas pré-estabelecidas, como propostas pelo escritor Syd Feld. Um bom roteiro nasce da natureza do seu escritor, é orgânico, mas demanda também uma quantidade de técnicas narrativas e dramatúrgicas para alcançar seu lugar almejado. Afinal escrever um filme é contar uma história.

Nos Estados Unidos a indústria cinematográfica provém o sonho de vários escritores que querem fazer cinema e os estúdios e as emissoras estão sempre atrás de novos talentos para renovarem a máquina de entretenimento. Contudo, no caso brasileiro, o circuito parece sempre muito apertado. Na falta de uma mola propulsora os cursos de roteiro estão sempre lotados de estudantes, amadores e profissionais, a procura de desvendar a técnica da escrita do roteiro.

A tal técnica pode passar desde os três famigerados atos aristotélicos até a  “ausência” total de roteiro, de qualquer maneira é inegável que a figura do roteirista sempre gera questionamentos, afinal ele é o primeiro a enxergar o filme antes mesmo de estar pronto. Pela sua cabeça todas as cenas são montadas e encaixadas, fazendo sentido ou não, tudo está no seu lugar. No cinema mudo e no início do cinema falado os filmes seguiam a risca a narrativa clássica até a chegada de Orson Welles e seu Cidadão Kane subvertendo a regra e impondo uma narrativa não-linear.

De lá para cá o cinema passou por vários movimentos e estéticas e muitas vezes a figura do roteirista se misturou com a própria figura do diretor. No Brasil o lema cinemanovista “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” jogou o roteiro nacional para segundo plano, uma vez que o diretor detinha todo o processo de construção da obra. Porém com a chegada do cinema comercial, em meados dos anos 90, a importância do roteiro se tornou necessária e surgiram profissionais que se ocuparam apenas dessa função do cinema. Esse processo chegou a seu ápice com a indicação do roteirista Bráulio Montovani para o Oscar de Melhor Roteiro pelo filme Cidade de Deus.

Apesar dos avanços essa área ainda encontra muitas dificuldades, uma vez que o Brasil não possui uma indústria de cinema e o mercado é dependente, em sua maioria, de incentivos públicos. Também os roteiristas ficam à disposição dos editais que só contemplam projetos já escritos, faltando recursos iniciais para a elaboração dos roteiros. Muito ainda se precisa discutir sobre esse tema,  já que Tv e as novas mídias, a exemplo da internet e videogames, se configuram como novos espaços de disputa dos roteiristas. Pouco se fala sobre profissionalização,  formação de novos roteiristas, salários e condições de trabalho.

As universidades também não possuem uma especialização voltada para esse mercado.  Seminários e debates vem sendo realizados para melhor explicar esse processo, enquanto isso muitos jovens mantém seus roteiros engavetados, uma nova safra de histórias que aguardam sua chegada às telas.

Renato Damião é redator e editor assistente do site do CTAv e cursou Roteiro Cinematográfico na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

Reproduzido da matéria original publicada no Blog Plano Geral do CTAv protegido através de licença Creative Commons.

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Evento discutirá o papel do roteiro e dos roteiristas

por Eduardo Hiraoka, Revista de Cinema

Em novembro, entre os dias 4 e 5, a Revista de CINEMA e o Senac estarão promovendo um grande encontro de roteiristas e um seminário para debater o roteiro no cinema brasileiro com os principais profissionais da área no país. O evento faz parte do 2º. Fórum de Produção de Cinema, que este ano será totalmente dedicado às questões da criação audiovisual através do roteiro. “O roteiro é uma peça importante e estratégica na formatação inicial e final de um filme e, com o aumento da produção, já estava passando da hora de fazermos um evento neste nível aqui no Brasil. Nosso objetivo é promover o crescimento do roteiro e difundir o trabalho dos nossos roteiristas”, afirma Hermes Leal, escritor e editor da Revista de CINEMA, um dos promotores do evento.

Durante muito tempo, o roteiro foi considerado um elemento de segundo plano no cinema nacional, seguindo uma tradição antiga criada pela turma do Cinema Novo onde o lema era “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. O diretor era quem comandava praticamente todas as etapas da construção da obra, dispensando a existência de um autor especializado que lhe escrevesse as histórias. Com a chegada do cinema comercial em meados dos anos 90, que precisava de resultado, a importância do roteiro se tornou definitiva e surgiram profissionais só para trabalhar essa parte importante do cinema. Esse processo culminou com a indicação do roteirista Bráulio Mantovani ao Oscar, pelo roteiro de “Cidade de Deus”.

Reverter herança negativa

Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta muitas dificuldades e tenta encontrar na união um caminho para superar as barreiras da tradição. “Infelizmente, a herança negativa do Cinema Novo ainda resiste”, declara Marcilio Moraes, presidente da Associação dos Roteiristas de TV, Cinema e Outras Mídias. Um dos maiores obstáculos que ainda atravancam a evolução da área no Brasil é a falta de recursos iniciais para a elaboração dos roteiros, como aponta David França Mendes, presidente da Associação Autores de Cinema. “Toda verba para o cinema só aparece depois que o roteiro já está pronto, nos editais. Para fazer o roteiro mesmo não tem recurso nenhum”.

Como o objetivo do fórum é debater e trazer novos conhecimentos sobre o mercado de roteiro no Brasil, o evento será marcado pela presença de roteiristas de duas associações, AC (Autores de Cinema) e a AR (Associação dos Roteiristas), onde se agrupam os profissionais que estão dando uma nova roupagem ao cinema nacional e à televisão. “Organização é fundamental”, afirma David. “Se nós roteiristas não nos pronunciarmos, ninguém vai fazer isso por nós”.

Roteiro também para TV, games e novas mídias

As quatro mesas de debate que ocorrerão no encontro serão divididas em duas linhas, uma para falar sobre conteúdo e outra para a questão do mercado. Quanto ao primeiro ponto, serão abordados tópicos como a qualidade dos roteiros, as diferenças entre textos de cinema e de televisão, e as dificuldades de escrever para gêneros específicos, como o infantil. Sobre o mercado, a discussão envolverá a formação de novos roteiristas, os salários e outras condições de trabalho, que, na visão de Marcilio, ainda são insatisfatórias. “Enquanto nossos produtores e diretores não se convencerem de que sem um bom roteiro não há bom filme, os autores-roteiristas continuarão ganhando pouco”.

Outro tema a ser debatido é o surgimento de outras áreas de atuação, como os videogames e a internet. Segundo Aide Rabelo, coordenadora do Senac, essa é uma oportunidade de “trazer novos rumos para o cinema brasileiro, principalmente agora que novas plataformas de conteúdo audiovisual, como games e web, vêm exigindo cada vez mais dos profissionais”.

Também está programado para 2010 um curso de pós-graduação em roteiro na Faculdade Senac, voltado para uma verdadeira preparação de um roteirista para o mercado de trabalho. Para tanto, serão aplicados novos conhecimentos na área, especialmente utilizando o campo da narrativa estrutural, uma teoria oriunda do texto literário, importantíssima para a formação de um texto de ficção. “Vamos ter um curso como os melhores que temos hoje na Europa e EUA, onde as teorias do cinema e da literatura andam juntas”, explica Hermes Leal, um dos realizadores do curso e autor de um mestrado na USP sobre o assunto. Inscrições no site www.revistadecinema.com.br e www.sp.senac.br.

Reprodução Autorizada da Matéria Original
da REVISTA DE CINEMA Online 

SERVIÇO 

2º Fórum de Produção de Cinema
O Roteiro e a Criação no Cinema, TV e outros Meios.
http://www.sp.senac.br/forumdecinema

O Centro Universitário Senac, a Revista de Cinema e o Instituto Cinema em Transe realizam o 2º Fórum de Produção de Cinema – O Roteiro e a Criação no Cinema, TV e outros Meios. O evento ocorre dias 4 e 5/11/2009 no Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro.

Nos eventos, importantes profissionais e roteiristas do mercado nacional e internacional discutem a importância do roteiro para o sucesso de uma obra audiovisual, os rumos da profissão e o mercado de trabalho. O participante ainda tem oportunidade de aprender como se paga um roteirista, como se faz um contrato e como vender seu projeto aos produtores.

O fórum é voltado a produtores, cineastas, diretores, roteiristas, jornalistas, empresas de finalização e efeitos especiais, distribuidores, exibidores, investidores, laboratórios cinematográficos, fornecedores de equipamentos, diretores de órgãos culturais e governamentais e demais interessados.

Ligado ao tema acontece também o 1º Encontro de Roteiristas de Cinema e TV, para membros da AC – Autores de Cinema e da AR – Associação dos Roteiristas. O Encontro será no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, dia 3/11/2009.

Programação:

Dia 4/11, quarta-feira
• Às 9 horas – Conteúdo para Cinema e TV
• Às 14 horas – O Mercado de Roteiro para Cinema e TV

Dia 5/11, quinta-feira
• Às 9 horas – Mercado Brasileiro e Internacional de Cinema, TV e Novas Mídias
• Às 14 horas – Conteúdo e Mercado para Games e Novas Mídias

Os profissionais que participam das mesas de debate são:
• Bráulio Mantovani – Cinema
• Vera Egito – Cinema
• Newton Canitto – Cinema e TV
• Heitor Dhalia – Cinema
• Thiago Dottori – TV e Web
• Marcos Lazarini – Séries e Telenovelas
• Aleksei Wrobel Abib – Cinema
• Marçal Aquino – Cinema e Literatura
• Di Moretti – Cinema
• Roberto Moreira – Professor da Escola de Comunicação e Artes da USP
• Elena Soarez – Cinema
• Carolina Kotscho – Cinema
• Marcilio Eiras Moraes – Presidente da Associação de Roteiristas

Para se inscrever on-line, clique aqui.

2º Fórum de Produção de Cinema
Dias 4 e 5/11/2009
Preço: R$ 200,00 (inteira) e R$ 100,00 (para estudantes)
Centro de Convenções do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro
Av. Eng. Eusébio Stevaux, 823 – São Paulo – SP
Telefone: (11) 5682-7300
E-mail: campussantoamaro@sp.senac.br

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Saiu a seleção para o Laboratório de Roteiros SESC Rio 2009

O Laboratório SESC Rio de Roteiros para Cinema anunciou a lista dos 10 roteiros selecionados para 2009:

UPDATE: Em virtude da desistência da roteirista Eva Furnari, autora do roteiro O Segredo do Violonista, o Laboratório SESC Rio de Roteiros para Cinema informa a lista atualizada dos 10 roteiros selecionados:

1. A Cadeira do Pai, de Elena Soárez e Luciano Moura
2. Bagdá, de Tata Amaral e Caru Alves de Souza
3. Decisão de Risco, de Bruno R. Módolo, Fernando Grostein Andrade e Rodrigo Oliveira
4. Explode Coração – A História de Gonzagão e Gonzaguinha, de Patrícia Andrade
5. Gasolina, de Carol Castro
6. Getúlio – Meu Pai, de George Moura e João Jardim
7. Inseparáveis, de Domingos Oliveira
8. Na Hora do Frenesi Alimentar, de Marton Olympio
9. O Espelho Cego, de Tiago Teixeira
10. A Pílula, de Douglas Duarte

O Laboratório acontece de 04 a 10 de Novembro e contará com a presença de 10 consultores nacionais e internacionais.

Marton Olympio, selecionado com ‘Na Hora do Frenesi Alimentar’, contou ao Roteiro de Cinema o que isto significa: “É um grande reconhecimento ao trabalho, as horas ali, gastas em cima do roteiro, os caminhos escolhidos, etc. Sei que o caminho entre o laboratório e a tela é imenso e muito complicado. Mas sei também que um passo importante foi dado. O mais importante é estar com a cabeça aberta para assimilar os toques, críticas e olhar de perto os possíveis problemas do roteiro. Porque estar refratário a isso tudo é um tiro no pé se tratando desta oportunidade.”

O projeto, que existe desde 1996, era originalmente organizado no Brasil em parceria com o Sundance Institute, e hoje são realizados pelo SESC Rio, na sede de Nogueira. Estes laboratórios, produzidos por Carla Esmeralda, já promoveram o encontro de mais de 270 roteiristas brasileiros. A edição atual é apoiada pela PUC-Rio, e tem como parceiros o Festival de Cinema Infantil e a Associação Autores de Cinema, AC, que foi fundada por ex-participantes do Laboratório.

Ao todo, até agora,  foram 108 roteiros selecionados em 11 edições que receberam mais de 1.300 horas de consultoria de profissionais especializados dos mercados brasileiro e internacional.

Para este ano, o único consultor internacional já anunciado é Martin Sherman, de ‘Bent’, ‘Sra. Henderson Apresenta’ e ‘Callas Forever’.


Vídeo sobre as experiências dos Roteiristas no Laboratório

Já passaram pelo Laboratório, roteiros como ‘Cidade de Deus‘, de Bráulio Mantovani, ‘Durval Discos‘, de Anna Muylaert, ‘Caminho das Nuvens‘, de David França Mendes, ‘Se Eu Fosse Você‘, de Carlos Gregório, ‘Latitude Zero‘, de Di Moretti, ‘O Invasor‘, de  Marçal Aquino, Sal de Prata, de Carlos Gerbase, além de  ‘Desmundo’, ‘O Ano que Meus Pais Saíram de Férias’, ‘Serras da Desordem’, ‘Cinema, Aspirinas e Urubus’,  ‘Eu, Tu Eles’, ‘Kenoma’, ‘Brava Gente Brasileira’, ‘Mutum’, ‘O Outro Lado da Rua’, ‘Quase Dois Irmãos’, ‘É Proibido Fumar’, ‘Antes Que o Mundo Acabe’, ‘Ódiquê?’, ‘Redentor’, ‘Gaijin II – A Promessa’, ‘Jogo Subterrâneo’, ‘Anjos do Sol’, ‘Federal’, ‘Wood & Stock: Sexo, Óregano e Rock’n’Roll’, ‘Bróder’, ‘Brichos’,  e ‘Onde Andará Dulce Veiga’ entre outros.

Em sua história, os laboratórios contaram com a participação de consultores da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa. São nomes como os de Alexander Payne, Anthony Drazan, Arne Lindtner Naess, Beatriz Novaro, Christopher Hampton, Cristiano Bortone, Curtis Hanson, Duncan North, Edward Pomerantz, Enrique Bellande, Eric Rognard, Fernando Solanas, Frank Cottrell-Boyce, Gyula Gazdad, Howard Rodman, Jessica Bendinger, Jesus Regueira, Joe Tropiano, John Cameron Mitchell, Judith Rascoe, Kevin Sullivan, Lawrence Konner, Lucy Scher, Marcela Fuentes Berain, María Amparo Escandón, Mario Rulloni, Michael Goldenberg, Mieke de Jong, Nelson George, Niels Arden Oplev, Ron Nyswaner, Scott Alexander, Scott Williams, Tom Rickman, Trey Ellis, Vondie Curtis Hall e Zachary Sklar.

Do Brasil, foram consultores Ana Maria Moretzsohn, Antonio Carlos da Fontoura, Bia Lessa, Bráulio Mantovani, Carla Camurati, Carlos Gregório, Claudio Galperin, Claudio Lobato, Cláudio MacDowell, Claudio Yosida, David França Mendes, Denise Bandeira, Di Moretti, Eduardo Coutinho, Elena Soárez, Eliana Fonseca, Giba Assis Brasil, Guilherme de Almeida Prado, Hilton Lacerda, Joaquim Assis, João Emanuel Carneiro, Jorge Durán, Juliana Reis, Lúcia Murat, Marçal Aquino, Marcos Bernstein, Maria Camargo, Maurice Capovilla, Melanie Dimantas, Orlando Senna, Roberto Gervitz, Ruy Guerra, Sandra Werneck, Suzana Amaral, Tizuka Yamasaki e Victor Navas.

Outras informações:
http://www.labroteiro.com.br/

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

Usando textos institucionais do labroteiro.com.br
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Arnaldo Branco e Allan Sieber contratados para Casseta & Planeta

Considerada pela imprensa como uma “tentativa de injetar novas ideias ao programa”¹, a entrada dos Roteiristas Allan Sieber e Arnaldo Branco no Casseta & Planeta Urgente, da Rede Globo, foi anunciada pelos membros do programa como “contratações de peso para seu time”.²

ALLAN SIEBER é gaúcho, cartunista, roteirista e desenhista das tiras ‘Bifa-Land‘ publicada no Estadão, ‘Vida de Estagiário‘ e ‘Preto no Branco‘ publicadas na Folha de S. Paulo. Também escreveu e dirigiu os premiados curtas de animação ‘Deus é Pai‘ e ‘Onde Andará Petrucio Felker?‘.

ARNALDO BRANCO é carioca, roteirista, cartunista e jornalista. Criador de personagens como ‘Capitão Presença‘ e ‘Joe Pimp‘, publicados pela revista Tarja Preta, produz tirinhas do ‘Mundinho Animal‘ no site G1, e escreve as crônicas ‘Histórias (Inventadas) da Televisão’, na revista Monet. Também adaptou o clássico rodriguiano ‘Beijo no Asfalto‘ para os quadrinhos.

Em sua conta no Twitter, Arnaldo brincou: “O Tabajara Futebol Clube comprou meu passe e o do Allan”. Mas os fãs das tiras, HQ’s e textos de Arnaldo não precisam temer, pois o roteirista contou ao Roteiro de Cinema que a rotina de trabalho no humorístico da Vênus Platinada permitirá que ele continue tocando seus projetos anteriores.

As esquetes escritas pelos dois ainda não tem previsão de ir ao ar, mas é possível que o próximo programa – que é exibido toda terça depois da novela das 8 – já conte com piadas da dupla.

O programa Casseta & Planeta Urgente, que está no ar desde 1992, atualmente é dirigido por Carlos Manoel Diegues, Snir Wein e José Lavigne, e é escrito pelos próprios Cassetas – Hélio de la Peña, Hubert, Marcelo Madureira, Cláudio Manoel, Reinaldo, Beto Silva e Bussunda (in memoriam) – além de contar com outros colaboradores. A redação final é assinada por Claudio Manoel e Reinaldo.

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

Imagens do Blog Casseta e Planeta
Quem também noticiou: Outro Canal, da Folha de SP;  Abril Diversão; Blog Casseta e Planeta; Melhores do Mundo; Audiências da TV; Jornal Sport News; Foca Online; Revista Eletrônica

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Notas do Seminário de John Truby – parte 3/6

Em Setembro participei do Seminário ‘22-Step Great Screenwriting‘, com John Truby, em Londres. Estou publicando aqui, em seis partes, as anotações que redigi durante as palestras. As duas primeiras partes – Parte I e Parte II – são relativas a Premissa e Criação de Personagens. As demais serão sobre trama, gênero e diálogo. Segue agora a terceira parte, onde revelam-se os já famosos mas esotéricos ’22-steps':

NOTAS DO SEMINÁRIO DE JOHN TRUBY – PARTE III

Criação de tramas é mais complexa habilidade de um escritor.

Cada roteiro é diferente, então a ordem dos 22 passos  pode ser diferente. Os ’22-steps’ são uma ferramenta para escrever seu material. Não é uma formula rígida. Começando pelo final, para poder ‘enquadrar’ a trama:

1 – AUTO REVELAÇÃO/DESEJO

O que o Herói aprende no final da estória.

O que o Herói sabe no começo da estória.

Sobre o que o Herói está errado no da estória.

2 – FANTASMA E MUNDO DA ESTÓRIA

O Fantasma assombra a vida do Herói, porém o Fantasma não é possível se a estória começa em um mundo paradisíaco.

O Mundo da Estória é o ambiente que cerca o Herói, personagens secundários, arredores físicos.

O Mundo da Estória é a expressão do que o Herói é.

O Mundo da Estória não é a vida real. Numa estória tudo é sobre o personagem e o Mundo da Estória deve serví-lo.

O Mundo da escravidão deve ser uma expressão física da grande fraqueza do Herói.

3 – FRAQUEZA/NECESSIDADE

A falha que o Herói deve superar.

Algo que está faltando e deve ser preenchido no final.

Se for uma necessidade moral, devemos ver ações imorais contra alguém.

4 – EVENTO INCITANTE

Evento externo que cataliza a personagem para uma meta. O Herói acha que consegui resolver um problema, mas cria outros.

5 – DESEJO

Linha de desejo. Simples, específica e contínua até o final da estória.

6 – ALIADO(S)

Consciência do herói. Alguém com quem o Herói pode conversar. Alguém para comparar com o Herói.

Considere dar ao Aliado um desejo próprio.

7 – OPONENTE

Aquele que quer impedir o Herói de atingir sua meta.

Deve-se saber: o porquê, e o quê o Oponente quer. Quais são os valores do Oponente e como eles diferem dos valores do Herói.

8 – ALIADO FALSO – OPONENTE

Oponente que age como Aliado e às vezes acaba desejando que o Herói tenha sucesso.

9 – PRIMEIRA REVELAÇÃO E DECISÃO

O Herói consegue novo pedaço de informação, ajusta a linha de desejo e dá razão para sua meta.

A mudança da linha de desejo deve ser uma “entordada” e não uma quebra. Deve intensificar o desejo.

10 – PLANO

Normalmente não funciona de primeira.

11 – PLANO DO OPONENTE

Quanto melhor o plano do Oponente for, melhor a qualidade da trama.

12 – ROTA

Série de ações que o Herói realiza para alcançar a meta, atrás de seu desejo. São ações imorais.

13 – ATAQUE PELO ALIADO

O Aliado questiona os métodos do Herói.

14 – DERROTA APARENTE

Momento explosivo onde o Herói parece vencido.

15 – SEGUNDA REVELAÇÃO E DECISÃO

Correção no desejo e motivo. Leva a Rota Obsessiva.

16 – REVELAÇÃO PARA O PÚBLICO

Nova informação para o público mas não para o Herói. Público descobre que Aliado trabalha para o Oponente.

17 – TERCEIRA REVELAÇÃO E DECISÃO

Nova correção no desejo e motivo.

18 – PORTÃO, CORREDOR POLONÊS E VISITA À MORTE

Proximidade do Herói com a morte.

19 – BATALHA

Convergência de todos os personagens, ações e espaços. “Insight” sobre o tema.

20 – AUTO-REVELAÇÃO

Repentina e estilhaçante rompante de emoção

21 – DECISÃO MORAL

O Herói se dá conta que tem agido errado e toma uma decisão que prova que ele mudou.

22 – NOVO EQUILÍBRIO

Nível maior ou menor. Numa obra-prima, é uma revelação temática.

Seja flexível, mas mude os passos por seu próprio risco.

A tradução é livre e de minha autoria.

Os conceitos originais podem ser lidos na Parte I.

FIM DA PARTE III – Leia a Parte I e a Parte  II

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

Foto por Fernando Marés de Souza 

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Notas do Seminário de John Truby – parte 2/6

Dias 12 e 13 de Setembro participei do Seminário ‘22-Step Great Screenwriting‘, com John Truby, promovido pelo Raindance Film Festival em Londres. Estou publicando aqui as anotações que redigi durante as palestras, segue agora a segunda parte:

NOTAS DO SEMINÁRIO DE JOHN TRUBY – PARTE II

Decidindo a Premissa.

PREMISSA é a forma mais reduzida da estória, trama e personagem em uma só linha.

Temos que descobrir quem é o nosso personagem principal.

Sempre devemos aplicar o padrão de escrever estórias que podem mudar nossas vidas.

EXERCÍCIO DE AUTO-EXPLORAÇÃO:

Fazer uma lista de tudo que desejaria ver na tela.
Listar todas premissas que você já pensou e procurar por elementos em comum. Determinar qual o personagem mais interessante que você tem.
Determinar um conflito central, quem luta com quem sobre o quê.
Identificar a linha de causalidade.
Determinar a transformação do personagem.

No final, determinar a escolha moral do personagem. Uma estória é a expressão da visão moral de seu autor. A escolha do personagem deve ser entre dois positivos e dois negativos. Uma escolha entre um positivo e um negativo é uma falsa escolha.

Perguntar a si mesmo: Essa simples ‘storyline’ é original o suficiente para interessar os outros?

TEIA DE PERSONAGENS:

Como é a comparação entre os personagens de sua estória: fraquezas, psicologia, necessidades, necessidades morais, desejos, valores, poder, status ou habilidades, argumento moral.

Todo personagem de uma mesma estória  é a variação sobre um mesmo tema. Uma abordagem diferente sobre o problema moral central da estória.

Definir o Herói e focar nele. Determinar sua transformação, seu desenvolvimento. Sua transformação é um processo que deve começar na primeira cena, não deve ocorrer apenas no final.

O escopo da mudança: quanto menor a transformação, menor o interesse.

Sucesso pessoal, superação de doença ou vício, se tornar emotivo NÃO SÃO TRANSFORMAÇÃO. Questionar e mudar crenças básicas levando a novas ações morais é que é a verdadeira transformação.

Exemplos arquetípicos:

Animal para Humano
Criança para Adulto
Adulto para Líder
Líder para Tirano (mudança negativa)
Líder para Visionário

CONSTRUINDO A TRANSFORMAÇÃO:

Definir o quadro estrutural: Primeiro o fim, depois o começo.

Criar  a auto-revelação baseada na fraqueza/necessidade. Revelar uma falsa idéia de si mesmo.

Necessidade moral: de que maneira o herói está causando sofrimento a alguém no começo da estória.

Linha de desejo: Um único e específico desejo durante toda a trama.

ESTÁGIOS  SOCIAIS:

SELVAGEM – O herói é um super-herói ou deus. Pequenos grupos, nômades. Principal oponente é a natureza. Valores de vida ou morte.

VILA – O herói é um guerreiro. Grupos sedentários na vila cercada. Oponentes são estrangeiros, bárbaros. Valores Marciais. Diferença marcante entre o bem e o mal.

CIDADE – O herói é um homem comum. Muitas pessoas, diversas camadas sociais. Divisões étnicas, de dinheiro e de poder. O Herói deseja fazer parte de uma comunidade, deseja justiça, escapar da escravidão da burocracia. Valores de tolerância, decência, igualdade e cooperação.

CIDADE OPRESSIVA –  O herói é um anti-herói. A cidade cresceu tanto, com tantas camadas, tecnologias dominantes, que se tornou um lugar de escravidão total.

Depois da cidade opressiva, o caos leva a destruição, que leva ao primeiro estágio novamente.

Uma estória pode ser localizada entre dois estágios, quando o personagem tem de se adequar em seu tempo, antes que seja destruído.

OPONENTE:

Cada personagem deve ter seus fortes e suas falhas. O oponente deve atacar todas as falhas do herói. Deve ser humano.

FIM DA PARTE II – Ler a Parte I

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

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Notas do Seminário de John Truby – parte 1/6

Dias 12 e 13 de Setembro participei do Seminário ‘22-Step Great Screenwriting‘, com John Truby, autor de ‘The Anatomy Of Story’, promovido pelo Raindance Film Festival na Universidade de Westminster em Londres. Publicarei aqui as anotações que redigi durante as palestras, sobre ALGUNS PONTOS CHAVES dos ensinamentos de Truby. Dividirei o artigo em seis partes. Segue agora a primeira:

NOTAS DO SEMINÁRIO DE JOHN TRUBY – PARTE I

Toda estória é uma seqüência de eventos que leva a transformação de um personagem. Uma transformação moral.

A diferença entre Psicologia e Moral de personagem, é que o aspecto Psicológico só afeta a personagem, enquanto o aspecto Moral afeta os outros personagens.

Não existe diferenças entre trama e personagem, um está intrinsecamente ligado ao outro. Trama são as ações do personagem e eventos que o afetam. Por outro lado, o personagem é definido pelas ações e revelado através da trama.

Truby afirma que toda estória compartilha uma estrutura clássica com 7 estágios em comum:

Fraqueza/Necessidade
                           Desejo
                                 Oponente
                                           Plano
                                               Batalha
                                                  Auto-revelação
                                                      Novo Equilíbrio

NECESSIDADE E DESEJO são duas coisas diferentes. Desejo é o que o personagem quer, e Necessidade é o que ele precisa, para ter uma vida melhor. Por exemplo: se um alcoólatra diz que “necessita” de uma bebida, ele na verdade “deseja” uma bebida. O que ele necessita mesmo é parar de beber. Em muitos casos o Herói não tem conhecimento de sua necessidade.

OPONENTE é a pessoa que está impedindo o personagem de alcançar sua meta. Em quase a totalidade dos casos, herói e oponente desejam a mesma meta, e a competição por ela gera o conflito. Mas para entender isso é preciso olhar atrás das aparências. Exemplo de conflito: Uma filha adolescente pede ao pai para sair com o namorado numa terça feira e o pai nega. Não é que o pai também deseje sair com o namorado da filha. O que eles disputam é o controle da vida da menina.

PLANO pode ser desde as detalhadas etapas para ladrões roubarem um banco, até a ida de uma dona de casa comprar frutas. Podem ser simples ou complexos, e na maioria das vezes, não funcionam de primeira.

BATALHA entre o Herói e o Oponente principal, pode parecer ação, mas a verdadeira ação é somente a resolução da batalha.

AUTO-REVELAÇÃO é o momento de descoberta do Herói sobre como suas ações tem afetado outras pessoas.

NOVO EQUILÍBRIO pode ser alto ou baixo, baseado na experiência narrada na estória vivida pelo personagem

Um versão expandida da estrutura clássica pode conter também estes elementos, os quais não estão sempre presentes em todas as estória:

FANTASMA: Evento do passado do personagem que ainda o assombra no presente. Oponente interno da Personagem.

MUNDO DA ESTÓRIA: Detalhes do ambiente e sociedade, regras, hierarquias onde se insere o personagem.

INCIDENTE INCITANTE: Evento externo que cataliza a personagem para uma meta.

TREINAMENTO: É o momento que o Herói adquire os conhecimentos necessários para derrotar o oponente. Pode também ser o momento ele reúne os aliados.

ROTA OBSESSIVA: Quando o Herói realiza seqüência de ações, muitas imorais, para conseguir sua meta

DERROTA APARENTE: Fundo do poço para o Herói, que o deixa mais obcecado.

PORTÃO, CORREDOR POLONÊS, VISITA À MORTE: Quando o Herói se dá conta de sua mortalidade, e age para dar um sentido a vida.

REVERSO DUPLO: Quando o Herói aprende com o Oponente e cresce. Muito comum em Estórias de Amor.

Existem 3 variações de narrativas clássicas: MITO, CONTO DE FADAS e DRAMA.

Estórias modernas são normalmente mistura de 2 ou 3 variações.

MITO é uma estória circular, e se caracteriza por ser uma Jornada externa onde o Herói combate vários oponentes em seqüência. A revelação não é só uma auto-revelação, mas sim uma revelação pública, com o herói descobrindo ser uma espécie de rei. Pode haver também revelações cósmicas, onde o Herói descobre como a sociedade deve agir para viver melhor no futuro. Ao final, o herói retorna para casa, profundamente transformado e descobrindo seu verdadeiro potencial. O destino é mais importante que as escolhas.

CONTO DE FADAS usa divisões simplistas entre o bem e o mal, maniqueísta. Linhas extremas de desejo que sempre terminam em absoluto sucesso. Os conflitos são familiares, com ênfase em relações pessoais, onde o mais novo é geralmente o Herói. Enfatiza um segredo que o personagem tem que descobrir para se libertar da escravidão, muitas vezes no sentido literal. Presença de um estranho bondoso que ajuda o herói. Soluções simples para problemas complexos, usa Deus Ex-machina. O destino é mais importante que as escolhas.

DRAMA é baseado na causalidade e escolha, não no destino. Personagens mais complexos. Quase nunca é uma jornada física e sim íntima. Os oponentes são íntimos. Leva a grandes decisões morais. As revelações são pessoais e não públicas. A solução final é baseada na escolha, e não no destino.

A tradução é livre e de minha autoria. Os conceitos originais são os seguintes:

FRAQUEZA/NECESSIDADE = Weakness/Need
DESEJO = Desire
OPONENTE = Opponent
PLANO = Plan
BATALHA = Battle
AUTO-REVELAÇÃO = Self-revelation
NOVO EQUILÍBRIO = New Equilibrium
FANTASMA = Ghost
MUNDO DA ESTÓRIA = Story World
INCIDENTE INCITANTE = Inciting Event
TREINAMENTO = Training
ROTA OBSESSIVA = Obsessive Drive
DERROTA APARENTE = Apparent Defeat
PORTÃO, CORREDOR POLONÊS, VISITA À MORTE = Gate, Gaunlet, Visit to Death
REVERSO DUPLO = Double Reversal

FIM DA PARTE I

Fernando Marés de Souza
Roteiro de Cinema, roteirodecinema.com.br

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