Em fevereiro demonstrei aqui que o colunista do Estadão Marcos Guterman estava mal informado – no mínimo – ao afirmar que não se sabia “de alguma valente ‘flotilha da liberdade’ despachada para ajudar as vítimas” da guerra civil na Líbia. Guterman passa por cima dos fatos e evidências em um discurso que visa desmoralizar as entidades humanitárias que tentam ajudar palestinos, numa retórica – falsa – de que as entidades que organizaram a flotilha da liberdade agem apenas por motivações anti-israelenses e não se importam com outras catástrofes humanitárias.
Pois bem, seis meses depois, Guterman erra novamente em sua tentativa de deslegitimar as entidades humanitárias que tentam romper o embargo criminoso imposto por Israel na faixa de Gaza – que limita a entrada de ajuda humanitária na região. O colunista usa a mesma retórica que usou para os Líbios em novo artigo intitulado “Os somalis esperam uma “Flotilha da Liberdade”.
Pois bem, não só uma, mas várias flotilhas da liberdade já partiram para a Somália, organizadas pela mesma IHH turca – Foundation for Human Rights and Freedoms and Humanitarian Relief – entidade humanitária que organizou a Flotilha da Liberdade para Gaza, que Guterman tanto gosta de citar em vão.
Um dos barcos da IHH que parte para a Somália chama-se Gaza. |
Agora pergunto: se Guterman não se retratou ou corrigiu as informações – ou a falta de – na primeira vez que errou, será que irá se corrigir desta vez?
UPDATE: Guterman, com citação explícita a este artigo, se retratou em seu blog.
Campo da IHH na Somália em Julho. |
PS. Pesquisei e não deu outra: “Where’s your flotilla?” virou uma falácia internacional da retórica pró-israel.