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A Insurreição Que Vem: Ponto de Situação

Toda a gente sabe. Isto vai rebentar. É aceite,
com um ar pesado ou orgulhoso, nos corredores
da Assembleia, tal como ontem se repetia no
café. Contentamo-nos com uma avaliação dos
riscos. Para já, uma lista detalhada de operações
preventivas de demarcação do território. As
festividades de passagem de ano revestem-se
de contornos decisivos. “É o último ano em
que haverá ostras!”. Para que a festa não seja
totalmente eclipsada pela tradição do motim,
são necessários os 36 000 bófias e os 16
helicópteros mobilizados por Alliot-Marie, ela
que, aquando das manifestações estudantis de
Dezembro, vigiava tremulamente o menor sinal
de uma contaminação grega. Ouvimos com cada
vez mais clareza, por detrás de uma retórica
tranquilizadora, o fragor dos preparativos de
uma guerra aberta. Já ninguém pode ignorar a
sua assumida, fria e pragmática preparação, que
já nem sequer tem o cuidado de se apresentar
como uma operação de pacificação.

Os jornais elaboram conscientemente a lista das
causas desta súbita inquietude. Há a crise, claro,
com o seu desemprego explosivo, o seu quinhão
de desespero e de programas sociais, os seus
escandâlos Kerviel ou Madoff. Há o fracasso do
sistema escolar que já não consegue produzir
trabalhadores, nem sequer moldar o cidadão; nem
mesmo a partir das crianças pertencentes à classe
média. Existe um mal-estar, dizem-nos, relativo
a uma juventude à qual nenhuma representação
política corresponde, sempre pronta a enviar os
seus carros de assalto às bicicletas gratuitas que
lhes são postas à disposição.

Todos estes temas de inquietação não deveriam,
no entanto, parecer incontornáveis numa
época cujo modo de governação predominante
consiste precisamente na gestão de situações de
crise. Excepto se considerarmos que aquilo que
o poder tem pela frente não é mais uma crise
nem uma sucessão de problemas crónicos, de
desvios mais ou menos esperados. Mas sim um
perigo específico: que se manifeste uma forma
de conflito, e de tomada de posição, que está
justamente longe de ser controlável.

 * * *

Aqueles que, por todo o lado, são este perigo,
terão que levantar questões menos estéreis, como
essas das causas e probabilidades de movimentos
e confrontos que, de qualquer das maneiras, irão
acontecer. Entre as quais, a seguinte: De que modo
o caos grego ressoa na situação francesa? Um
levantamento aqui não pode ser pensado como
a simples transposição do que lá se produziu. A
guerra civil mundial tem ainda especificidades
locais e uma situação de motins generalizados
provocaria, em França, uma deflagração de um
outro teor.

Os amotinados gregos tiveram pela frente um
Estado frágil, aproveitando uma popularidade
forte.

Convém não esquecer que, há apenas 30 anos,
a democracia se reconstituiu contra o regime
dos coronéis através de uma prática de violência
política. Esta violência, cuja memória não é assim
tão longínqua, parece ainda uma evidência para
a maioria dos gregos. Mesmo os líderes do PS

local já conheciam o cocktail molotov da sua 
juventude. Por outro lado, a política clássica conhece 
variantes que sabem muito bem acomodar-se em 
tais práticas e propagar mesmo no interior dos 
motins as suas frivolidades ideológicas. Se não foi 
na rua que se decidiu e terminou a batalha grega 
– tendo sido a polícia notoriamente ultrapassada 
– é porque a sua neutralização se jogou noutro 
lado. Nada é mais exasperante, nada é de facto 
mais fatal, do que esta política clássica, com os 
seus rituais ressequidos, o seu pensamento que 
não pensa, o seu pequeno mundinho fechado.

Em França, os nossos burocratas socialistas mais 
exaltados nunca foram mais do que austeros 
espiões de assembleias, do que responsáveis 
gélidos. Aqui, tudo conflui para que a mais 
pequena forma de intensidade política seja 
aniquilada. Permitindo-nos opor o vândalo ao 
cidadão. E beber de um reservatório infindável de 
simulacros de oposições: consumidores contra 
grevistas, fura-greves contra sequestradores 
de patrões, boa gente contra escumalha. Uma 
operação quase linguística que vai de mão dada 
com medidas quase militares. Os motins de 
Novembro de 2005 e, num contexto diferente, 
os movimentos sociais do Outono de 2007 
forneceram alguns exemplos de tal procedimento. 
A imagem dos estudantes ao redor de Nanterre 
que aplaudem a expulsão dos seus próprios 
colegas aos gritos de “Allez les bleus” não dá 
senão uma pequena ideia do que o futuro nos 
reserva.

Escusado será dizer que o apego dos
franceses ao Estado – último garante
dos valores universais, última barreira
contra o desastre – é uma patologia da qual
é complicado vermo-nos livres. É sobretudo
uma ficção incapaz de prosseguir. Até os nossos
governantes a consideram uma obstrução cada
dia mais inútil, já que, pelo menos, assumem o
conflito, militarmente. Não têm nenhum prurido
em enviar unidades de elite antiterrorista para
dominar as revoltas dos subúrbios ou mesmo
um centro de triagem ocupado pelos seus
funcionários. À medida que o estado-providência
se desmorona o conflicto cru entre os que
desejam a Ordem e os que a rejeitam torna-se a
principal questão. Tudo o que a política francesa
tem vindo a desactivar está em vias de se libertar
violentamente. De tudo o que reprimiu não se
poderá mais levantar. Podemos contar com o
movimento que vem para que encontre, neste
nível de decomposição avançada da sociedade, o
sopro niilista necessário. O que não impedirá que
não encontre outros tantos límites.

Um movimento revolucionário não se espalha
por contaminação mas sim por ressonância.

Qualquer coisa que se constitui aqui ressoa com
a onda de choque emitida por qualquer coisa que
se constitui noutro lugar. O corpo que ressoa fá-
lo segundo a sua própria forma. Uma insurreição
não se propaga como uma peste ou um incêndio
florestal – um processo linear, que se desenvolve
gradualmente a partir de uma faísca inicial. É
antes algo que ganha corpo como uma música,
na qual os seus focos, ainda que dispersos no
tempo e no espaço, conseguem impor o ritmo
da sua própria vibração. Ganhando sempre maior
consistência. De tal modo que qualquer regresso à
normalidade não pode ser desejado, nem sequer
alcançado.

Quando falamos de Império, nomeamos os
dispositivos de poder que, preventivamente,
cirurgicamente, retêm todos os devires
revolucionários de uma situação. Assim, o
Império não é um inimigo que nos confronta.
É um ritmo que se impõe, uma forma de
actualizar a realidade até ao seu esgotamento.
Mais do que uma ordem do mundo trata-se do
seu esgotamento triste, pesado e militar.
O que entendemos desde o partido dos
insurrectos é o esboço de toda uma nova
composição, todo um outro plano do real, que da
Grécia aos subúrbios franceses procura os seus
acordes.

 * * *

É doravante de notoriedade pública que as
situações de crise são ocasiões oferecidas à
dominação para se reestruturar. Sarkozy pode
assim declarar, sem passar por mentiroso, que
a crise financeira corresponde ao “fim de um
mundo” e que o ano de 2009 verá a França entrar
numa nova era. Esta névoa de crise económica
seria então uma novidade. A ocasião para uma
bela epopeia que nos veria, todos junto, combater
em simultâneo as desigualdades e o aquecimento
global. O que para a nossa geração, nascida
justamente na crise e que nunca conheceu nada
para além dela – crise económica, financeira,
social, ecológica – é, como poderão imaginar,
relativamente difícil de admitir. Não nos farão
engolir mais uma vez a armadilha da crise, com
o “vamos começar do zero” e o “basta apertar
o cinto durante algum tempo”. Na verdade, o
anúncio dos números desastrosos do desemprego
não provoca em nós qualquer tipo de compaixão.

A crise é uma maneira de governar. Quando este
mundo parece apenas suportar-se pela infinita
gestão da sua própria derrota.

Gostariam de nos ver a apoiar o Estado,
mobilizados, solidários com um improvável
remendo da sociedade. Mas a mobilização por uma
mudança desse género repugna-nos de tal modo
que é bastante mais provável que nos decidamos
a abater definitivamente o capitalismo.

O que está em guerra não são as formas variáveis
de gerir a sociedade. São, isso sim, as ideias,
irredutíveis e irreconciliáveis, de felicidade e
seus mundos. O poder sabe-o e nós também. Os
resíduos militantes que nos observam, cada vez
mais numerosos, cada vez menos identificáveis –
arrancam os cabelos para nos fazerem entrar nas
pequenas categorias das suas pequenas cabeças.
E no entanto estendem-nos a mão para melhor
nos sufocar; com as suas derrotas, a sua paralisia,
as suas débeis problemáticas. De eleições a
“transições”, serão aqueles que nos afastam
cada vez mais da possibilidade do comunismo.
Felizmente, já não perdemos tempo com traições
nem decepções.

O passado deu-nos demasiadas respostas erradas
para que não saibamos agora que eram as próprias
perguntas que estavam erradas.

Neste sentido, não temos escolha possível:

o fetichismo da espontaneidade OU o controlo pela Organização

a bricolage das redes militantes  OU a Baguette da hierarquia

agir desesperadamente agora OU esperar desesperadamente mais tarde

colocar entre
parênteses o que
há para viver e
experimentar, aqui
e agora, em nome
de um paraíso, que
pelo seu afastamento
constante se
assemelha cada vez
mais a um inferno

OU

remastigar
cadáveres pelo
facto de estarmos
convencidos que
cultivar cenouras
é suficiente para
escapar deste
pesadelo

As Organizações são um obstáculo ao propósito
de organização. Na verdade, não existe nenhuma
diferença entre o que somos, o que fazemos e
o que devimos. As organizações – políticas ou
sindicais, fascistas ou anarquistas – começam
sempre por separar praticamente estes aspectos
da existência. E de seguida o seu formalismo
estúpido é apresentado oportunamente como
único remédio para esta separação. Organizar-se
não significa dar uma estrutura à impotência. É
sobretudo estabelecer laços, laços que não são
neutros, laços terrivelmente direccionados. O
grau de organização mede-se pela intensidade da
partilha, material e espiritual.

Portanto, desde já: “organizar-se materialmente
para subsistir, organizar-se materialmente para
atacar”. Que um pouco por todo o lado se elabore
uma nova ideia de comunismo. Na sombra dos
bares, das tipografias, das okupas, dos vãos
de escada, das quintas, dos locais desportivos,
cumplicidades ofensivas podem nascer;
cumplicidades depois das quais o mundo se
torna subitamente mais sustentado. É preciso não
recusar a estas cumplicidades preciosas os meios
que exigem para desenvolver a sua força.

Aí se situa a possibilidade verdadeiramente
revolucionária da época. Os tumultos cada vez mais
frequentes têm isso de formidável, pois constituem
em cada momento a ocasião de cumplicidades
deste género, por vezes efémeras mas também por
vezes inabaláveis. Existem aqui seguramente uma
espécie de processo acumulativo. No momento
em que milhares de jovens tomam a peito a
deserção e sabotagem deste mundo, é preciso ser
estúpido como um bófia para procurar uma célula
financeira, um chefe ou uma insensatez.

 * * *

Dois séculos de capitalismo e de niilismo
mercantil culminaram na mais extrema
estranheza, em relação a si mesmo, aos outros,
aos mundos. O indivíduo, esta ficção, decompõese
à mesma velocidade que se torna real. Filhos
da metrópole, fazemos esta aposta: é a partir do
mais profundo despojamento da existência que
se desenvolve a possibilidade, sempre silenciada,
sempre conjurada, do comunismo. Em definitivo,
é contra toda uma antropologia que estamos em
guerra. Contra a própria ideia de homem.

O comunismo portanto, como pressuposto
e como experimentação. Partilha de uma
sensibilidade e elaboração de uma partilha.
Evidência do comum e construção de uma força.
O comunismo enquanto matriz de um assalto
minucioso, audacioso, contra a dominação.
Como apelo e como nome, de todos os mundos
resistentes à pacificação imperial, de todas as
solidariedades irredutíveis ao reino da mercadoria,
de todas as amizades que assumem a necessidade
da guerra. COMUNISMO. Sabemos que é um
termo que devemos usar com precaução. Não
pelo facto de, no grande desfile das palavras, já
não estar na moda. Mas porque os nossos piores
inimigos a usaram e continuam a usar. Insistimos.
Certas palavras são como campos de batalha,
cujo significado é uma vitória, revolucionária
ou reaccionária, necessariamente arrancado a
ferros.

Desertar da política clássica significa assumir
a guerra, que se situa também no terreno da
linguagem. Ou antes, na forma como se unem as
palavras, os gestos e a vida, indissociavelmente.

Quando se dedica tantos esforços para aprisionar
por terrorismo uns jovens camponeses
comunistas, que teriam participado na redacção
d’A Insurreição que vem, não é por “delito de
opinião” mas sobretudo porque eles poderiam
encarnar uma forma de conter dentro da mesma
existência os actos e o pensamento. E isto
geralmente não é perdoado.

Esta gente não é acusada de ter escrito algo,
nem sequer de ter atacado fisicamente os fluxos
sacrossantos que irrigam a metrópole. É acusada
possivelmente de ter vinculado a estes fluxos a
densidade de um pensamento e de uma posição
política; por um acto, aqui, tenha podido fazer
sentido segundo uma outra consistência do
mundo, diferente daquela, desértica, do Império.

O antiterrorismo pretendeu atacar o devir
possível de uma “associação de malfeitores”. Mas
o que é atacado de facto é o devir da situação.
A possibilidade de que detrás de cada merceeiro
se esconda alguma má intenção e detrás de cada
ideia os actos que ela reclama. A possibilidade de
propagação de uma ideia do político, anónima
mas palpável, disseminada e incontrolável, que
não possa ser arrumada no cubículo da liberdade
de expressão.

Não há a menor sombra de dúvida que será a
juventude a primeira a afrontar selvaticamente o
poder. Os últimos anos, dos motins da primavera
de 2001 na Argélia aos do inverno de 2008
na Grécia, são uma sucessão de avisos a este
propósito. Aqueles que há trinta ou quarenta
anos se revoltaram contra a moral dos seus pais
não deixarão de reduzir isto a um novo conflito
de gerações, senão mesmo a um efeito previsível
da adolescência.

O único porvir de uma “geração” é o de ser a
precedente; num caminho que, invariavelmente,
leva ao cemitério.

A tradição queria que tudo começasse por um
“movimento social”. Sobretudo num momento
em que a esquerda, que não pára de se
decompor, procura restabelecer benevolamente
a sua credibilidade na rua. Só que na rua, já não
tem o monopólio. Basta ver como a cada nova
mobilização dos liceus – como em tudo o que ela
ousa apoiar – há um fosso que não pára de crescer
entre as suas reivindicações aborrecidas e o nível
de violência e determinação do movimento.

Desse fosso devemos fazer uma trincheira.

Se vemos os “movimentos sociais” se sucederem
e perseguirem uns aos outros, nada deixando
de visível atrás deles, é ainda assim necessário
constatar que alguma coisa persiste. Um rasto de
pólvora que liga o que em cada evento não se
deixa disciplinar pela temporalidade absurda do
recuo de uma lei ou de qualquer outro pretexto.
Por golpes, e a seu ritmo, vemos qualquer coisa
como uma força que se desenha. Uma força que
não se submete ao seu tempo mas que o impõe,
silenciosamente.

Não é mais tempo para prever desmoronamentos
nem para demonstrar felizes possibilidades. Que
venham tarde ou cedo, é necessário se preparar.
Não há que fazer um esquema do que deveria ser
uma insurreição, mas sim trazer a possibilidade
do levantamento àquilo que nunca deveria ter
deixado de ser: um impulso vital da juventude
tanto quanto uma sabedoria popular. Na condição
de se saber mover, a inexistência de um esquema
não é um obstáculo mas sim uma oportunidade.
É, para os insurrectos, o único espaço que lhes
pode garantir o essencial: conservar a iniciativa.

Resta suscitar, manter como se mantém uma
fogueira, um certo vislumbre, uma certa febre
táctica que, chegado o momento, agora mesmo,
se revele determinante e uma fonte constante de
determinação. Desde já reaparecem certas questões
que ainda ontem poderiam parecer grotescas ou
obsoletas; resta se empenhar, não para responder
definitivamente mas para as manter vivas. Tê-las
reposto sobre a mesa não é de longe a menor das
virtudes do levantamento grego:

De modo uma situação de revoltas generalizadas
se transforma numa situação insurreccional?

Que fazer depois de tomar a rua, uma vez que a
polícia tenha sido derrotada de forma duradoira?
Os parlamentos merecem ainda ser tomados de
assalto? O que quer dizer na prática depor o poder
localmente? Como decidir? Como subsistir?

Como se reencontrar?

Comité Invisível
http://brasil.indymedia.org/media/2010/08//475453.pdf

Leia mais:
A insurreição inevitável – manifesto críptico
Previsão: 2012 será o ano do levante popular contra a corrupção no Brasil

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Mariana Godoy e o “NÃO” ao vivo na Globo News

Ontem no Jornal das Dez da Globo News a âncora Mariana Godoy quase ia saindo do script recorrente onde manifestantes devem ser sempre feridos em “confronto com a polícia” quando alguém gritou “NÃO” em seus ouvidos. 
 

“Agora, se são sete jornalistas feridos eu imagino a quantidade de manifestantes que realmente… NÃO… que entraram em confronto com a polícia…” 

Questionada, Mariana não respondeu a pergunta sobre QUEM disse o “NÃO”:

@blogsessao o “não” foi dito em outro local ( mas eu ouvi e acabei repetindo, meio perguntando) e continuei o raciocínio
— Mariana Godoy (@mariana_godoy) Junho 14, 2013
Mariana abriu a reportagem falando que “houve confronto com a polícia” e “algumas pessoas ficaram feridas”. As organizações Globo repetiram em seus diversos veículos o talking point “entraram em confronto com a PM”, mesmo sobre cenas onde vemos manifestantes com as mãos para o alto sendo covardemente atacados pela tropa de choque.
“Manifestantes entram em confronto com a PM” http://t.co/A6IgagK49x, diz a legenda. Manifestantes com as mãos para o alto, mostra a imagem.
— Anonymous (@AnonIRC) June 14, 2013

“Manifestantes entraram em confronto com a PM” é exatamente o sentido que a frase ganha com a correção após o “NÃO” ouvido e repetido por Mariana Godoy, voltando a refletir o discurso homogêneo das Organizações Globo: manifestante só é ferido pela polícia quando “entra em confronto”.

G1: “Manifestantes entram em confronto com a PM”

CBN: “Manifestantes entram em confronto com a PM”
JN: “Manifestantes entram em confronto com polícia” também no Rio.

O fato é que Mariana Godoy ouviu e repetiu um “NÃO” dito por alguém e emendou em sequência “entraram em confronto com a polícia”. Tirem suas próprias conclusões. Se foi apenas uma coincidência, a ironia da situação não deixa de ser digna de nota. E aproveitem e vejam alguns vídeos de manifestantes, e até jornalistas, “entrando em confronto com a polícia”:

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Os Manuais de Roteiro do Cinema Mudo

Quando li o ótimo What Happens Next – The History of American Screenwriting, do roteirista Marc Norman, descobri que a pioneira Anita Loos co-escreveu com John Emerson um manual de roteiro para cinema e fiquei curioso para conhecê-lo. Acreditava que gastando um bom dinheiro conseguiria encomendá-lo em algum sebo nos Estados Unidos. Porém, ao procurar pelo título na internet, descobri que ele estava digitalizado e disponibilizado na íntegra pelo Google Books, e alguns segundos depois já estava lendo as 154 páginas publicadas em 1920, que incluem o roteiro do longa “The Love Expert” como exemplo de formato.

Norman menciona outro manual, escrito por Epes Winthrop Sargent, e rapidamente descobri que o The Internet Archive havia digitalizado e disponibilizado o livro. Resolvi então descobrir todos que existiam. Fucei as bibliografias dos manuais novos e antigos, li artigos acadêmicos, procurei pelas palavras e tags certas no Google Books e no Internet Archive. O que descobri foi fascinante. 

Na era do cinema mudo o mercado editorial sobre roteiro de cinema era muito parecido com o que temos hoje. Uma concorrida prateleira de estudos sérios e embasados ao lado de manuais picaretas fazendo promessas fáceis. Com a chegada do final dos anos 20 e o advento do cinema falado os novos lançamentos foram ficando raros até sumirem. Os títulos até ali lançados foram então esquecidos em bibliotecas públicas pelas décadas seguintes. Até agora.  
Consegui aumentar de 11 para 32 a lista de títulos proposta pela pioneira pesquisa feita por J. T. Velykovsky e achar inclusive dois títulos mais antigos do que o de 1913 que ele acreditava ser o primeiro.

THE PHOTO-PLAY, de Ralph Perkins Stoddard, publicado em 1911, é até que se prove o contrário o manual de roteiro de cinema mais antigo do mundo. HOW TO WRITE A PHOTOPLAYde Herbert Case Hoagland, publicado em 1912, o segundo.

Segue então minha lista, em ordem cronológica, com um link para o texto se ele estiver disponível online:

ANOS 10

THE PHOTO-PLAY
Ralph Perkins Stoddard, Malaney and Stoddard, 1911

HOW TO WRITE A PHOTOPLAY,
Herbert Case Hoagland, New York: Magazine Maker, 1912

THE PHOTOPLAY WRITER,
Leona Radnor, New York: Leona Radnor 1913

HOW TO WRITE MOVING PICTURE PLAYS,
William Lewis Gordon, Cincinnati: Atlas Publishing Company, 1913

TECHNIQUE OF THE PHOTOPLAY,
Epes Winthrop Sargent, New York: The Moving Picture World and Chalmers, 1913

THE ART OF THE PHOTOPLAY,
Eustace Hale Ball, New York: Veritas, 1913

WRITING THE PHOTOPLAY.
Joseph Berg Esenwein and Athur Leeds, Springfield, Massachusetts: The Home Correspondence School, 1913

THE PHOTOPLAY
James A. Taylor, 1914

HOW TO WRITE A PHOTOPLAY,
Arthur Winfield Thomas, Photoplaywrights Association of America, 1914

HOW TO WRITE PHOTO-PLAYS,
Clarence J. Caine, Philadelphia: David McKay, 1915

THE PHOTODRAMA
Henry Albert Phillips, Larchmont, New York: The Stanhope-Dodge, 1915

PHOTOPLAY SCENARIOS; HOW TO WRITE AND SELL THEM  Ball, Eustace Hale, New York: Hearst’s International Library, 1915

HOW TO WRITE PHOTOPLAYS
Carl Charlton, PhiladelphiaRoyal Publishing Company, 1916 

HINTS ON PHOTOPLAY WRITING,
Leslie T. Peacocke, Chicago: Photoplay publishing company, 1916
SCREENCRAFT
Louis Reeves Harrison, New York city: Chalmers, 1916

THE ART OF PHOTOPLAY MAKING
Victor Oscar Freeburg, Boston: Macmillan, 1918

PHOTOPLAY WRITING SIMPLIFIED AND EXPLAINED
Frederick Palmer, Los Angeles: Palmer Photoplay Corporation, 1919

THE PHOTOPLAY SYNOPSIS
Ardon Van Buren Powell, Springfield, Massachusetts: The Home Correspondence School, 1919

THE IRVING SYSTEM : A NEW EASY METHOD OF STORY AND PHOTOPLAY WRITING
James Irving, Auburn, N.Y. : Authors’ Press, 1919

ANOS 20

HOW TO WRITE PHOTOPLAYS,
John Emerson and Anita Loos, New York: McCann, 1920

CINEMA CRAFTSMANSHIP. A BOOK FOR PHOTOPLAYWRIGHTS,
Frances Taylor Patterson, New York: Harcourt, Brace and Howe, 1920

SCENARIO WRITING TODAY,
Grace Lytton, Boston, New York: Houghton Mifflin, 1921

FEATURE PHOTOPLAY
Henry Alber Phillips Springfield, Massachusetts: The Home Correspondence School, 1921

MODERN PHOTOPLAY WRITING,
Howard T. Dimick, Franklin, O., J. K. Reeve, 1922

PHOTOPLAY PLOT ENCYCLOPEDIA,
Frederick Palmer, Los Angeles: Palmer Photoplay Corporatio, 1922

PHOTOPLAY SCENARIO WRITING,
Frederick Palmer,  Los Angeles:  Palmer Institute of Authorship, 1922

HOW I DID IT,
Herbert Hartwell Van Loan, Los Angeles: The Whittingham press, 1922

PHOTOPLAY WRITING,
William Lord Wright,  New York: Institute of Photography. 1922

TECHNIQUE OF THE PHOTOPLAY,
Frederick Palmer. Los Angeles:  Palmer Institute of Authorship, 1924

THE HOME MOVIE SCENARIO BOOK
Morrie Ryskind, Charles F. Stevens, James Englander, New York: R. Manson, 1927

SCENARIO AND SCREEN
Frances Taylor Patterson. New York: Harcourt Brace and Company, 1928

MOTION PICTURE CONTINUITIES
Frances Taylor Patterson . New York: Columbia University Press, 1929

(Nota: Nas versões disponibilizadas pelo Google a opção de baixar o arquivo pdf é apenas para os EUA, porém é só usar um proxy para fingir que está nos EUA (ex: http://www.usa-proxy.org/) e baixar normalmente)

CURIOSIDADES

Em 1911 Stoddard provavelmente inventou o “script doctoring”. Na última página oferece seus serviços. Por 1 dólar :

Stoddard também já demonstra a importância dos espaços em branco, e orienta a escrever com no mínimo espaço duplo entre linhas e também redigir uma descrição dos personagens e uma breve sinopse:

Hoagland dá as mesma instruções que Stoddard sugerindo a existência de um padrão já em 1912:

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F de Fake – Sobre Pereios e falsários

“This is a promise. For the next hour, everything you hear 
from us is really true and based on solid fact. “
Orson Welles in F for Fake (1973)

“Dei uma de Orson Welles”, afirmou à Folha de São Paulo o ator José de Abreu. O jornalista Alberto Pereira Jr. conclui tratar-se de uma referência a Guerra do Mundos, obra radiofônica escrita e narrada por Welles nos anos 30 que levou pânico a incautos ouvintes. Não tenha tanta certeza, pois a história narrada pela Folha para tentar contextualizar a declaração de bissexualidade do ator sexagenário nas redes sociais é tão falsa como a biografia de Howard Hughes escrita por Clifford Irving.

A verdade é que por meses José de Abreu serviu de avalista para um perfil de twitter que representava ser o ator Paulo Cesar Pereio. O perfil @pereio1 era falso mas enganou muita gente, justamente por emprestar credibilidade de quem conhece o Pereio pessoalmente, como o jornalista Palmério Dória, amigo pessoal de Pereio, e o próprio Zé de Abreu. Mas por que José de Abreu dava suporte ao falsário que acusava sem provas e difamava pessoas aleatórias que ousavam dizer que o perfil era falso ou discordar das opiniões políticas publicadas pelo perfil? Essa é a pergunta que José de Abreu se esquiva de responder, e que obviamente Alberto Pereira Jr. não fez.
O perfil fake de Pereio virou notícia em portais e revistas de celebridades por causa de uma briga pública com o vocalista do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, por conta de diferenças políticas que descambaram numa imatura disputa para ver quem tinha o órgão sexual mais diminuto. Não foi só a imprensa incauta que acreditou que o perfil era verdadeiro, Roger caiu como um pato e não passava um dia sem que os dois trocassem insultos. 
No dia 4 de janeiro o perfil falso de Pereio surgiu com mais uma acusação. Dizia que o professor Francisco, conhecido na rede pelo “monicker” @elcapeto – que ao contrário do que a Folha afirmou não é um perfil falso – era um pedófilo que tinha cumprido pena em Bangu II. José de Abreu endossou a acusação falsa do Pereio falso e nunca se retratou da acusação. Pelo contrário, lançou novas acusações contra o professor, acusando de tentar agarrá-lo a força em uma ocasião – acusações que Francisco nega, apresentando testemunhas que corroboram sua versão. É este o contexto das declarações de José de Abreu sobre sua bissexualidade.
Eu nunca havia dado bola para o fake do Pereio. Qualquer pessoa bem informada (desculpem-me ingênuos) sabia que a pessoa por trás do computador digitando freneticamente aquelas palavras e defendendo cegamente o governo não era o ator Paulo Cesar Pereio. Somente dois tipos de pessoas afirmavam ser mesmo Pereio. Os incautos e os cúmplices. Quando chegaram a mim informações do que o perfil andava fazendo, achei que alguém precisava fazer alguma coisa. O perfil estava sendo usado para difamar outros usuários, acusando pessoas de serem pedófilos condenados e estelionatários.  E como ninguém se dispunha a fazer nada, eu mesmo resolvi acabar com a farsa.
Em 7 de janeiro liguei para o ator Paulo Cesar Pereio que estava curtindo uma temporada em Paraty. Do outro lado da linha o senhor de 72 anos tinha dificuldades em entender sobre o que eu falava: “Qualquer pessoa escreve qualquer coisa na internet e fala que sou eu, não sou eu não”. Pereio, que diz ser tecnofóbico, não conseguia abstrair direito o conceito de redes sociais. Eu já havia contado o que se passava para sua filha Lara, e agora contava para o próprio Pereio o que o seu fake andava aprontando: “Que merda”, exclamou Pereio. “Foi feito pelo Pingo pra campanha, não sei quem tinha o “código” (senha), eu nem tenho esse código.”
Pingo é o irmão de Pereio, o roteirista Jota Pingo, falecido no primeiro dia de dezembro passado. Ele criou a conta, que foi usada para a campanha a vereador do ator pelo PSB, quando recebeu pouco mais de mil  e quatrocentos votos. Segundo Pereio, antes e depois da morte de Pingo, várias pessoas tinham acesso e publicavam no perfil. Era um fake coletivo. Pereio me disse que não sabe quem atualizava o perfil, e nem o teor do que era publicado. 

Quando anunciei a obviedade no Twitter, foi uma comoção. Alguns se sentiram enganados, outros duvidaram. Algumas horas depois uma foto do Pereio segurando os dizeres “Eu não tenho Twitter” começou a circular na rede, e a maioria dos negacionistas se renderam. Não era mesmo o Pereio. @Pereio1 era fake. Hildegard Angel, decepcionada com a revelação (e ainda em dúvida) escreveu a hagiografia do Pereio Fake em seu blog. “Falou o que todo mundo queria e não tinha coragem”, afirma a colunista. Quem seria esse “todo mundo” não fica claro. No meu mundo 
via @mulhertombada

Quem eram as pessoas por trás do fake do Pereio? Perguntem ao Palmério Dória e ao José de Abreu, que emprestavam credibilidade ao falsário: Mandem a pergunta para eles em @palmeriodoria e @zehdeabreu.

Seguem capturas de tela bem interessantes sobre o caso:

 Dois dias antes da confirmação que Pereio1 era mesmo fake, Palmério Dória sustenta a farsa.
Uma hora depois de eu inquirir Palmério sobre o Pereio fake, o Pereio fake me pede para deixar Palmério em paz.

Pereio fake me ataca e se apoia em Palmério Dória.

Pereio fake se gabando do tamanho do membro do…. Palmério.

Nem os 172 de QI ajudaram Roger a ver o óbvio.

Evidência que José de Abreu se comunicava com o fake por mensagem privada.

Zé de Abreu confirma que Pereio1 é mesmo Pereio.

José de Abreu com receio de ser processado.

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CQC falha na tentativa de flagrar um Pedófilo e acaba cometendo um crime

Programa comandado pelo jornalista Marcelo Tas na TV Bandeirantes tenta caçar pedófilos na Internet, mas acaba revelando total desconhecimento sobre o assunto. Utilizando-se do abominado recurso do flagrante preparado, o CQC acusou falsamente um cidadão de ser pedófilo. E nesta tentativa de expor um criminoso, acabou cometendo um crime.
Por Fernando Marés de Souza
Na noite da última segunda, dia 20 de agosto, o programa CQC da Rede Bandeirantes exibiu uma reportagem onde imita o infame “To Catch a Predator” da NBC americana, controverso programa criticado por preparar flagrantes no intuito de expor pedófilos, responsável por um suicídio e processado em 105 milhões de dólares. A matéria do humorístico pseudo-jornalístico comandado por Marcelo Tas pode ser conferida no site da Rede Bandeirantes, ou no vídeo abaixo:

O termo “pedofilia” foi amplamente utilizado na reportagem do CQC, e o cidadão atraído pela armadilha preparada pela repórter Mônica Iozzi foi diversas vezes chamados de “pedófilo”, não só na reportagem como também nas chamadas promocionais e contas dos membros do CQC nas redes sociais. Porém, um pequeno detalhe chama a atenção: a conduta retratada não é a da pedofilia. Pode soar estranho, mas pedofilia não é crime, crime é abuso sexual infantil. Pedofilia é uma doença, uma parafilia bem definida pela Organização Mundial da Saúde, que consiste na atração sexual por crianças, indivíduos pré-púberes. E a personagem criada pelo CQC não era uma criança, e sim uma garota de 14 anos completos. A ONG Safernet esclarece

“Pedofilia é um transtorno da personalidade, mais precisamente uma parafilia. No DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), a classificação dos transtornos mentais feitas pela Associação Americana de Psiquiatria, a Pedofilia é caracterizada quando os indivíduos apresentam os seguintes aspectos: 

Critérios Diagnósticos para F65.4 302.2 – Pedofilia – DSM IV 

A. Ao longo de um período mínimo de 6 meses, fantasias sexualmente excitantes recorrentes e intensas, impulsos sexuais ou comportamentos envolvendo atividade sexual com uma (ou mais de uma) criança pré-púbere (geralmente com 13 anos ou menos)

B. As fantasias, impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 

C. O indivíduo tem no mínimo 16 anos e é pelo menos 5 anos mais velho que a criança ou crianças no Critério A. 

Tampouco o ato de assediar pela internet um indivíduo de 14 anos é crime, conforme o mesmo esclarecimento da ONG Safernet enviado ao Roteiro de Cinema:

“Note-se que só haverá crime se a vítima for criança, ou seja: qualquer ser humano entre zero e 12 anos incompletos.  No caso da reportagem do CQC, a atriz que fez o papel da suposta vítima dizia ter 14 anos, o que, de acordo com a lei brasileira, não haverá crime desde que o contato através da Internet não envolva a produção, troca, filmagem, fotografia de cenas pornográficas ou de sexo explícito.”

Chamada da matéria no site da Bandeirantes.
Uso equivocado do tema pedofilia para alavancar audiência.
Este é primeiro grande equívoco da reportagem. A atração sexual por uma garota de 14 anos não é pedofilia. Este fenômeno é conhecido como Efebofilia e não é classificada como parafilia pelos organismos médicos. Mas o segundo equívoco é ainda mais grave. A reportagem afirma que o fato do cidadão ter marcado um encontro com um garota de 14 anos é crime. Todo o flagrante da reportagem é baseado na falsa premissa de que um adulto fazer sexo consensual com um garota de 14 anos seria um crime. Não é. De acordo com o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente do Paraná, a presunção de violência   é aplicada apenas para menores de 14 anos. Ou seja: sexo consensual com indivíduos com 14 anos completos – a idade da personagem criada pelo programa – não é crime tipificado pelo Código Penal:
“Estupro de Vulnerável: Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.”

Pedobear como novo integrante do CQC.
Montagem por Thiago Fernandes (@xthiii)
A realidade então é que o “pedófilo” flagrado pela reportagem não é um pedófilo e nem estava cometendo crime algum. E ao acusar um cidadão publicamente e em rede nacional de estar cometendo um crime inexistente, os responsáveis pela reportagem do CQC é que cometem crime de Calúnia, além de crimes de Injúria e de Difamação ao tratá-lo como “pedófilo”, chegando ao absurdo de incitarem violência contra ele. Ao tentar flagrar um criminoso, desinformados e apenas interessados na audiência que o sensacionalismo proporciona, quem cometeu um crime foram os responsáveis pela produção e exibição da matéria. E numa análise mais abrangente, todos que publicamente endossaram as acusações da emissora. O desrespeito aos direitos fundamentais do cidadão pela emissora podem incorrer também no descumprimento da Constituição Federal em seu artigo 221, o que – somado aos outros diversos exemplos documentados de desvios éticos da emissora – poderia acarretar no cancelamento ou na não-renovação da concessão do serviço público de radiodifusão da TV Bandeirantes.
A TV Bandeirantes tem um dos piores currículos em matéria de conduta antiética entre as emissoras brasileiras. Na Bahia o Ministério Público propôs ação requerendo que “a emissora deixe de exibir, em seus programas jornalísticos, entrevistas e imagens que atentam contra a dignidade humana”. Foi da Band Bahia que saiu o infame caso da repórter Mirella Cunha, que debochou de um preso em rede nacional.
Band diz que Mirella  feriu o código de ética do jornalismo da emissora.
Mas existe mesmo esse tal código? A Band silencia sobre o assunto.
A indignação nas redes sociais contra o comportamento da repórter Mirella Cunha gerou uma inédita reação do departamento de Jornalismo da Band comandado por Fernando Mitre. Em nota, a Bandeirantes afirmou que iria “tomar todas as medidas disciplinares necessárias” e que a “postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora”. Porém, a própria nota demonstra a falta de ética da emissora. Ao contrário do que afirma a nota, a Band não possui um Código de Ética próprio para ser ferido. Diversos profissionais que trabalham ou trabalharam na Band afirmaram desconhecer tal documento, incluindo o repórter do CQC Mau Meirelles. Desde o dia 23 de Maio, ou seja há três meses, cobro da Assessoria da Band um esclarecimento sobre o tal “Código de Ética do jornalismo da emissora” mencionado na nota, porém, nunca responderam uma simples pergunta: existe mesmo um código de ética da Band? Também nunca esclareceram se o CQC, que afirma praticar jornalismo em uma campanha para justificar a autorização de gravar dentro do Senado Federal, está obrigado a cumprir este ou qualquer outro Código de Ética jornalística. 
Independente dos erros factuais e do caráter calunioso e difamador da matéria do CQC sobre a suposta pedofilia, outra questão alarmante é a do uso do Flagrante Preparado na reportagem, recurso abominado pelo processo penal brasileiro e pela ética jornalística em geral, sobre o qual já discuti em um artigo relatando esta prática pelo Jornal Hoje. Prepara-se um cenário irreal para induzir alguém a cometer um crime somente para pegar a pessoa em flagrante, na tentativa de criar um crime onde não haveria. Um crime impossível. Nem a polícia pode usar este tipo de artifício, quanto mais a imprensa.
Apresentador do CQC chama cidadão de “FDP PEDÓFILO” e diz que
para matéria ter ficado perfeita só faltou ele levar uma surra.
Algumas pessoas comentaram que apesar do sensacionalismo, dos erros factuais e da desonestidade jornalística, o saldo da matéria seria positivo, pois alertaria os pais para o riscos a que seus filhos estão expostos na internet, e que inibiria pedófilos por medo de serem flagrados. Acredito que a conclusão não poderia estar mais longe da verdade. A reportagem apenas desinforma e promove paranoia com internet. Os dados sobre abuso sexual mostram que abusadores são normalmente pessoas conhecidas da família, muito frequentemente parentes das vítimas, então o risco maior não está na internet. Poderia dizer que é mais arriscado mandar sua filha comprar alguma coisa em uma mercearia do que deixar a solta numa sala de bate papo. Os riscos na internet existem, obviamente, mas não são os retratados na reportagem. Crianças e adolescentes não convidam gordinhos da internet para tirarem sua virgindade. Se quiserem se iniciar sexualmente por vontade própria, o farão com um vizinho, um conhecido, não com um estranho. O maior risco, pela natureza da web, não é o aliciamento para sexo, e sim o de ser vitima de pornografia infantil. Porém, existem sim círculos que aliciam menores na internet, em grande parte jovens homossexuais reprimidos pela família, que vêem na rede a única maneira de encontrar um parceiro, uma voz que lhe entenda, e com a confiança conquistada, viram presas para exploradores sexuais. E esses exploradores, sinto informar, não se intimidam com reportagens do CQC. São aliciadores profissionais a serviço do crime organizado que suprem o mercado de prostituição e pornografia infantil no Brasil e no exterior.
Há ainda uma tese muito popular nas redes sociais de que essa matéria do CQC não passaria de uma grande encenação, e que o cidadão acusado falsamente de ser pedófilo seria um ator contratado. O fato do programa não ter reportado o caso para a polícia (praxe em reportagens que supostamente envolvem prática de crime) é um indício  forte de que isso pode ser verdade. Mas não há como confirmar este fato. A esta altura não sei o que seria pior: o CQC ter armado uma farsa para ludibriar o seu público em busca de audiência, ou, na mesma busca pela audiência, ter cometido crimes contra um cidadão inocente.
Procurada pelo Roteiro de Cinema a TV Bandeirantes, como de costume, não comentou o caso.
UPDATE 24/08/14h00: Alguns leitores contestam a tese de que tenha havido crime de Calúnia, por não ter sido citada nenhuma conduta tipificada como crime, mas confirmam a tese de que claramente ocorreram os crimes de Difamação e Injúria por parte dos responsáveis pela reportagem. Porém, eu sustento ainda a tese que além dos crimes claros de Injúria e Difamação, incorreram também no crime de Calúnia, pois Marcelo Tas diz claramente que atraíram “um desses caras” que “ficam procurando” e “atraindo crianças e pré-adolescentes”, o que é crime de acordo com o 241-D da Lei 11.829/08. Em todo caso, esse debate é somente para definir se foram cometidos um, dois ou três crimes durante a reportagem. O de Injúria é praticamente irrefutável. Mais detalhes nos comentários.

UPDATE 24/08/16h30: Ao invés de corrigir os erros e se retratar, a Band resolveu justificar a reportagem equivocada em uma matéria em seu site. O lead da matéria de Gabriella Marini é: “Promotor afirma que a reportagem do CQC sobre pedófilos ajuda a aumentar as discussões sobre órgãos de controle na internet”, citando o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua. Liguei para o promotor ele nega ter feito qualquer juízo de valor sobre a matéria ou ter dito que ela “ajuda em algo”. Diz que só esclareceu dúvidas técnicas para a repórter.

UPDATE 26/08/16h30: Na reprise do CQC, exibida na madrugada de hoje, a Band cortou (de maneira brusca e tosca) os três segmentos da reportagem e as referências a ela feitas pelos apresentadores da bancada. É um bom sinal, mas não o suficiente para corrigir o erro.

====
PS: Ao confrontar a repórter Mônica Iozzi com as informações que transcrevo aqui, ela, ao invés de me responder, me bloqueou no Twitter. Então ficaria muito feliz se vocês enviassem este artigo para ela: @Srta_Iozzi
Mandem o artigo e cobrem resposta do Marcelo Tas também: @marcelotas

Mandem o artigo e cobrem respostas também de quem patrocina o programa:
@PepsiBr @ClaroRonaldo @Trident_Brasil @KaiserBrasil

A íntegra da mensagem da ONG Safernet sobre o programa pode ser lida aqui:
Uma crítica do jornalista Mauricio Stycer sobre o uso do recurso do Flagrante Preparado na reportagem pode ser lida aqui.
Texto antigo da amiga advogada Aline que mostra que o CQC é reincidente em retratar equivocadamente a pedofilia pode ser lido aqui.

Denunciem casos de abuso, violência ou exploração infantil pelo disque 100.

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Da utilização da Imprensa nos interesses da Organização Criminosa

Publicado em todos os jornais, com comentários facetos, 
não havia quem não fizesse uma pilhéria sobre ele.
Triste Fim de Policarpo, Lima Barreto, Agosto de 1911 
Em Agosto de 2011 o Roteiro de Cinema denunciou publicamente que as imagens de figuras da República andando pelo corredor do Hotel Naoum em Brasília, publicadas na Revista Veja, eram “fruto de atividade ilegal”. A denúncia foi feita na época diretamente ao Senador Álvaro Dias, hoje titular da CPMI criada para investigar a Organização Criminosa de Carlinhos Cachoeira, porém o Senador respondeu ao Roteiro de Cinema: “Sinceramente. Não vejo nenhuma ilegalidade”. E emendou: “Entre conspirar, traficar influência, e roubar, fico com as fotos nos corredores do Hotel”. O Roteiro de Cinema fez questão de registrar a denúncia e a resposta do Senador e publicou: “Álvaro Dias vê só detalhes saborosos em indícios de crime de imprensa.”

Oito meses depois, com a leitura do inquérito da Operação Monte Carlo, que corre em Segredo de Justiça mas não é secreto, pode-se concluir que Carlinhos CACHOEIRA, diretamente ou através DADÁ e JAIRO, usava jornais e revistas para promoção de suas atividades econômicas ilegais, e principalmente como instrumento de ajuda a aliados, punição de desafetos, tráfico de influência, chantagem e recrutamento de agentes públicos corruptos. E o que o Roteiro de Cinema já dizia há oito meses para o Senador, agora é comprovado sem sombras de dúvida: “as fotos nos corredores do Hotel” são “fruto de atividade ilegal”. E Álvaro Dias foi alertado (e grampeado) outra vez pelo Roteiro de Cinema.

Além de vários outros casos de uso da imprensa e da Veja nos interesses da Organização Criminosa, os documentos da Operação Monte Carlo mostram POLICARPO JÚNIOR, Editor da Veja em Brasília, encomendando ao grupo criminoso uma fita obtida de maneira ilegal dentro do Hotel Naoum por JAIRO (as fotos nos corredores de Hotel que Álvaro Dias antecipava e não via nenhuma ilegalidade) enquanto o contraventor Carlinhos CACHOEIRA e seu sócio Senador DEMÓSTENES conspiram para “por fogo na República” através da imprensa e desestabilizar o governo DILMA ao interesse de seus próprios negócios escusos.

Segue então a narrativa do inquérito da Operação Monte Carlo sobre as relações da Imprensa com o mafioso Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha. O Senador Álvaro Dias não pode mais dizer que não vê nenhuma ilegalidade.

Artigo postado em  01/05/2012 às 07:59:40
Atualizado em 03/05/2012 às 00:01:33

Total na última atualização: 91 excertos de documentos

DA UTILIZAÇÃO DA IMPRENSA NOS INTERESSES
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DE CACHOEIRA

                   1. A matéria dos Bingos Online no Correiro Brasiliense
                   2. Os outros veículos e a quadrilha que se encontra no Clube da Imprensa
                   3. As relações da quadrilha de Cachoeira com Policarpo e a Veja

Todos os excertos são de documentos da OPERAÇÃO MONTE CARLO.

========  INTRODUÇÃO  ========

(…)

“Cachoeira possui influência direta ou indireta na imprensa,
não só em seu Estado, mas também em
mídias de âmbito nacional, como a REVISTA VEJA
e o JORNAL CORREIO BRASILIENSE.”

========  

1
========  
A MATÉRIA DOS BINGOS ONLINE
NO CORREIO BRASILIENSE

========  

“Ou seja, é muito comum a ORGCRIM 
contatar jornalistas para auxiliá-los 
através de reportagens, em tese, direcionadas.” 
========  


2

========  
OS OUTROS VEÍCULOS E A QUADRILHA
QUE SE ENCONTRA NO CLUBE DA IMPRENSA

========  

(…)
(…)

(…)
(…)
(…)
(…)
(…)

“marcam de se encontrar no Restaurante
localizado no CLUBE DA IMPRENSA”

========

3

 ========  
AS RELAÇÕES DA QUADRILHA DE CACHOEIRA 
COM POLICARPO E A REVISTA VEJA  
========  

=======  2009  =======  
C = CACHOEIRA / D = DEMÓSTENES / Chico = DADÁ / Poli = POLICARPO


=======  MARÇO / ABRIL 2011  =======  


=======  MAIO 2011  =======  
=======  JUNHO 2011  =======  
=======  JULHO 2011  =======  
=======  AGOSTO 2011  =======  

=======   2012  =======  

 
 ========  FIM. OU APENAS O COMEÇO.  ======== 

Documentos encontrados nos arquivos publicados por @aleidoshomens e @brasil247 que o Roteiro de Cinema teve acesso sem exclusividade.

MAIS:

Artigo iniciado em 1o. de Maio, Dia Mundial do Trabalho, e finalizado em 3 de Maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Fernando Marés de Souza

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Roteiro de Cinema grampeia o Senador Álvaro Dias, líder do PSDB

TWITTER              NOME DO ALVO
@alvarodias_          ÁLVARO DIAS, LÍDER DO PSDB

INTERLOCUTORES

ÁLVARO x ROTEIRODECINEMA

DATA/HORA INICIAL   DATA/HORA FINAL  DURAÇÃO

26/08/2011 20:59         28/08/2011 17:04           44:05:00

RESUMO

Conduta de ÁLVARO DIAS, líder do PSDB no Senado, durante o episódio em que o contraventor CARLINHOS CACHOEIRA e o senador DEMÓSTENES TORRES conspiraram para “por fogo na República” usando o editor da Revista Veja POLICARPO JÚNIOR e o araponga Sargento PMDF JAIRO MARTINS DE SOUZA, vulgo ÍNDIO, “personal araponga” de GILMAR MENDES, para atacar o dirigente petista JOSÉ DIRCEU e rachar o PT ao meio visando desestabilizar o Governo DILMA ROUSSEFF:

26 de agosto de 2011 -20:59

https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107240751431294976

26 de agosto de 2011 – 21:06

https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107242624053821440

27 de agosto de 2011 – 17:52

https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107556165050843136

27 de agosto de 2011 –  23:43

https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107644449202515968

[A nota no blog do Senador linkada por este tuíte antecipava a matéria da Revista Veja com imagens do Hotel Naoum, classificando como “detalhes saborosos” o que segundo a Polícia Federal foram imagens obtidas ilegalmente pelo Sargento Jairo, “personal araponga” do Ministro Gilmar Mendes, e passada ao editor da Veja Policarpo Junior por intermédio de Carlinhos Cachoeira, com a intenção de rachar o PT entre setores pró-Palocci e pró-Dirceu, e dar munição para Demóstenes (mas também Álvaro) atacarem de paladinos da moralidade contra o “Governo Paralelo” do Hotel Naoum:] 

http://topsy.com/www.alvarodias.blog.br/2011/08/o-governo-paralelo-de-ze-dirceu/

28 de agosto de 2011 – 00:09

[Seis horas depois de publicar a nota antecipando a matéria da Revista Portuguesa Visão, “prima da Veja”, a nota já se encontrava deletada no blog do Senador.]

https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107650998859870208

28 de agosto de 2011 – 00:27

https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107655420008607744


28 de agosto de 2011 – 17:04
https://twitter.com/#!/alvarodias_/status/107906495810768897
ENCERRADA
===//==
Hoje também a nota que antecipa a arapongagem da Revista Veja se encontra deletada no blog do Senador. Continuo perguntando ao Senador Álvaro Dias: o senhor não vê nenhum indício de ilegalidade – nos “detalhes saborosos” – nas imagens obtidas por Policarpo Júnior que ilustram a matéria da Revista Veja que o senhor antecipou? Mesmo depois que os “detalhes saborosos” de como foram obtidas se tornaram públicas?
===== OS DETALHES SABOROSOS =====
De como os “detalhes saborosos” foram obtidos.

Update: Todos os “detalhes saborosos” que envolvem Veja e a Quadrilha de Cachoeira.

Excertos do Inquérito contra Carlinhos Cachoeira que corre (lulz) em Segredo de Justiça:

RESUMO 02/08/2011-15/08/2011: CACHOEIRA diz para DEMÓSTENES que POLICARPO, Editor da Veja, está “para estourar aí” e que o JAIRO arrumou pra ele uma fita com imagens obtidas ilegalmente no Hotel Naoum que mostram o dirigente petista JOSÉ DIRCEU encontrando autoridades durante os dias da queda de do ministro ANTÔNIO PALOCCI, e combinando que dali duas semanas, eles (Policarpo, Demóstenes e Cachoeira) colocariam “fogo na República”, porque teriam “as cenas” dos “nego procurando Dirceu no Hotel” o que “racharia o PT”. Uma “bomba dentro do partido”. 


[Não é preciso lembrar que a reportagem foi um fiasco e deve ter contribuído muito para a saída de Mario Sabino da editoria da Revista Veja.]


Ontem o Blog do Senador Álvaro Dias noticiava o seguinte: “Fascismo explícito!”




E a Veja noticiava: “Discurso anti-imprensa ‘perde força’, diz Alvaro Dias”

Porém, segundo o inquérito vazado, um “suposto conluio entre a imprensa e a quadrilha” não é só “uma invenção”. Pelo contrário. “Conluio” (no sentido de maquinação ou conspiração para prejudicar outrem, combinação, arranjo) entre o Editor da Veja e a quadrilha de Cachoeira me parece ser uma conclusão do inquérito da Polícia Federal:

RESUMO:
CACHOEIRA utiliza de seu contato com POLICARPO e reportagens da Revista VEJA em favor de seus interesses políticos e negócios escusos:

Quem demanda a convocação do editor da Revista Veja em Brasília POLICARPO JÚNIOR e do Sargento PMDF JAIRO MARTINS DE SOUZA – “representantes do melhor jornalismo investigativo” – para depor na CPI que investiga Carlinhos Cachoeira são os fatos apresentados pelo inquérito. É a Sociedade brasileira e o interesse público.

Não são “o PT e setores a eles aliados” os interessados na investigação da relação de Cachoeira com a imprensa como sustenta o Senador Álvaro Dias. Eu, interessado, não sou nem um nem outro, e eles, o PT e seus aliados, que deveriam pedir formalmente a convocação de Policarpo e Jairo, até agora não o fizeram, pois pode ser – e o que apresento a seguir é só uma ilação corroborada por encontros fortuitos – que Dilma e o PT estejam sofrendo pressão e ameaças de retaliação do conluio de outra organização criminosa. A Máfia dos barões da imprensa.

Investigar a imprensa e sua relação com criminosos não é “afronta à liberdade de expressão”, é um direito a informação. É um dever investigar, mesmo que os resultados botem “fogo na República”, ao revelar o “Governo Paralelo” de Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha de criminosos com tentáculos nos quatro poderes.

Quem leu o inquérito (ou ao menos parte dele) vislumbrou a extensão dos tentáculos de Cachoeira. E quem leu mesmo o inquérito sabe quem é o personagem Álvaro Dias dentro dele e sua participação na história. Um aliado pronto para encampar as denúncias de Cachoeira plantadas na Veja, mas que não poderia ir longe demais nas investidas e investigações. Um Senador manipulado por Cachoeira através de uma revista sem que o Senador sequer soubesse disso. Agora sabe.

Fernando Marés de Souza

Artigo original do Roteiro de Cinema sobre o caso, datado de 29 de Agosto de 2011.
Update: Todos os documentos que envolvem Veja e a Quadrilha de Cachoeira.
 

Enquanto isso, no Twitter do Senador Álvaro Dias:

28 de Abril de 2012 – 21:11

Talvez não. Mas agora o senhor é o grampeadinho. Rsrs
* Grampinho foi o apelido que deram ao ACM Neto.

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A Lição do Doutor Gravataí Merengue

Uma nota introdutória: eu não desejava publicar este artigo. Um blogueiro escreveu um artigo sobre mim. Pedi ao autor que apenas removesse o texto para que eu não precisasse escrever uma réplica. Ele acha que não deve, pois o artigo “repararia a verdade”; e não quer, pois não é obrigado a isso. Então, sou obrigado a responder e mostrar a minha versão dos fatos.
Segunda nota, de 13/06/2012: Eu havia apagado este artigo por solicitação de uma pessoa. Mas como esta mesma pessoa continua disseminando informações falsas sobre os fatos aqui narrados e afirma nem ter lido este artigo, fui obrigado a publicá-lo novamente.

 “Mano, o que EU fiz de errado?” – Gravataí Merengue 

Gravataí Merengue, alcunha do advogado Fernando, o @Gravz no twitter, escreveu um artigo em seu blog intitulado “MAIS CAGADA DO TJT (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO TUÍTER)” em que tenta usar o meu nome e a minha honra objetiva para tentar passar uma lição para toda a internet. No artigo, o Doutor Gravataí sugere que EU tenha feito uma “cagada”, pois EU teria acionado um tal de Tribunal de Justiça do Tuíter para realizar um pré-julgamento, e proferir uma sentença antecipada nas redes sociais, sobre coisas que só podem ser determinadas no âmbito do judiciário, como a definição da culpa de alguém em um crime.

Isso porque noticiei que alguns blogueiros “machos” (ligados a blogs para homens ou humor politicamente incorreto), haviam promovido no passado, ou seja, dado um RT, indicado o blog, ou aceitado dicas de conteúdo – inadvertidamente ou não, não fiz juízo sobre isso – um blog usado por uma rede de misóginos criminosos que disseminava e ainda dissemina o discurso de ódio contra mulheres e homossexuais, faz apologia à violência e pratica ameaças e assédio moral. Sempre providenciando links para as mensagens originais destes blogueiros, onde o leitor poderia conferir por si mesmo a informação. Todas as informações que passei são verdadeiras e de interesse público.

Fui interpelado por um dos blogueiros que citei, num tom de ameaça, e perguntei se o que eu havia escrito era mentira. Ao invés de receber uma resposta, FUI FALSAMENTE ACUSADO DE COMETER UM CRIME. Uma acusação que pode ter sido feita de boa-fé, por impulso, por dificuldade na interpretação de texto num momento de confusão gerado pelo estado de raiva contra alguém que desencavou uma informação pública antiga sua, que – apesar de ser constrangedora – não imputava crime algum.

O blogueiro fez a denúncia grave, pela primeira vez, ao Doutor Gravataí, que supostamente entende as leis e conhece os limites da liberdade de expressão:

https://twitter.com/#!/gravz/status/182995376293425153
Um minuto depois, refutei a acusação que obviamente era falsa:
Mas aparentemente o Doutor Gravataí não se deu ao trabalho de ir checar se a grave acusação contra mim procedia, e não confiou na minha palavra, pois mesmo não sendo verdadeira a informação, tentou me intimidar publicamente no minuto seguinte:
Eu não estava acusando ninguém de nada. Quem estava sendo acusado era eu. E não me intimido com ameaças de processo, nunca me intimidei e nem nunca vou me intimidar.
 
Mesmo sem saber se era verdade, sem ler o que eu escrevi, sem nenhum indício de que a acusação era verdadeira, sabendo que refutei imediatamente a acusação, apenas baseado na palavra de seu amigo, quatro minutos depois da acusação falsa ter sido criada, o professor Doutor Gravataí ENDOSSA publicamente a acusação:
https://twitter.com/#!/gravz/status/182996439465594880

Eu não imputei cumplicidade a ninguém, pois só faria isso se fosse verdade e pudesse provar. E agora que o advogado Doutor Gravataí endossou a acusação falsa, todos os amigos dos blogueiros citados se sentiram livres pra me acusar também. Alguns, na verdade muitos, no direito de tentar reparar na forma de xingamentos e hostilização, uma suposta injustiça que EU estaria cometendo.

Entre dar RT (retweet), ou seja, promover, mover pra frente a informação, e ser cúmplice há mesmo uma diferença muito grande. E eu só disse que deram RT. Também achei bem desnecessário e errado tudo isso. Eu nunca fiz nenhum juízo de valor em cima da informação que repassei. E a informação era pública, factual e correta. E não sou responsável por interpretações incorretas das informações que publico. E se alguém associou os blogueiros “machos” com os psicopatas presos, foram eles mesmos, numa versão fantasiosa do que eu havia escrito, criada por eles, não por mim. Eu nunca falei que os criminosos a quem me referia eram os presos pela PF em Curitiba.

Quem deu maior publicidade ao caso foram os próprios blogueiros e seus amigos, que ao invés de irem ler o que escrevi, espalharam para seus milhares de seguidores que havia alguém acusando eles de serem cúmplices de psicopatas presos recentemente. E a história ia acabar até em processo judicial.
O que seus amigos e – supõe-se – clientes falaram também deveria ter sido preocupação do Doutor Gravataí desde o princípio, pois a parte judicial pode ser tanto de acusação quanto defesa. O interesse público das informações que divulguei se justificam nas notas de pedidos de desculpa e condenações públicas de misoginia em pelo menos metade dos blogs “machos” que citei, então minhas motivações eram óbvias: informar meu público, princialmente uma grande parcela formada por feministas.


A Carol leu o que eu escrevi, o Bobagento não, mas mesmo assim endossa acusação falsa promovida pelo Doutor Gravataí Merengue.

Expliquei “toda situação para os caras e eles ignoraram”. Quando afirmei  que era o Doutor Gravataí e seus amigos que me deviam uma retratação, por terem me acusado de dizer que os blogueiros eram cúmplices, o Doutor Gravataí nega as acusações que fez. E manda EU ler o que ele escreveu, numa ironia que permeia toda esta história, ainda mais quando confrontada ao artigo do Doutor Gravataí sobre mim, que eu recomendo a leitura e trago na íntegra ao final deste texto.
Não fiz acusações infundadas e comprovo tudo que escrevi. Em juízo se for preciso. Precisamente, não fiz acusação nenhuma, apenas informei. As informações eram públicas e de interesse público e, repito, nunca fiz nenhum juízo de valor em cima das informações que publiquei, apesar de algumas ilações serem bem óbvias:

Eu não tenho medo de processo na justiça, não é a primeira e tomara que não seja a última vez que tentam me intimidar dizendo que vão me processar. É um direito da pessoa querer me processar, mas eu não dou margem para que isso acabe se realizando, pois sempre procuro respeitar o direito alheio e ando dentro da lei. Eu tenho medo é de um outro processo, dentro da minha consciência, que é acionado quando me questiono se estou sendo justo ou não. E contra esse processo não há advogado bom que resolva, então procuro não cometer injustiças.


Ao dizer o que se espera de qualquer pessoa de boa-fé, que se tivesse sido injusto eu seria o primeiro interessado em querer reparar a injustiça, muitos viram nisso um sinal de que a campanha de intimidação do Doutor Gravataí havia funcionado. Acredito que inclusive ele, pois depois de endossar uma grave acusação contra mim e deixar transparecer que seria o advogado do caso, o Doutor acordou no dia seguinte e ao invés de me notificar formalmente para que eu soubesse porque deveria me retratar, resolveu publicar um “artigo de reflexão” sobre o caso, onde esquece a acusação de “cumplicidade”, afinal, quando foi ver o que eu tinha escrito não havia nada explícito ou sugerido sobre isso em meu texto, e mudou a acusação, dizendo que minha conduta foi de “gravidade extrema” ao acusar os blogueiros de “promover os criminosos”, criando outra acusação falsa. 
 
Eu nunca escrevi que os blogueiros promoviam criminosos, escrevi que promoviam um blog de criminosos. Há diferença e ela poderia até ser importante. Mas mesmo se tivesse dito que “promoviam os criminosos”, isso não é uma conduta nem um pouco grave, pois promover criminosos não é necessariamente crime, ainda mais sem juízo de valor em cima, pois os blogueiros podem ter feito isso inadvertidamente. Sem sombra de dúvidas não há nenhuma atribuição criminosa nos tuítes que escrevi sobre os blogueiros machos e os criminosos por trás de SilvioKoerich.
Se alguém instaurou um Tribunal de Justiça no Tuíter foi o Doutor Gravataí, não eu. Quem pré-julgou e proferiu sentenças no Tuíter foi ele, não eu. Quem fez “cagada” foi o Doutor Gravataí, não fui eu. Eu repito mais uma vez: eu nunca acusei ninguém de nada. Mas como no artigo do Doutor Gravataí os únicos screenshots são os meus, e as únicas “acusações” que aparecem são minhas, o Doutor Gravataí está sugerindo que eu sou um caluniador.
Um dos blogueiros citados veio me interpelar no Twitter dizendo que eu não tinha me retratado das calúnias que eu havia proferido contra ele. Quando eu respondi que nunca o havia caluniado, e que ele – com mais motivos agora depois de ter me chamado de caluniador – é que deveria se retratar pelas acusações falsas que fez contra mim, ele pediu ajuda ao Doutor Gravataí, que escreveu, publicamente com cópia para mim: “Você não tem que se retratar de nada, ele sim. Resolvam no Judiciário. Lá todos terão o direito de se explicar.” 
Doutor Gravataí mandou pessoas que fizeram acusações muito graves contra mim, e contra as quais nunca fiz acusação nenhuma, resolverem tudo no Judiciário. Por sorte, o blogueiro teve a maturidade de me procurar diretamente longe da platéia e dos conselhos do Doutor Gravataí. Como acredito que não houve ma-fé por parte do blogueiro, ele foi vítima da história que seus próprios amigos inventaram e que o Doutor Gravataí endossou com sua autoridade de advogado, me solidarizei com seu sofrimento, que também era meu, e resolvemos nossos problemas com o diálogo.
O blogueiro esclareceu que tudo não passava de um mal entendido, pediu desculpas públicas a minha pessoa, retirou tudo de negativo que disse sobre mim, e eu apaguei os tuítes – apesar de sustentar tudo o que escrevi ali – num sinal de boa-fé. E seguiríamos a vida. E como nós dois estávamos sofrendo por dois dias com hostilidades por causa da repercussão de acusações mentirosas – nenhuma delas criadas por mim, mas uma delas atribuída a mim – decidimos que a prioridade era encerrar a história e o ambiente de hostilidade. 
Eu até abriria mão de reparar a verdade, a minha versão dos fatos, para não aumentar a polêmica e gerar mais negatividade, afinal, quem acompanhou a discussão no Tuíter e é inteligente o suficiente para procurar as fontes das informações antes de acreditar em qualquer coisa, sabia que eu estava com a razão. E tuíte é mídia passageira. Mas uma das coisas que pedi foi para que ele me ajudasse a retirar o tal artigo do Gravataí sobre mim, pois se eu o refutasse – e ele não poderia ficar no ar para a eternidade da internet sem que fosse refutado – colocaria muito mais lenha na fogueira que o blogueiro pedia que eu ajudasse a apagar. Quando publiquei uma nota, reafirmando que as acusações imputadas a mim não eram verdadeiras. Doutor Gravataí me interpelou:
Ao invés de deletar e proteger o interesse de seus amigos – e os seus próprios interesses também – a arrogância cega do Doutor Gravataí falou mais alto e ele resolveu se exibir um pouco mais:

O Doutor Gravataí deveria ter aprendido que processo é civilizador – mas apenas o devido processo legal – ainda na Escola de Direito. E lembrar que não foi ele que processou o blogueiro e ganhou. Foi o blogueiro que processou ele e perdeu. Eu não estudei na Escola de Direito, mas tem certas coisas que todos nós sabemos, como: todos são inocentes até que se prove o contrário e não acuse ninguém – especialmente de crime – se você não estiver convicto disso e possa provar; qualidades inerentes de qualquer senso básico de justiça. Reclama o Doutor Gravataí em seu artigo contra mim:
Nem todo mundo deve saber ou lembrar, mas eu mesmo já fui ~vítima~ da turminha da pesada que arma várias confusões nas sentenças e acórdãos do TJT. Há alguns anos, fui processado por um blogueiro que já chegou a trabalhar em jornal grande. Durante TODO o tempo (e foram anos!) entre aviso do processo e decisão definitiva, fui chamado de DIFAMADOR, entre outras coisas. Até gente da ~grande mídia~ endossou as acusações originais. Resultado: ganhei o processo, TODOS os recursos de quem me processou foram negados. Processo arquivado. O que farei? Não sei. Dá preguiça sair processando todo mundo, mas pegar um ou dois casos mais sérios como exemplo me parece o adequado e também algo muito justo.

De minha parte, sem preguiça, eu dei andamento às devidas providências legais para que a verdade seja reparada e minha honra objetiva não saia prejudicada. Não vou intimidar ninguém com ameaça de processo, eu não opero assim, nem em notificação extra-judicial, nem em diretas no Tuíter, muito menos em indiretas em meu blog. Eu apenas pedi ao consultor jurídico do Roteiro de Cinema que localizasse o Doutor Gravataí Merengue e o notificasse formalmente, dizendo que se ele não se retratar de todas as acusações falsas que fez contra mim, eu vou passar a me referir a ele publicamente como DIFAMADOR. Pois enquanto ele não se retratar cabalmente, ele de fato o é. Me parece adequado e também algo muito justo. Ele que tome as providências que julgar adequadas se isso o incomodar.

Agora pouco o Doutor foi notificado formalmente em Fortaleza, onde se encontra para uma aparição pública anunciada, ironicamente uma palestra intitulada: “Quem trolla os trolladores?”, e meu advogado deu sinal verde para eu publicar este artigo.

Como disse ao Doutor, não tenho medo da barba dele e sustento tudo o que escrevi. Resta saber se o Doutor Gravataí sustenta tudo o que escreveu sobre mim. A lição que o Doutor Gravataí tenta passar em seu artigo, eu já aprendi faz tempo. Mas parece que o Doutor Gravataí ainda não. E quem quiser retuitar e promover este artigo, pode fazer com tranquilidade, que ninguém estará endossando nada, apenas compartilhando informação.
Abaixo segue o texto de Gravataí Merengue sobre a minha pessoa, na íntegra. Recomendo a leitura para apreciar a simétrica estética da ironia. 

MAIS CAGADA DO TJT (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO TUÍTER)

Falei muito recentemente da grande MERDA cometida contra Daniel, do BBB12. Muita, muita, muita gente o chamou de estuprador, sem nem aquela e… bom, ele foi absolvido. O que a turminha do Tribunal de Justiça do Tuíter aprendeu? Simples: nada.
Nem todo mundo deve saber ou lembrar, mas eu mesmo já fui ~vítima~ da turminha da pesada que arma várias confusões nas sentenças e acórdãos do TJT. Há alguns anos, fui processado por um blogueiro que já chegou a trabalhar em jornal grande.
Durante TODO o tempo (e foram anos!) entre aviso do processo e decisão definitiva, fui chamado de DIFAMADOR, entre outras coisas. Até gente da ~grande mídia~ endossou as acusações originais. Resultado: ganhei o processo, TODOS os recursos de quem me processou foram negados. Processo arquivado.
O que farei? Não sei. Dá preguiça sair processando todo mundo, mas pegar um ou dois casos mais sérios como exemplo me parece o adequado e também algo muito justo. Aguardemos (há tempo para isso) e sigamos.
O “Caso Koerich” e os Dois Presos
Ontem, dois caras foram presos pela PF sob a acusação de disseminar racismo, violência, ódios os mais variados e até mesmo planejar um massacre. Coisa feia, inaceitável, absurda. Nem há o que discutir até aqui.
Mais eis que o TJT entra em ação. O dileto companheiro Fernando Marés, responsável pelo perfil @roteirodecinema, iniciou uma cruzada contra quem teria “promovido” os criminosos.
Dei um toque na boa, falei para pensar no que estava falando, que seria como implorar para receber citações etc. Ele, simpático como sói, respondeu assim: 
Ok, bonito sei que não sou, mas sempre achei que minha barba pudesse ser ao menos charmosa, não um fator de susto. Vivendo e aprendendo. Mas o que diabos ele falou sobre meio mundo? Isso aqui:

[Gravataí então exibe a reprodução dos tweets sobre os 4 blogs que citei, que vou suprimir aqui por ter combinado  de apagá-los com um dos blogueiros que me acusou falsamente (e se retratou). Mas que podem ser conferidos no blog do advogado]

A acusação principal, e que imputa gravidade extrema à conduta dos tuiteiros, consiste no fato (falso) de que promoveriam os criminosos. Acusação tão séria quanto inverídica.
Isso porque os dois que foram presos ontem NÃO SÃO o mesmo “Silvio Koerich” ao qual os ~acusados~ pelo TJT teriam dado RT. Havia, sim, um Silvio Koerich que, sim, tinha um blog de conteúdo misógino. Mas, não, ELE NÃO FOI PRESO NEM ACUSADO DE QUALQUER CRIME.
Os dois rapazes presos SE APROPRIARAM do nome Silvio Koerich e montaram OUTRO blog, como uma espécie de paródia exagerada (e criminosa, como se viu) buscando CONFUNDIR e até mesmo complicar as coisas pro lado do Koerich original.
Essa apropriação se deu por volta do final do ano passado, MUITO DEPOIS dos RTs citados que, POR ÓBVIO, não promoviam (aliás, RT promove, necessariamente?) os “criminosos” (pus as aspas porque, apesar da gravidade das acusações e dos fatos, convém aguardar ao menos o julgamento, não é mesmo?).
Desdobramentos e Imbecilidade da Manada Covarde
Mais ou menos como aconteceu no meu caso (e em tantos outros), surge a galerinha covarde, que se mantém em silêncio o tempo todo, por puro medo e falta de hombridade, mas se excita quando algum desafeto está numa pior.
Teve gente que chegou a pontificar (o tuíter também tem LEGISLADORES, além dos magistrados): “RT é endosso, concordância”. Simples assim. E quis o destino, vejam vocês, que justamente a autora da Lei do RT tenha ela própria retuitado a acusação falsa feita por Marés (não se pode dizer que o mundo é totalmente chato, né?).
Será que, em juízo, manterá a convicção de que um retuíte é endosso ou, nesse caso, convenientemente, deixará de lado a lei por ela própria elaborada? É o caso de aguardar, também.
O resto das bobagens vocês podem acompanhar no próprio tuíter, mas rola de tudo: “cu fechado”, “vão se foder”, “mereceram”, entre tantos desejos de ver os desafetos em maus lençóis judiciais. A falha foi/é miserável – serviu mais para que os ratinhos saíssem para a luz, mostrando quem são e também toda sua covardia. Jajá voltam pro escurinho, com o rabo entre as pernas e REZANDO para não figurarem em eventual processo de reparação de danos morais e calúnia – caso algum dos enquadrados pelo TJT queira levar isso adiante.
Enfim…
Depois do caso Daniel do BBB, supunha-se ao menos um pouco mais de cautela por parte de nossos paladinos; tanto mais aqueles que dizem ter algum conhecimento jurídico. Lembro com muito gosto quando, logo no calor do tal fato do Big Brother, escrevi que não seria estupro, apontei a precipitação e, exatamente por isso, fui xingado por magistrados, legisladores e até mesmo pela turma da doutrina do Sistema Jurídico 2.0.
Vejam só: mal queimaram os HDs por chamarem um inocente de estuprador e agora já precisam novamente atear fogo em novo disco rígido – ou ao menos dizer que se trata do bom e velho ráquer. Ou negar, relativizar, tirar da reta, enfim, aquilo que se vê o tempo todo.
A cagada principal, sem dúvida, é essa mania imbecil de sair acusando ou endossando acusações quando se trata de desafetos. A dica é simples: continuem nessa mediocridade de TORCER pelo insucesso de quem vocês não gostam, mas não cometam a burrice de acusar ou dar suporte a acusações caluniosas. Depois, vossas batatas é que assarão, vossos kissucos soltarão fumaça e assim por diante.
Riram da expressão “meio misógino”, mas devem saber que, assim como não existe isso, não há também “meia calúnia” nem “meio dano moral”. Boa sorte a todos.

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I DID IT FOR THE LUZ

You’ve been trolled! You’ve been trolled! You have probably been told, don’t reply to this guy, he is just getting a rise, out of you! Yes it’s true, you respond and that’s his que, to start trouble on the double while he strokes his manly stubble. You’ve been trolled! You’ve been trolled! You should probably just fold, when the only winning move is not to play!!! And yet you keep on trying, mindlessly replying! You’ve been trolled! You’ve been trolled! Have a nice day!




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Justificativa da republicação do artigo em 13/06/2012:


https://twitter.com/alechumer/status/213092885896241154
https://twitter.com/alechumer/status/213099054467522561

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